sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

A economia social em Lafões cada vez mais com maior importância...

Dezenas de instituições em todo território Lafões com uma viva economia social CR São milhares as pessoas que, em Lafões e nos seus três concelhos, Oliveira de Frades, S. Pedro do Sul e Vouzela, se encontram como destinatários dos serviços e fins da economia social. Para esse efeito, há centenas de postos de trabalho que dependem da vitalidade deste sector. Com a sociedade em mudança, as crianças e os idosos encontram-se nos primeiros lugares da acção desenvolvida pelas dezenas de instituições que desenrolam o seu trabalho nestas nossas terras. É esta a viagem que aqui vamos apresentar. Apalpando o pulso às IPSS, Misericórdias e outras associações do sector, vamos tentar dar delas a imagem daquilo que vão fazendo por estas paragens, concelho a concelho, com dados mais actuais, ou com estudos feitos em tempos idos, não muitos, porém, para melhor percebermos, na actualidade, esta realidade económica e social que tanta importância tem para as nossas populações. Antes de avançarmos para o campo dos pormenores, esclareçamos o que se deve entender por esta economia: digamos, em linhas muito gerais, que se trata de dar respostas a necessidades sociais, tendo como base da sua filosofia a solidariedade, o humanismo, o combate à exclusão e a afirmação integral da dignidade da pessoa humana no seu todo, ultrapassando as carências e a situação de fragilidade em que se encontram, olhando muito para a Carta de Princípios da Economia Social da própria União Europeia e para, por exemplo, a notável acção da Igreja e da sociedade civil com suas organizações, desde há séculos. Em crescimento nas últimas décadas, a economia social liga-se, na acção que desenvolve e nas propostas e realizações que consegue concretizar, a uma sociedade em profundas mutações. A sociedade agrária de outrora deu lugar a um sector secundário (indústria) bastante forte e a um terciário (serviços) em galopadas de gigantes. Por sua vez, a agricultura de nossos pais e avós, que fazia ter tempo para o amanho das propriedades e para os cuidados a dar às crianças e idosos em contexto familiar, perdeu-se em grande escala. No meio deste turbilhão, apareceram novos problemas para resolver: como pensar e actuar na defesa de nossos meninos e meninas e na entrega à velhice com toda a cadeia de necessidades que tanto a caracteriza? Com a família impotente para a realização dessas tarefas, houve que deitar mão a novas organizações sociais, com a criatividade e a generosidade humanas a virem ao de cima. De outrora, tínhamos ( e elas, felizmente, se não perderam) as Misericórdias, com a de Vouzela a ter mais de quinhentos anos, a de S. Pedo do Sul a ter nascido bem mais tarde e a de Oliveira de Frades a ter visto a luz do dia já no século XX, por volta dos anos trinta. Revelando-se insuficientes estas Instituições, outras se criaram, tais como as IPSS (Instituições Privadas de Solidariedade Social), as Cooperativas e entidades afins. Em resultado das alterações à pirâmide etária, com os idosos a preencherem praticamente a sua maior fatia, conquistando o lugar que deveria pertencer às camadas jovens, vêem-se as escolas a fecharem e os equipamentos para a terceira idade a aparecerem um pouco por toda a parte. Também os cuidados de saúde, com a esperança da vida – e ainda bem - a aumentar muito acentuadamente e com progressos assinaláveis, começaram a requerer novas exigências e novas formas de actuação social. Feita esta espécie de introdução, passemos agora para a apresentação da realidade verificada nestas terras do Médio Vouga, situadas entre as Serras da Gralheira e do Caramulo, a norte e a sul, respectivamente. Os serviços sociais em Lafões Pedindo desculpa por alguma eventual falha ou omissões, começamos pelo município de S. Pedro do Sul, por nos termos baseado no seu estudo social de 2013, enquanto que, em Oliveira de Frades e Vouzela enveredámos por uma maior proximidade temporal. Na “Sintra da Beira” encontrámos 9 IPSS, incluindo a Misericórdia, a apoiarem cerca de 1300 pessoas: - Centro Social e Paroquial de Manhouce – É de notar-se que esta instituição se encontra em relação muito directa com a de S. João da Serra, tendo sido previsto, no seu início, a frequência de 40 utentes no Centro de Dia e outros tantos nos Serviços de Apoio Domiciliário. - MUT – Associação Mutualista dos Trabalhadores da Câmara Municipal – 5 trabalhadores e 33 utentes - Misericórdia de Santo António – 156/406 - Centro Social de Valadares – 11/50 - Centro Social e Paroquial de S. Martinho das Moitas – 7/ 35 - Centro Social de Vila Maior – 18/82 - Centro de Promoção Social de Carvalhais – 28/182, anotando-se ainda o Banco Alimentar com 40 beneficiários, a Loja Social com 120 e a Cantina Social - 69 - ASSOL/Núcleo de SPS – 60/194 - ARCA – Associação de Solidariedade Social de Santa Cruz da Trapa – 10/40 Importa também falar-se na importância do Sul Social e suas funções. Refere-se, nesse documento oficial, que “... A novidade estatística de 2011, na análise sócio-económica, é a incorporação da economia social na contabilidade social do terceiro sector, do qual faz parte integrante...” Acrescenta-se que, em S. Pedro do Sul, metade do sector terciário é economia social, pesando no bolo total 31%. Devemos ainda incluir nesta acção social a Conferência de S. Vicente de Paulo que conta com o contributo de 12 voluntários, o Banco Alimentar, a Loja Social, o CLDS, a CPCJ, realidades, estas e outras, que são transversais a todos os concelhos, a que se junta, neste caso, a Associação Social e Cultural e Recreativa de Mosteirinho/Pinho. Por sua vez, o Relatório elaborado pelo Instituto Piaget para a ADDLAP, há curtos anos, vem dizer-nos que “... O futuro passa hoje pela viabilidade (destas) economias, colmatando problemas sociais e promovendo a sustentabilidade numa aldeia cada vez mais global. O empreendedorismo social é inquestionavelmente uma ferramenta de enorme transversalidade que cruza campos múltiplos e distintos”, numa multiplicidade de respostas que urge encontrar. Nesse estudo, vemos um quadro global em termos de apoios sociais, assim distribuídos quanto a utentes: - Creches – Oliveira de Frades – 78; SPS – 132; VZL – 120 - Centros de Actividades Ocupacionais – 90; 30; zero - Lar residencial – zero; 36; zero - Centros de Dia – 30; 88; 20 - ERPI (Estrutura Residencial para Idosos) – 83; 182; 127 - Serviços de Apoio Domiciliário – 84; 322; 255 Passando agora para o município de Vouzela, temos: - Santa Casa da Misericórdia – Com um universo de mais de uma centena de funcionários, abrangiam-se 158 utentes, a que se de vem acrescentar todos aqueles que são servidos pela Clínica de S. Frei Gil nas suas múltiplas valências e tipos de consultas. - Centro Social de Campia – 33 funcionários; 75 utentes - Centro Social e Paroquial de Queirã – 9/30 - Centro Social da Casa do Povo de Alcofra – 5/19 - Centro Social de Cambra – 54/101 - Associação de Solidariedade Social de Fornelo do Monte – 6/32 - Centro Social da Casa do Povo de Alcofra – 5/19 - Centro Social e Paroquial Padre Filinto Elíseo de Sousa Ramalho de Fataunços – 11/40 - Lar/ASSOL/Cambra - 8 utentes Quanto ao concelho de Oliveira de Frades, é este o quadro, em linhas gerais: - Misericórdia de Nossa Senhora dos Milagres – 147 trabalhadores com 246 utentes e um número variável, mas muito significativo, de pessoas atendidas na Fisioterapia e outras valências médicas. - ASSOL – 73 colaboradores e 985 pessoas apoiadas, na sede e nos pólos de Vouzela, S. Pedro do Sul, Castro Daire, Vila Nova de Paiva, Viseu, Tondela e Mortágua, - Centro Social e Paroquial de S. João da Serra – 6/23 Por vir a calhar, diga-se que Varzielas recebe apoios vindos do Guardão e Arca, de S. João do Monte. Cabe aqui uma palavra para as Associações de Bombeiros que, ficando um pouco de fora, deste género de Instituições, têm também uma forte componente social nas suas diversas missões e suportam um certo número de funcionários cada uma delas. Destas linhas específicas e gerais, pode concluir-se que, em matéria de mudança social, as alteracões são altamente significativas e abarcam um sem número de missões que, nem as famílias, nem os cuidadores informais (que merecem uma atenção e uma legislação muito especiais, que, aliás, já começaram de aparecer!... ) podem concretizar. As IPSS e outras entidades do género tem aqui um altíssimo papel a desempenhar e em Lafões isso nota-se à vista desarmada ... Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Dez 2019

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