quinta-feira, 23 de novembro de 2023

À beira mar na Vagueira...

///Qauntos barcos amdam nos mares, neste momento? Não sei, imposível contá-los, lamento// Quantas gotas de água têm os mares? Milhões e triliões sem fim/ Pergunta isso a Outro, não me interrogues a mim// Quantos grãos de areia têm as nossas praias?/ Não sei, tantos são eles/ Estes e aqueles e carradas infindas/ Pergunta isso a Quem sabe e, por isso, não me desmintas//Como é que as rochas se desfazem com as pancadas das ondas?/ Desculpa lá os travões que tenho ao conhecimento/ Que muito além não vão as minhas sondas... //Sinto o sol a desaparecer e a correr para o lado de lá/Despedindo-se de mim, demora umas horas a voltar cá/Sei que o sol-posto da Vagueira é lindo a valer/Sei disso e sinto-o, agora, a desapaecer/ Tomba nas águas e nelas mergulha/ Vai não sei para onde/ Porque ele me não diz onde se esconde/Deixai-o ir que ele vai voltar/Isso eu sei, porque amanhã, de novo, vai cantar... ///

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Torre de Vilharigues com séculos de história

Torre de Vilharigues em descoberta constante Carlos Rodrigues Com a associação da Torre de Vilharigues a D. Duarte de Almeida, conhecido como o Decepado do Toro (1476), está feita uma ligação que tem tudo para fazer despertar o apetite pelo conhecimento deste lugar lafonense com uma vista privilegiada para Vouzela, Termas e S. Pedro do Sul e parte da região de Lafões na sua matriz fundacional, com os Montes do Castelo e do Lafão, os dois irmãos, os alavoenis, em destaque. Esse é um de seus pontos fortes ainda que discutível sob o ponto de vista histórico. Mas há muito mais para saber e apreciar. Torre, castelo, casa-torre, atalaia, ou outra designação qualquer, desde que relacionada com esta área do saber, o certo é que esta edificação datada aí dos séculos XIII ou XIV, tem de ser vista como uma construção senhorial e /ou militar, um espaço de importância e de poder a mostrar-se a quem a possa ver e dela dependa, isto nos tempos medievais. Parceiras de caminhada e ainda de pé, temos as de Alcofra e de Cambra, sendo que outras, como a de Fataunços, apenas constam da memória e das páginas da história. No panorama destes equipamentos, em Vilharigues constata-se que a sua feição militar não pode deixar de ser analisada, face à sua localização, um local estratégico em termos de vistas e observação das redondezas, sendo, por isso, escolhido como posto de defesa e de eventuais ataques, a que se juntam os aspectos da sua construção, com os matacães e outros pontos associados com essa finalidade e ainda as pequenas aberturas e a solidez das paredes, com cerca de 1.30 metros de espessura, em construção com duas faces bem trabalhadas e, no seu interior, uma camada de pedras mais pequenas, travadas aquém e além para melhor solidez e robustez. Com aberturas apenas mais visíveis no terceiro piso e umas outras mais reduzidas ao nível do segundo, facilmente somos levados a supor que a componente de defesa ali se aplicou. A existência de seteiras e ameias completa este quadro. Assim sendo, não nos custa ver que aqui se viam feições militares. Desta forma, os citados matacães, elementos típicos dos castelos, a serem autorizados pelo próprio rei, como aconteceu com D. Afonso III (1248-1279) mas só usadas com D. Dinis (1279-1325), são disso uma certa e boa prova a sustentar essa tese. Se houve essa intervenção régia, esse é um sinal de que esta Torre teria sido aproveitada para essas funções, como se atesta pela sua raiz inicial e pelo facto de ter sido construída em cima de um morro de rocha granítica natural, pelo que a afirmação senhorial, como originária na sua edificação, sobre os bens e as propriedades em redor, a acompanha desde sempre. Juntam-se, neste contexto, duas vertentes que assim devem ser interpretadas. De acordo com as informações colhidas nos painéis que ali se colocaram há anos e de mais dados, mormente de Manuel Real e outros, podemos estabelecer para esta Torre e para as terras envolventes, quanto a seus senhores, as seguintes conclusões: - 1248 – Miguel Eanes, cavaleiro de Vilharigues, que veio a apoderar-se ainda de terras em Quintela de Ventosa; - 1288 – Foram seus senhores os netos de Miguel Eanes;- 1307 – Feira de Vouzela;- 1357 – Vasco Lourenço da Fonseca e mulher, Margarida Eanes, vendem a quintã e torre a Gonçalo do Monte, no reinado de D. Pedro (1357/1367);- 1367 – Doação a Diogo Álvares Pereira, filho de Álvaro Gonçalves Pereira; - 1385 – Sua morte na Batalha de Aljubarrota;- 1389 – Martim Vasco da Cunha doa Moçâmedes ao escudeiro Gonçalo Pires de Almeida;- 1393 – Feira Franca de Vouzela;- 1394 – Vouzela, cabeça do concelho de Lafões;- 1476 – Afonso Lopes de Almeida mora na Torre;- 1478 – É juiz da vila de Vouzela, concelho de Lafões;- 1493 – Infante D. Manuel, duque e Beja e Senhor de Lafões;- 1497- Fernão Lopes de Almeida, senhor da Torre, compra a Quinta da Cavalaria;- 1502 – Nomeado provedor e administrador das Caldas de Lafões e criação do Hospital e Couto das Caldas de Lafões;- 1506 – Privilégios da Feira de Vouzela;- 1513 – Duarte de Almeida aparece como sucessor na Torre e na Quinta da Cavalaria;- 1514 – Foral de Lafões. D. Duarte de Almeida, provedor e administrador das Caldas de Lafões Em termos de grande história nacional, três episódios há a reter: a ligação de Vouzela e Lafões à Batalha de Aljubarrota, à conquista de Ceuta e à Batalha do Toro, respectivamente em 1385, 1415 e 1476, sem esquecer os tempos de D. Dinis, D. Duarte, D. Manuel I e outros monarcas. No capítulo “ Os Almeidas de Vouzela” em que se divide a exposição colocada na Torre, mostra-se que estes viveram em Moçâmedes, Vilharigues e Figueiredo das Donas e ainda em Vouzela, Quinta da Cavalaria. Os primeiros dos “Almeidas” terão estado ligados no século XIV ao Paço de Moçâmedes, sendo que em 1389 Gonçalo Pires de Almeida recebe doação da terra e celeiro desta terra. Sua mulher, Inês Anes, chegou a ser ama-de-leite do Infante D. Henrique, pelo que esta ligação veio a dar os seus frutos pelos tempos fora. Assim, o filho do casal, João de Almeida, 2º senhor de Moçâmedes veio a ser escudeiro de seu irmão colaço, o Infante D. Henrique, com quem partiu para a conquista de Ceuta. Alguns anos mais tarde, em 1475, Vilharigues e a Quinta da Cavalaria associam-se a um outro ramo dos “Almeidas”, Afonso e Fernão Lopes de Almeida, que também se ligam a Figueiredo das Donas. Nesta marcha dos tempos, João Lopes de Almeida, herdeiro de duas tias, D. Catarina e D. Isabel, casa-se com D. Guiomar de Sousa, facto que levou a que este apelido tivesse vindo a ser consagrado posteriormente. Na musealização recente da Torre, o terceiro piso alberga um vídeo sobre este período da Idade Média de Vouzela e de Lafões e uns painéis sobre a Batalha de Toro e os Almeida, a par duma panorâmica geral para as paisagens exteriores, bem como a visualização da parte interna dos citados matacães. Na nossa tentativa de explicação de que esta Torre tem implícita uma pendente militar, é significativo que as grandes aberturas só apareçam bem lá no seu cimo, em sítio, nesses tempos, quase inatingível. Sendo este um senhorio de uma vasta área em redor, três casais, mais de um terço da aldeia, dependiam do dono da torre a quem pagavam uma renda/foro anual e prestações diversas em produtos agropecuários e braçais. Com o seu poder sobre a administração e a justiça, era assim vasta a sua importância, o que se manteve durante séculos, talvez até ao tempo do Duque de Lafões, século XVIII, um outro capítulo da história destas nossas terras. Carlos Rodrigues

Nossa Senhora do Castelo em Vouzela bem lá no alto do Monte

Nossa Senhora do Castelo a impôr-se lá no alto CR Tal como há dias ventilámos, o Monte de Nossa Senhora do Castelo, e temos de convir que esta designação é nova demais para o muito tempo que este espaço tem de ocupação ou uso humano, foi uma opção antiquíssima para os nossos antepassados dele usufruírem. Espreitando para o alto, logo descobriram que ali havia como que uma mina de ouro estratégica para defesa e observação em redor, condições, nessas recuadas épocas, de um interesse enorme. Dito e feito: se isso viram, logo agiram em conformidade, indo para ali morar ou passar com muita frequência. Como bem disseram Manuel Luís Real, Catarina Tente, Tiago Ramos, Daniel Melo, Luís André Pereira e João Rocha, em “ O povoado e fortificação da Senhora do Castelo, em Vouzela – I Jornadas de Arqueologia Vouzela/Lafões”, este local foi, no mínimo, um povoado da Idade do Bronze, o que se atesta e mostra pela existência de muito minério por estas paragens e pela proximidade ao Castro de Baiões, o palco por excelência dessa altura do trabalho em bronze nas suas instalações metalúrgicas e respectivas fundições. Tendo ido mesmo mais longe nas suas conclusões, depois da análise dos vestígios encontrados nas escavações ali realizadas e nas comparações efectuadas com outros sítios, alegam que este Monte, com as suas muralhas e torre quadrada, foi como que a Cabeça de Lafões nesses tempos de outrora. Situado a cerca de 530 metros de altitude, este ponto tinha tudo quanto esses povos precisavam para observarem quem os rodeava e com que intenções o faziam. Ao ver ao longe, nesta atalaia, acautelavam-se possíveis ataques e preparavam-se as mais diversas ofensivas. Era para isso que serviam as alturas geográficas que as terras chãs de pouco serviam, até porque, por essas alturas, a agricultura ainda nem sequer tinha sido descoberta e a alimentação vinha de outras origens, mais baseadas na caça, na pesca e actividades afins, incluindo a busca de raízes. O Monte do Castelo tinha então soberbas condições para essas finalidades. Com dois cabeços por perto, este e o Lafão, ali existiam condições de sobra para prolongadas sobrevivências. Dizem aqueles autores, atrás citados, que estas duas elevações estavam separadas apenas por um fosso. Tão próximas e, vamos lá, tão íntimas, vieram a estar na origem, quem sabe, do nome da região que habitamos, o Alafões de outrora, o Lafões de hoje, tudo isto com base na língua árabe que também por aqui se usou e aquele “Al” acaba por dizer tudo… De acordo com um testemunho do Pároco de Ventosa do ano de 1732, “ o mais digno de memória desta freguesia é o Monte chamado Lafam”, aludindo à existência ali de um mouro, o Sid Lafam – uma outra tese para encontrarmos as raízes de Lafões. A corroborar estas ideias, também o Pároco de Vouzela, nessa mesma altura, referindo o Monte e a Capela de Nossa Senhora do Castelo, acrescentava um pormenor digno de relevo: a existência de uma Irmandade moderna com cerca de 10 ou 12anos de vida. Muitas outras fontes de 1019 a 1258, fazem menção, como vimos já, a todas estas realidades. Por sua vez, Pires da Silva, em 1696, na sua obra “ Chronografia Medicinal das Caldas de Alafoens”, fala na muralha em causa e ainda a uma cisterna e eventuais ossadas. Anos e séculos mais tarde, em 1903, é Luís Soares Valgode que traz ao de cima a necrópole medieval e as duas sepulturas escavadas na rocha, ainda hoje bem visíveis ao lado da escadaria monumental. Com este Monte a ser sempre motivo de interesse, a sua exploração florestal iniciou-se em 1908, acentuando-se com o Plano de Povoamento Florestal de 1938 e anos seguintes (ver deliberações da CM dos anos cinquenta, já aqui anotadas). Entretanto, a busca de minério, talvez adormecida durante séculos, renasce nos tempos da febre do volfrâmio, anos 30 e 40 do século XX, havendo alusões a filões de ouro, volfrâmio e estanho em 1955 (NV)e à Empresa Mineira de Vouzela Lda, dos sócios Octávio Pinto da Rocha, Guy Devris, Joaquim José da Silva Arruda e Joaquim Ribeiro de Almeida, anos 40. Aparece ainda a contestada Volcar SARL para instalar uma oficina de tratamento de minério, de 2ª classe, na vila de Vouzela, o que não foi visto com bons olhos… Por ali se vê a Casa da Confraria, o novo Chafariz, de 1932, uma obra do arquitecto Raul Lino, a citada escadaria, o complexo do Parque de Campismo mais abaixo e várias obras em curso nas imediações do fontenário. Faltam, temos o repetir, os trabalhos de recuperação das muralhas em redor da Capela, o tal perigo iminente que tudo ameaça em redor. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, 2022

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Liga dos Amigos de Vilharigues em resumo

LIGA DOS AMIGOS DE VILHARIGUES Revista, Outubro de 2013 - 0 - Um pouco de história da povoação e freguesia Localizada a poucos quilómetros da sede do concelho, Vouzela, o lugar de Vilharigues tem, pela sua proximidade e pela posição geográfica, uma visão muito particular sobre a vila, sobretudo a partir da Torre e do espaço envolvente, agora profundamente remodelado. Esta referência tem aqui plena justificação, em termos de Liga dos Amigos, por esta associação ter nascido para herdar a precária iluminação, no ano de 1938, que ali existia. Antes, porém, de avançarmos com dados sobre a Liga, importa que nos situemos num contexto mais lato, neste caso, a freguesia de Paços de Vilharigues. Com um passado bem distante no tempo, dessa longevidade fala o Castro do Cabeço que se vê um pouco acima e onde perduram e se perpetuam os respectivos vestígios. Do topónimo Vilharigues, pode afirmar-se que provém, com uma grande probabilidade, de origem germânica, apesar de haver outras abordagens mais directas, mas menos credíveis. Eis o que se apurou: em primeiro lugar, a hipótese de “Ovelharigues”, zoopónimo, de ovelha, parece-nos algo sem probabilidades de ser aceite; seguidamente, resta uma outra, aquela que faz radicar esta designação em “Viliarici/Viliaricu”, de matriz germânica, que remete para um sentimento de posse, de alguém com esse nome aqui esteve ligado. Num caso e noutro, ficam sempre algumas dúvidas. Joseph Marie Piel, um estudioso desta matéria, faz assim a tramitação deste mesmo nome: “Wiljareiks”, com carga visigótica, latinizando-se depois nos já citados “Viliarici”, “Viliarico” e “Viliarigu”. Esta versão foi colhida num trabalho manuscrito de Filomena Gracinda Costa Pereira, com ligações a esta terra. Quanto a Paços, talvez se possa associar a “Palatiu”, a fazer crer numa existência de personalidades ligadas à nobreza, uma vez quem, já em 1151, esta toponímia aparecia num testamento dessa mesma época, do dia 22 de Maio. Juntando estas duas circunstâncias, Vilharigues, como acentua o Dr. Mário Loureiro, será povoação com paço e torre senhorial. Prosseguindo uma longa caminhada, se aquele era um tempo pré-histórico, com os romanos, por exemplo, continua a sua existência a ponto de por aqui ter passado uma das mais notáveis vias dessa sua época e que ainda hoje se mantém, cerca de dois mil anos depois. Ligando a zona do Marnel, arredores da actual cidade de Águeda, a esta região, num traçado que uniu A-dos-Ferreiros, Talhadas do Vouga, Benfeitas, Ponte, Entráguas, Ral, Pontefora, Vilarinho, Postasneiros, Santiaguinho, VILHARIGUES, Vouzela, daqui se ramificou para Castro Daire e Viseu, em duas estradas distintas. Dos tempos paleolíticos e neolíticos, alude-se a vestígios de mamoas, à saída de Vilharigues, a sepulturas antropomórficas, em Lamas, talvez paleocristãs. A Idade Média teve nestas terras pontos muito altos, com a construção das Torres senhoriais, uma delas a instalar-se nesta mesma povoação, havendo ainda a citar, aqui por perto, as de Cambra e Alcofra. Através destas edificações, simultaneamente locais de ordem militar e de afirmação económica e de estatuto social, eram estes aglomerados populacionais atirados para a ribalta nacional. Se as Inquirições de D. Afonso III, em 1258, fazem várias referências a Paços de Vilharigues e suas comunidades, muito embora estas zonas se integrassem na paróquia de Santa Maria de Vouzela. No reinado de D. Dinis, vários anos depois, alude-se a uma sua herdade aqui existente. Numa descrição com algumas incertezas pelo meio, a figura importante de D. Duarte de Almeida, o Decepado do Toro, onde lutou, em Março de 1476, ao lado do Rei D. Afonso V, de quem era Alferes-Mor, encontra-se, para sempre, associada a esta Torre de Vilharigues. Entregando-se todo à causa que o seu Rei abraçou, perdidos os braços, tudo faz para segurar a Bandeira, só a deixando cair, quando as forças o traíram. Esse acto valeu-lhe, em alta distinção, a colocação de sua armadura na Catedral de Toledo, por decisão dos Reis Católicos espanhóis, D. Isabel e D. Fernando, ali visível numa vitrine instalada numa das principais Capelas daquele imponente Templo. Freguesia actualmente integrada numa União com Vouzela foi, durante largos séculos, profundamente independente, integrando os concelhos de Lafões, de Vouzela, de Oliveira de Frades, para, depois de finais do século XIX, pertencer ao município vouzelense. Paróquia de Santa Marinha, a aldeia de Vilharigues tem ainda em Santo Amaro, 15 de Janeiro, uma outra festa especial, assim como S. Pedro se comemora em Ameixas. Quanto à citada agregação, tudo partiu da proposta apresentada, em termos de Reorganização Administrativa do Território (UTRAT), de 29 de Outubro de 2012, que levou à recente União das Freguesias de Vouzela e Paços de Vilharigues, este ano de 2013, a 29 de Setembro, já com listas conjuntas para a eleição de uma autarquia apenas. Em Diário da República, 2ª Série, nº 171, de 5 de Setembro, regista-se a respectiva homologação. No que diz respeito à Torre, em particular, que passou por várias entidades responsáveis, incluindo a Marquesa ???? de Penalva, veio finalmente para a posse da Junta de Freguesia, tendo sido beneficiada, ao longo dos tempos, com várias obras de beneficiação, depois de ter sido profundamente mutilada, a ponto de só se terem conservado duas das quatro paredes, sendo de destacar a última que levou a criação de uma nova estrutura envidraçada, encaixada naquilo que se manteve de pé. Situada nas coordenadas 40/42/56.394N/8/7/46.3152W; 40.715665/-8.129532, encontra-se a uma altitude de 438 metros. As obras de requalificação iniciaram-se a 7 de Julho de 2011, com a colocação da primeira pedra simbólica, tendo sido inauguradas em 15 de Janeiro de 2013, dia de Festa de Santo Amaro, ali na Capela mesmo ao lado. Antes de começarmos a falar na Liga, importa que se diga que esta freguesia de Paços de Vilharigues tem, desde 8 de Abril de 1928, a Sociedade Musical, Cultura e Recreio de Paços de Vilharigues, que, conjuntamente com a Liga e a Junta de Freguesia viria a fazer parte de uma nova entidade colectiva, a Associação Pa(ç)ssos para a Torre de Vilharigues, entidade a quem cabe gerir, por decisão da Câmara Municipal de Vouzela, este mesmo espaço, dinamizando-o e divulgando-o. Com um território que se espalha pelas povoações de Ameixas, Paços, Touça e Vilharigues, distribui-se por 8, 37 Km2, com 647 habitantes, de acordo com o último Censo de 2011. A Liga dos Amigos de Vilharigues - 1 – Origens Com a migração da sua juventude sobretudo para a cidade de Lisboa, que, então absorvia grande parte dos habitantes de nossas aldeias, Vilharigues, tal como quase todo o interior, viu-se sem gente nova, mas esta, sempre com a saudade como companheira, não mais esquecia a terra-natal. Ali, numa capital que ficava muito longe, sem acessos fáceis, com dificuldades por parte de quem tinha partido em vir visitar seus familiares, houve um porto de abrigo que logo foi agarrado: a Casa de Lafões, antes conhecida como Grémio Lafonense. Tendo esta Associação um forte pendor regionalista, era ainda sua função dinamizar a vida dos pontos de origem de seus associados. Entre estes, os cidadãos de Vilharigues, Alfredo Reis de Melo Cardoso, Aires Alves Lopes, João de Almeida Costa, Antonino Cardoso de Almeida Lopes e Alexandre Silva logo se lembraram de, aproveitando a experiência adquirida naquele Grémio, onde fervilhava um entusiasmo por tudo aquilo que cheirasse a Lafões, lançarem as bases do arranque de uma Instituição que servisse de apoio e de ponte entre uma distante Lisboa e o seu espaço do coração, a zona do berço aconchegante. Se o alerta inicial viera da grande cidade, em Vilharigues esta sugestão logo foi acolhida com entusiasmo, fazendo aderir outras pessoas desta terra, mormente José Alves Lopes ( Zé “Carteiro”), Fernando Lopes Pereira, ainda muito jovem, Laurindo de Almeida Costa, Adelino Francisco do Souto, António Francisco de Almeida e Laurindo Almeida Cramelo, que tudo fizeram para não deixar cair em saco roto este mesmo sonho. Mas era em Lisboa que se geria esta nova Casa. Curiosamente, este projecto da criação da Liga dos Amigos de Vilharigues, então designada por Comissão de Iniciativa e Melhoramentos de Vilharigues, no ano de 1938, passava por duas vertentes: fazer obras e criar mecanismos de assistência a quem mais necessitava, bastando lembrar que se estava, nessa altura, infelizmente, a caminho da Segunda Grande Guerra (1939-1945), uma época de profunda carestia. Por isso mesmo, avança-se com a Secção de Beneficência, muito embora, oficialmente, só mais tarde, por volta de 1960, ela apareça com vida legal. Mas já muito antes, os carenciados da aldeia não eram esquecidos: em 1945, gastava-se com um bodo dado aos pobres o montante de 400$00. Nesse ano de 1938, foram seus fundadores as pessoas atrás citadas, entre residentes em Lisboa e na povoação de Vilharigues. Deve juntar-se-lhes, por ser de inteira justiça, os futuros e quase colaboradores dessa ocasião Armênio Francisco Almeida, António Francisco Pereira, João Pereira da Rocha, João Bordonhos, Artur Pereira, Maria Adelaide do Carmo Rodrigues, todas estas pessoas a integrarem aquilo que se pode chamar uma primeira vaga. Como motivo maior para o nascimento da Liga, temos a necessidade de dotar com iluminação pública esta terra, lançando-se uma campanha para aproveitar os velhos candeeiros e lâmpadas que a vila de Vouzela se decidia vir a substituir por um método e equipamento mais moderno. É que, até esse momento, o carboneto era o combustível usado para dar luz à aldeia, sendo necessário acender candeeiro a candeeiro, tarefa de que se encarregou Fernando Lopes Pereira e José Alves Lopes, entre outros. Sem preconceitos em herdar aquilo que os seus vizinhos da vila já não queriam aproveitar, os vilhariguenses partem para a aventura de ter luz pública eléctrica, em experiência piloto quanto a povoações do concelho, fora da vila, praticamente uma das primeiras. O empurrão maior e determinante, em contactos e força de pressão, que não foi fácil fazer aceitar este melhoramento até pela Câmara Municipal de então, veio precisamente de quem vivia e trabalhava em Lisboa e havia decidido erguer a sua Comissão de Iniciativa e Melhoramentos. Dizia o Presidente da Câmara dessa época que isso era luxo e vaidade que este espaço não podia vir a ter. Apesar destes contratempos, como narrou Aires Alves Lopes ( em “Notícias de Vouzela”, de 16/02/1988), ninguém se deu por vencido. Uma conversa entre amigos e com um responsável pela Empresa em causa, no Monte de Santo Amaro, haveria de abrir as portas a essa obra. Dito e feito. Vilharigues iluminou-se por essa via no dia 30 de Setembro de 1938, data que assinala, assim, o nascimento da nova Colectividade. Como nem sempre se agrada a todos, chegou a haver uma queixa acerca da existência de actos de vandalismo cometidos contra essas mesmas instalações eléctricas (NV, 15/12/38). Em abono desta conclusão, o Notícias de Vouzela, em 1 de Janeiro de 1938, aclarava este tema: “… A fim de ventilar o assunto da futura luz eléctrica para Vilharigues e possivelmente para Paços, Ameixas, Santiaguinho e Cambra, foram a S. Pedro do Sul alguns amigos de Vilharigues, como representantes da sua colónia de residentes em Lisboa, entender-se com a gerência da empresa «Lafões Industrial, Lda»…”. Deduz-se, da correspondência de Paços de Vilharigues, onde esta notícia foi colhida, que esse encontro teria tido lugar em finais de 1937, sinal de que este era um objectivo que há muito tempo motivava estas gentes. Neste mesmo dia, se enunciavam outros melhoramentos em curso na freguesia, como a construção do edifício escolar, e se reclamava a necessidade de se vir a possuir uma cabine de telefone e a beneficiação de caminhos. Entretanto, em documentos internos, soubemos que, por carta, se contactou Aires Alves Lopes, em 6 de Setembro desse mesmo ano, por ter aparecido uma espécie de proposta da firma contactada em que se falava num valor de 4300$00 para o novo traçado, até porque a CP pusera alguns problemas acerca da passagem nos locais previamente pensados. Não desarmando, para que isso fosse possível, a Comissão assumiu, por inteiro, o pagamento das verbas referentes ao consumo público durante vários anos, assim como à substituição de lâmpadas fundidas. Um grande contributo veio de João Gonçalves Figueiredo, que permitiu que a ligação se fizesse às suas propriedades da Costeira. Entretanto, uma lista de donativos, com verbas que vão de 2$50 a 500$00, prova que este investimento teve forte empenho e participação popular. Em investigações ligeiras por nós efectuadas, ao longo dos tempos, encontrámos uma folha em que há diversos nomes de apoiantes, fazendo-se alusão a 8510$00 angariados, para “electrificação da nossa aldeia”. Porém e em oposição a essa ideia negativista, no ano de 1941, a Câmara atribuíra um subsídio de 244$00, aumentando, em 1947, para 500 e, em 1948, já se viam nas contas, vindos desta origem, 1000$00. Mas, antes, já em 1943, o Presidente declarara que “… Dá gosto ver, nestes tempos de egoísmo, um grupo de pessoas como as que compõem a CIMV, que põem o progresso da terra acima de tudo” (Notícias de Vouzela, 16/02/1963). Concebida e gerada no seio da Casa de Lafões, de Lisboa, a citada Comissão, que veio a originar, mais tarde, a Liga dos Amigos de Vilharigues, adoptou como seu lema a divisa “ Cada um pela sua Aldeia e todos por Lafões”, assumindo como seus ao valores do progresso, solidariedade, assistência, cultura e ensino, deles fazendo gala a ponto de os descrever nos envelopes então em uso. Importa referir-se que a mudança de designação aconteceu em finais do ano de 1964, deixando de se falar na Comissão de Iniciativa e Melhoramentos, para se começar a adoptar uma outra denominação – Liga dos Amigos de Vilharigues. Escreveu-se então: “… Este nome, cuja aprovação foi bem compreendida, ajusta-se melhor ao fim em vista e exterioriza, mais expressivamente, o amor bairrista do vilhariguense, que, se é de facto amigo, não pode deixar de se inscrever como sócio…”(NV, 16/12/64) Como sede provisória, optou, de início, por se instalar na casa-mãe de Lafões em Lisboa, sabendo-se que, por exemplo, em 1948, ainda era essa a morada indicada, mesmo nos envelopes usados, indicando-se a existência de uma Delegação em Vilharigues, na cave da Casa da Estrada do fundador Alfredo Reis de Melo Cardoso, cedida gentilmente como se vê na Acta nº 1, de 3 de Novembro de 1948, a propósito de uma reunião em que se estabelecem as condições dessa oferta e em que estiveram presentes, para além do Benemérito, João de Almeida Bordonhos, Fernando Lopes Pereira (que ficou como Director), João Rocha e António Luís. Um ano antes, surgiam dados novos: num “render da guarda”, depois de quase uma dezena de anos de intensa e directa ligação à Comissão de Melhoramentos e Iniciativas de Vilharigues, Alfredo Reis de Melo Cardoso deixava o cargo de Director de Serviço, designação então adoptada, passando a pasta a Aires Alves Lopes, que assume essas funções a partir de 1947 (NV, 1 de Março de 1947). Com base nesta mesma fonte, por essa altura foi enviada uma carta aos sócios a solicitar a sua colaboração, misturando esse pedido com uma lista das realizações feitas por esta mesma Comissão em benefício da terra que a todos une e motiva. Resulta ainda uma outra evidência, a partir da origem dessa missiva: a sede mudara de posto, pois, nessa altura, a correspondência tinha como destino a Praça das Flores, nº 24 – 1º Lisboa. Com um vasto campo de obra feita e de muitas diligências efectuadas, sempre com Vilharigues no coração, se o motivo principal do nascimento desta instituição tinha sido a grande apetência pela energia eléctrica, durante anos o interlocutor foi a empresa Lafões Industrial, Lda, que, em 1949, cobrava 2$00 por Hwh. Mas, logo a seguir, em 1950, já era a Hidro-Eléctrica da Serra da Estrela que surgia nas facturas, sinal de que, nessa área, houvera alteração substancial. Olhando para estes anos, em 1948, sabe-se que cerca de 100 contribuintes estavam a colaborar com a sua Comissão de Iniciativas e Melhoramentos, sendo que, a 25 de Outubro desse ano, havia um saldo positivo de 6500$00, um claro sinal de boa governação e gestão da nova Colectividade. Infelizmente, nem tudo eram rosas floridas. Um episódio policial prova esta nossa conclusão: em 18 de Novembro de 1948, a Delegação local vê-se na obrigação de denunciar um problema que tinha em mãos e que era o de ter sido visitada pela GNR de Vouzela por estar a vender na Sede vinho e aguardente, algo que fazia confusão a muita gente, talvez. Assinaram essa carta, remetida para a Direcção, sita em Lisboa, a pedir informações sobre o que fazer, Fernando Lopes Pereira, João Pereira da Rocha e João de Almeida Bordonhos. Posto isto, logo Alfredo dos Reis de Melo Cardoso escreve a Adelino Souto, comerciante local, para lhe fazer ver que a Delegação só abria depois do comércio da terra encerrar, como que a insinuar que daí poderia ter partido qualquer denúncia, acrescentando um outro argumento de peso: como sócio fundador, deve colaborar e ter gosto em que a CIMV se mantenha, adiantando que vai ser legalizada no Governo Civil de Viseu. Com Biblioteca oferecida também nestes anos finais da primeira década do século XX, em Vilharigues andava-se para a frente com um poderoso motor, cuja energia era toda ela colhida no amor à terra natal… Pelos dados recolhidos, constata-se que a Comissão, primeiro, e a Liga, posteriormente, eram dirigidas a partir de Lisboa, com a designação de Corpo Directivo, o que se manteve durante muitos anos. Deste modo, em 1973, eram seus responsáveis directos os associados João de Almeida Costa, Laurindo de Almeida Cramelo, António Francisco Pereira, Fradique dos Reis, Alfredo Reis de Melo Cardoso (vindo de Lisboa desde há várias décadas) e António Almeida Costa, de acordo com notícia recolhida no jornal “Notícias de Vouzela” de 1 de Agosto de 1973. Em complemento, havia uma espécie de outro órgão de apoio, a Comissão de Obras, a que, nessa mesma altura, pertenciam Fernando Lopes Pereira, Fernando Pereira Torres e António de Almeida Costa (NV, 10/05/73). Em qualquer dos casos, não podemos deixar de dizer que, dentro desta estrutura, havia sempre lugar para a Secção de Beneficência, com missões assistenciais. A componente mais formal, como veremos, aparece bastante mais tarde, sobretudo quando se caminha para a sua reorganização, em meados da década de oitenta, ao estabelecerem-se a Assembleia-Geral, a Direcção e o Conselho Fiscal. - 2 – O desenrolar dos acontecimentos Iniciadas estas tarefas, importava dar alguma atenção ao campo organizativo, sendo primeiros responsáveis os fundadores residentes na cidade de Lisboa, acolhidos na Casa de Lafões, com destaque para as lideranças de Alfredo Reis de Melo Cardoso e Aires Alves Lopes, designando um órgão que foi seu motor durante várias décadas, intitulado o Grupo Directivo. Em termos de documentação, abria-se, em Junho de 1939, o livro das contas com um movimento de 669$00, havendo em quotas 85$50, provenientes do contributo de 24 associados. Com o pagamento da luz pública em Agosto de 1939, logo, em Setembro, eram negativos os saldos desses tempos iniciais. Entre as várias obras levadas a cabo pela Liga, quer a suas expensas totais, quer em cooperação com outros parceiros de iniciativa, podemos citar as seguintes: - Restauro do Nicho ou Alminhas, no centro da povoação, em 1955, com uma despesa de 942$70. - Aqueduto e lavadouro, 1956 – 50$00 - Caminho da Rachada (258$00) e limpeza do Caminho do Cruzeiro (70$00), em 1957 - Beneficiação de fontes e instalação de chafarizes, 1958, com 300$00 - Caminho da Fonte Grande, nos anos de 1960/1961, num gasto de 12935$45 - Ajuda no alcatroamento da EN333, em 1962, com um jantar oferecido aos operários: 200$00 - Obras no Ramal de Santo Amaro – 1970 - Alargamento do Caminho da Estrada Velha e beneficiação de outros no Cabo da Torre- 1971 - Arranjo do Caminho do Cabo da Torre – 1975 - Ajuda na beneficiação do lavadouro público – 1976 A certa altura, há alusão ao recebimento de verbas provenientes das Festas de Santo Amaro, como aconteceu, no ano de 1971, em que as contas reflectem o montante de 1780$00, oriundo dessa rubrica. - 3 – Uma nova fase Com a Sede a estar situada numa casa do Casal Benemérito, Alfredo Reis de Melo Cardoso e D. Adelaide Reis, nos anos de 1984 e 1986, foram dados passos decisivos: em dois testamentos sucessivos, em cada um destes mesmos anos, no primeiro, recebeu-se um valor de 200000$00 (duzentos mil escudos), em generosa oferta (21/08/1984); no segundo, foram estas instalações cedidas à Liga dos Amigos de Vilharigues, a título definitivo (12/02/1986), o que passa a ser um seu importante património. Assim, este prédio urbano, sito às Quintãs, inscrito na matriz com o artigo nº 246, torna-se, para todos os efeitos, espaço de memória e de centro especial desta Associação. Por esses tempos, no dia 7 de Novembro de 1984, seria celebrada uma Escritura de constituição de nova Associação, que acabaria por reforçar a anterior, aquela que era mãe de todas estas ricas vivências e realizações, no Cartório Notarial de Vouzela, sendo os Estatutos publicados no Diário da República, III Série, nº 284, em 10 de Dezembro de 1984, na página 13227. Foram outorgantes desta nova fase os seguintes associados: Aires Alves Lopes, Fernando Lopes Pereira, Carlos Tavares Rodrigues, António de Almeida Costa, António Francisco Pereira, Laurindo de Almeida Cramelo, Eugénio Pereira Almeida Costa, João Ferreira Lino, Baltazar Luís de Carvalho Ramos, Fernando Pereira Torres, Guilherme do Carmo Pereira, Maria Adelaide Rodrigues do Carmo, João Silva Reis e Bernardino Francisco de Almeida. Nascia deste modo a Pessoa Colectiva nº 501614940. Infelizmente, um rude golpe haveria de marcar este mesmo ano de 1984: a morte do fundador e grande dinamizador, Alfredo Reis de Melo Cardoso, que, antes de partir, ainda tinha colaborado com a sua Liga no restauro das obras da Capela de Santo Amaro. Na marcha do tempo e da vida, foram-se perdendo grandes esteios, como Aires Alves Lopes, em#### e###### ####################################### Como primeiros órgãos sociais, logo na citada escritura se faz constar seus nomes: - Assembleia-Geral: Aires Alves Lopes, Carlos Tavares Rodrigues e Baltazar Luís de Carvalho Ramos - Direcção: António de Almeida Costa, Laurindo de Almeida Cramelo, António Francisco Pereira, Maria Adelaide Rodrigues do Carmo, Bernardino Francisco de Almeida Conselho Fiscal: João Ferreira Lino, Eugénio Pereira de Almeida Costa e Fernando Lopes Pereira Ainda neste espécie de segunda fase, se procede a uma alteração dos estatutos, em Assembleia-Geral, realizada no dia 19 de Maio de 1985, em casa do seu Presidente, Aires Alves Lopes, passando então o Artigo 4º a ter a seguinte redacção, sendo Presidente da Direcção António de Almeida Costa: - “ O fim da Liga dos Amigos de Vilharigues é promover o progresso da aldeia de Vilharigues, o bem-estar de todos os seus filhos, naturais ou residentes, prestando-lhes assistência ou beneficência, a cultura e o ensino, sem fins lucrativos”. Em preito de homenagem, não se esquece quem fez bem. Por esse facto, em reunião da AG do dia 10 de Junho de 1986, foi decidido nomear: - Sócios beneméritos: D. Adelaide Reis e, a título póstumo, seu marido, Alfredo Reis de Melo Cardoso - Sócios honorários – José Alves Lopes (Zé Carteiro) e Dr. António Simões No ano de 1988, por ocasião das comemorações das Bodas de Ouro, foram atribuídas medalhas de distinção aos sócios fundadores ainda ali presentes Aires Alves Lopes, João de Almeida Costa e, a título póstumo, a Alfredo Reis de Melo Cardoso, recebida por sua esposa, D. Adelaide Reis. Neste mesmo ano, por proposta de João Almeida Costa, decide-se (AG, 25/10/1987) fixar na Sede uma placa com este texto: “ Nesta casa nasceu Alfredo Reis de Melo Cardoso (1906/1884). Por dádiva de sua esposa, D. Adelaide Reis, debaixo do mesmo tecto continua, em sede própria, a obra que o bairrismo do seu marido fez germinar e, mais, ajudou a crescer”. Três anos depois, em 1991, dá-se início ao profundo restauro da Sede. Mais tarde, em 2005, há outros trabalhos também importantes a este nível, como se pode ler noutro local. Dando corpo ao apoio ao desenvolvimento da aldeia, nos anos de 2007 a 2009, procede-se a obras de reabilitação da Capela de Santo Amaro, em cooperação com Fábrica da Igreja, com a Câmara Municipal, a partir de uma candidatura elaborada com essa mesma finalidade. Uma data está marcada a letras de ouro na história desta Instituição: a da inauguração da Sede renovada, no dia 26 de Setembro de 1993, com a sua bênção, com o descerramento de uma lápide a imortalizar esse progresso, com a colocação de uma fotografia, em preito de memória e homenagem, aos doadores, o casal Alfredo Reis e D. Adelaide Reis. Depois desses anos até hoje, a Liga entrou numa espécie de novos projectos, ao abraçar propostas ligadas a actividades desportivas, sobretudo em conjugação com a Câmara Municipal e com a Junta de Freguesia, cabendo a esta autarquia a cedência das suas instalações. Importante é o seu papel na dinamização do sector educativo, lançando o programa Novas Oportunidades, nos anos de 2009 e 2010, em ligação com o Centro da Martifer, de Oliveira de Frades. Decisiva foi também a acção da LAV na dinamização de novas tecnologias, introduzindo a Rede Digital, Internet, na freguesia, ficando com a responsabilidade de instalação e acompanhamento das diversas operações necessárias a esse capítulo novo de suas actividades, como abaixo também se referirá. Ultimamente, faz parte da Associação Pa(ç)ssos para a Torre de Vilharigues, conjuntamente com a Sociedade Musical Cultural e Recreativa de Vilharigues e Junta de Freguesia de Paços de Vilharigues, a partir da escritura assinada em################ - 4 – Os órgãos sociais ao longo dos anos Neste espaço de 75 anos, muitos foram os responsáveis por esta Instituição, aqui se registando os seus nomes: ################### Anos vários - 1988 e seguintes - Assembleia-Geral: Carlos Tavares Rodrigues, Baltazar Luís de Carvalho Ramos, Luís Trindade Filipe - Direcção: António Almeida e Costa, Laurindo de Almeida Cramelo, António Francisco Pereira, Maria Adelaide Rodrigues do Carmo, Bernardino Francisco de Almeida - Conselho Fiscal: Fernando Lopes Pereira, Fernando Pereira Torres e Eugénio Pereira Almeida Costa - 2001/2003 - Assembleia-Geral: Carlos Tavares Rodrigues, Baltazar Luís de Carvalho Ramos e José Augusto Rocha Reis - Direcção: Fernando Lopes Pereira, Bernardino Francisco de Almeida, Alpoim de Sá Carvalho Marques Pereira, Rui Filipe dos Santos Silva e Maria Adelaide Rodrigues do Carmo - Conselho Fiscal: António Francisco Pereira, Paulo de Sá Carvalho Marques Pereira e Amadeu Rodrigues Cardoso Anos de 2004/2005 - Assembleia-Geral: Carlos Tavares Rodrigues, Fernando Lopes Pereira e José Augusto R. Reis - Direcção: Bernardino Francisco Almeida, José Guilherme Lopes Pereira, Alpoim de Sá Carvalho Marques Pereira, Maria Adelaide R. do Carmo e Fernando Miguel Silva Soares - Conselho Fiscal: António Francisco Pereira, Paulo de Sá Carvalho Marques Pereira e Rui Filipe dos Santos Silva - 2006/2007 e 2008/2009 - Assembleia-Geral: Carlos Tavares Rodrigues, Fernando Lopes Pereira e José Augusto da Rocha Reis - Direcção: Bernardino Francisco de Almeida, José Marques Pereira, Alpoim de Sá Carvalho Marques Pereira, Maria Adelaide R. do Carmo, Fernando Miguel da Silva Soares e Amadeu Pinto Boloto. - Conselho Fiscal: António Francisco Pereira, Paulo de Sá Carvalho Marques Pereira e Rui Filipe dos Santos Silva - 2009/2011 - Assembleia-Geral: Carlos Tavares Rodrigues, Fernando Lopes Pereira e José Augusto da Rocha Reis - Direcção: Bernardino Francisco de Almeida, Ana Cristina Sá Teixeira, Alpoim de Sá Carvalho Marques Pereira, Maria Adelaide Rodrigues do Carmo, Fernando Miguel da Silva Soares, Amadeu Pinto Boloto e José Marques Pereira - Conselho Fiscal: António Francisco Pereira, Paulo de Sá Carvalho Marques Pereira e Rui Filipe dos Santos Silva - 2011/2013 - Assembleia-Geral: Carlos Tavares Rodrigues, Fernando Lopes Pereira e José Marques Pereira - Direcção: Bernardino Francisco de Almeida, Ana Cristina Sá Teixeira, Maria Adelaide R. do Carmo, Ana da Conceição A. Negrão C. Guimarães, Amadeu Pinto Boloto e Carlos Alberto Rodrigues Simões - Conselho Fiscal: António Francisco Pereira, Paulo de Sá Carvalho Marques Pereira e Arnaldo da Rocha Silva - Para a mandato 2013/2015, estão assim constituídos os órgãos sociais: -- Mesa da Assembleia Geral: Carlos Tavares Rodrigues, Fernando Lopes Pereira e José Marques Pereira -- Direcção: Presidente – Bernardino Francisco de Almeida; Secretária – Luísa Marina Pereira Tavares; Tesoureiro – Alpoim de Sá Carvalho Marques Pereira; Vogais – Ana Cristina Sá Teixeira e Amadeu Pinto Boloto -- Conselho Fiscal – António Francisco Pereira, Paulo de Sá Carvalho Marques Pereira e Arnaldo da Rocha Silva - 5 - A entrada em novos projectos Com o avanço de novas necessidades e realidades, a Liga dos Amigos de Vilharigues enveredou pela prática de modalidades até aí não existentes nos seus programas de actividades. Para além das obras e das características assistenciais, envereda-se por uma fase em que entram o desporto, nomeadamente: - Concentração de Cavalos - Jogos desportivos concelhios - Karaté - Ginástica de manutenção - Visitas a diversos locais - Saraus - Encontros diversos Em termos de inovação, cabe aqui uma referência à inovação e à informática com o lançamento da Rede Digital de Paços de Vilharigues No ano de 2009, a Associação deu mais um passo decisivo na sua carreira, adquirindo um terreno com a intenção de aí construir instalações de suporte a actividades desportivas, entre outras, com a designação de Centro de Apoio Cultural e Recreativo ################## Carlos

sábado, 9 de setembro de 2023

Monumento dedicado à Virgem Milagrosa em Campia com 10 anos

Inaugurada há dez anos a Senhora Milagrosa em Campia Carlos Rodrigues Lá bem no alto, em Campia, encontra-se a Senhora Milagrosa que, imponente, a ninguém passa despercebida. Este local de culto, que vem crescendo em afirmação de ano para ano, nasceu de um acto de fé e gratidão no ano de 2013. Numa ligação profunda entre as origens de seus promotores e a Venezuela, a sua construção ficou a dever-se a uma grave doença oncológica que, felizmente, veio a ter um final feliz: a cura de Teresa Cristina. Com 15 metros de altura, foi seu autor o artista e escultor Luís Queimadela. Tendo em conta o culto a Nossa Senhora Milagrosa que fora transmitida a Teresa Cristina por sua avó, em imagem que lhe fora doada e sempre a acompanhou, quando o mal apareceu, a par de todos os cuidados médicos, logo a devoção apareceu como forma de pedido de ajuda em momentos tão difíceis. Graças a essa crença e à importância da ciência médica, o certo é que tudo acabou em bem. Foi essa a altura escolhida para consagrar e perpetuar em monumento religioso esse acto de fé e gratidão, em Agosto de 2013. Dez anos depois, no passado dia 26, foi inaugurado uma nova escultura, “As mãos”, onde se podem ler, destacadas, as palavras citadas, “fé e gratidão”. Em modo de festa, animação, convívio e gastronomia, sem nunca esquecer a vertente religiosa, que foi assinalada em grande, nas comemorações da inauguração deste monumento evocativo da Senhora Milagrosa, a lembrança desta efeméride pôs em destaque dois factos notórios nesta freguesia do concelho de Vouzela: a homenagem à Família local que, investindo fortemente as suas economias na Venezuela e no nosso País, nutre pela sua terra um amor praticamente sem limites. Nesse dia 26, sábado, mais duas obras de arte ali foram edificadas em sua honra – a escultura do “Lobo e do Cordeiro” e as referidas “Mãos”. Aliás, manda a verdade que se diga que Campia vive, na maior parte de seus muitos e diversos investimentos recentes, da generosidade destes enormes benfeitores. Se a componente de desenvolvimento local ali foi posta em evidência e bem mostrada a toda a comunidade, os festejos dos 10 anos da inauguração do citado monumento não ficaram atrás dessa dimensão, constando de várias partes, a saber: missa, procissão de velas, vídeo luminoso da Igreja Paroquial e da imagem da Nossa Senhora Milagrosa, degustação gastronómica e animação folclórica ali não faltaram. Para dar mais brilho e estas cerimónias, houve o contributo dos Grupos Cantares do ídolo, Ribeiradio, Cavaquinhos de Alcofra, Cantares da Pedra do Ar, Carregal/Destriz, Recordações de Campia e JM e Amigos. Com a fé a mover montanhas, nesta freguesia de Lafões o testemunho dessas forças e convicções está à vista de toda a gente. Foi essa recordação de há 10 anos que em Campia se quis comemorar e tal foi conseguido com brilho e o recolhimento que nestas alturas e circunstâncias se pedem. Teresa Cristina, agora com saúde e muita esperança no futuro, sabemo-lo, jamais esquecerá estes acontecimentos. Que a Senhora Milagrosa a continue a ajudar e a todos nós… In “ Notícias de Lafões”, Set 2023

Nova Central de Camionagem em S. Pedro do Sul

Serviços de transportes e as centralidades em S. Pedro do Sul Carlos Rodrigues Com a previsível e rápida entrada em funcionamento da nova Central de Camionagem de S. Pedro do Sul, localizada entre o Parque da Cidade e o Centro de Saúde/SUB, numa zona que começa de ganhar toda a importância que merece, passa a ter esta terra de Lafões uma espécie de nova centralidade. Para trás, ficam, de vez, a velha e saudosa estação da CP e aquela “garagem” que, no cerne histórico da cidade, tantos desses serviços veio a prestar. Este novo empreendimento, orçado em cerca de 840 mil euros e com uma comparticipação de 85%, iniciou-se em 2021, ainda meio em ambiente de pandemia, e agora já se mostra como um edifício e um espaço modernos que trarão outra comodidade e eficiência ao sistema de transportes integrados, em termos intermodais e de concentração de todas as rotas que se dirigem a S. Pedro do Sul, concelhias ou externas. Com uma situação privilegiada entre dois novos pólos de atracção, o fantástico Parque da Cidade, que tem nos Rios Vouga e Sul e nas nogueiras a sua matriz original, a que se acrescentaram uma boa série de novas valências, como parques e diversões diversas, mesas de convívio, bar e outros equipamentos, e o Centro de Saúde, a par da dimensão comercial que ali se instalou e dos Bombeiros de Salvação Pública, sem esquecer os solares nas redondezas, este sinal de modernidade faz toda a diferença. Cremos até que o Bairro da Ponte, que foi durante séculos o “parente pobre” da zona urbana da vila, agora cidade, se regozijará com este empreendimento. Por sinal e estranho que pareça, a alegria de uns será a tristeza e a mágoa de outros, ou seja, beneficia em grande esta parte da cidade, passam a chorar o seu centro, onde durante anos funcionou a velha “Central”, ali defronte da jóia das jóias culturais desta urbe, o actual Cine-Teatro Jaime Gralheiro, e a zona da antiga Estação da CP. Como que retirados da agenda urbana da cidade, se não forem tomadas outras medidas compensatórias, estes equipamentos ficarão para sempre como memórias e pouco mais do que isso. Para aquilatarmos a veracidade actual destas afirmações, olhe-se para as ruas em redor da antiga “garagem”, onde o comércio definha e a degradação imobiliária é uma lástima. Na hora da despedida, aqui registamos algumas notas sobre o Cine-Teatro e a Estação da CP. Vamos a esta: herdeira das morosas e antigas diligências que circulavam pelas agrestes estradas da região, a linha do Caminho de Ferro do Vale do Vouga veio dar uma nova vida a toda a região de Lafões e a este concelho em particular com as estações das Termas e a de S. Pedro do Sul. Para que por aqui passasse, os nossos concelhos foram de uma tenacidade a toda a prova, tendo mesmo lançado na capital o Grémio Lafonense (1911) como marco dessa luta regional. Desta forma, em Fevereiro de 1914, após a conclusão do lanço entre Vouzela e Bodiosa, numa via feita aos pedaços, foram abertas as citadas duas estações, a cargo da Compagnie Française pour la Construction e Exploitation des Chemins de Fer à l`Etranger, antecessora da CP (1947). Até 1990, com um certo interregno pelo meio, assim se viveu. Debaixo deste chapéu de chuva ferroviário, nasceram, prosperam e acabaram por morrer alguns deles um bom punhado de investimentos privados, como a velha Serração e outros que por ali ainda se mantêm. Ganhou-se, porém, depois de uma triste morta da Linha, a Ecopista do Vouga, que, sem ser nem de perto nem de longe a mesma coisa, sempre é algo que nos fica para memória futura e algum deleite presente. Valha-nos isso. Uma outra marca da cidade fica agora mais só – o Cine-Teatro Jaime Gralheiro. Tendo por companheira a velha Central, acaba nestes momentos por perdê-la também. É a vida. No entanto, esta Casa está carregada de história. Reaberta em 2006, após muitos trabalhos de recuperação e beneficiação, fora inaugurada no ano de 1925, com a participação da Empresa Rey-Colaço/Robles Monteiro, numa iniciativa da Empresa Comercial Sampedrense. Situada esta importante, rica e imponente sala na Rua António Correia de Oliveira, esse é um outro seu vizinho de grande estaleca cultural, várias vezes citada para Prémio Nobel da Literatura, convém que se refira. Se, nos anos 60, se viu apoiado este Cine-Teatro pela Sociedade Particular dos Amigos do Cinema, eis que agora ali está renascido e cheio de vida para nos dar. Ficou, no entanto, sem a Central de Camionagem que, diga-se de passagem, também não era o sítio ideal para essas funções. Ei-la daqui a uns tempos em novo local, bem mais arejado e com sinais de um futuro melhor. O mundo é feito de mudanças, ainda que com saudades antigas, e em S. Pedro do Sul também. Quem dera que tudo corra bem. Acreditamos que é isso que vai acontecer… In “ Notícias de Lafões”, Ago/Set 2023

terça-feira, 29 de agosto de 2023

Folclore em Oliveira de Frades

Folclore com calor em Oliveira de Frades CR Numa tarde domingueira de grande brasa, dia seis, o centro da vila de Oliveira de Frades encheu-se de folclore e de evocação dos cortejos de oferendas de outrora, uma iniciativa que teve o selo do Rancho Folclórico Danças e Vozes d`Aldeia. Vencendo a onda de calor, em cima da hora prevista, seguiu-se, em ambiente de Festival e em desfile, da Praça Luís Bandeira para o Parque Urbano, onde se dançou e cantou durante umas horas. Com uma boa organização, ao toque do Grupo de Bombos de Souto de Lafões, partiram os Grupos e os carros alegóricos (tractores em sinal dos novos tempos), carregados sobretudo de produtos agrícolas bem frescos e apetitosos, com as vendas a reverterem para as instituições que aderiram a este evento. Se, na noite de sábado, já tinha havido uma outra manifestação folclórica, tal como noticiámos na nossa edição anterior, esta, a de domingo, teve duas facetas de relevo: a vertente internacional e a vinda dos veículos com produtos tradicionais, transportando-nos para os antigos cortejos em que se ofereciam valores em boa quantidade e em dinheiro ao Hospital da Misericórdia e aos Bombeiros, em alguns casos. Desta vez, a recriação levada a cabo foi apenas um acto simbólico, mas que se revestiu de grande importância com as cinco viaturas das instituições que aceitaram o respectivo convite. Num balanço geral, Abílio Silva, da entidade organizadora, disse-nos que tudo correu bem na noite de sábado e tarde de domingo, tendo havido, no entanto, nesta última ocasião, alguns problemas de insolação, logo resolvidos pelos Bombeiros ali presentes. Acrescentou-nos que esse facto, associado ao muito calor que se fez sentir, talvez possa levar a um outro figurino deste Festival Folclórico, passando-o, por exemplo, para as noites de sexta e sábado em edições futuras. Neste desfile e espectáculo, sempre acompanhado pelo Vice-Presidente da Câmara Municipal, José Luís Lima, houve as seguintes participações: Grupo de Bombos de Souto de Lafões, Grupofolk Ensemble Sloboda (Sérvia), Rancho Folclóricos das Lavradeiras de Vila Franca, Honra e Glória da Arrentela e o Grupo organizador. Compareceram também as viaturas da Horta da Clara, das Festas de Porcelhe, de Souto de Lafões, da ACR de Quintela e a de Travanca/Danças e Vozes da Aldeia. Carlos Rodrigues, in “ Notícias de Vouzela”, Agosto, 2023