sexta-feira, 12 de junho de 2020

Correr para a Escola em vez de destruir património...

Eu sei: a História tem muito conhecimento que nos pode e deve enriquecer. Eu sei: durante a vida dos homens, e já lá vão muitos, muitos milhares de anos, houve factos e práticas que não foram nada bons, nada mesmo. Atropelaram-se todos os padrões do respeito pelas vidas humanas e pela sua dignidade. Aquém e além, diversas civilizações fizeram de outras tristes tapetes. Desde sempre foi assim. Os povos sucederam-se e, nessas viagens pela vida, uns deram cabo de outros. As épocas estão cheias de exemplos que fazem doer a nossa alma. Praticamente não há nações nem continentes que possam cuspir para o ar: o passado está a abarrotar de episódios que em nada abonaram em favor da paz, da concórdia, do respeito, da convivência, da solidariedade. Nada. Mas não é possível assistir-se a esta onda de destruições que se estão, perigosamente, a espalhar pelo mundo, derrubando estátuas, apagando indicações toponímicas, destruindo provas e testemunhos que são peças-chave no nosso conhecimento e de quem vier a seguir a nós. Se, em cada tempo, houve sempre quaisquer atropelos, importa agora é sabermos olhar para esses casos e pedir que nunca mais se repitam. Pedir perdão pelos erros dos nossos antepassados é um caminho a seguir. Apagar todas as nossas memórias, pondo o mundo e o conta-quilómetros das nossas vidas a zero, não nos parece ser a melhor atitude. Nem por sombras. Qualquer dia, nada restará: riscamos o que fizeram os homens e mulheres do paleolítico e do neolítico, que perseguiram, que ocuparam espaços, que mudaram o mundo. Depois, vamos ao encontro, por exemplo, das marcas fenícias, gregas, romanas, dos vândalos, suevos, visigodos, dos árabes, dos espanhóis, dos franceses, etc, etc, e varremos tudo. De pé, deste modo, nada vai ficar. Assim sendo, o melhor será é pormo-nos a caminho da escola, da formação, da aprendizagem constante e profunda para melhor conhecermos a nossa cultura, o nosso passado, a nossa História. Isto para cada um dos povos do mundo. Coloquemos à beira de cada monumento uma placa que identifique os feitos, maus e bons, piores e melhores, de cada um dos protagonistas ali representados. Apetrechemo-nos de saber e, com ele, encaremos o que fomos, para sermos melhores no futuro. Escrevamos a História total. Aprendamo-la. Ensinemo-la. Mas deixemos de andar para aí de picareta na mão a enterrar tudo, a destruir, a vandalizar, tantas vezes, numa confusão absurda como aconteceu com a Padre António Vieira, com o Colombo, etc.etc. Eu sei: o mundo não tem só anjos. Nada disso. No meio de tudo, há muito a condenar. Mas não se pode usar a áspera esponja do ódio e pôr tudo em pantanas. Nunca... Usemos a cabeça e a ciência. Respeitemo-nos uns aos outros....

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