sábado, 4 de outubro de 2008

Dinheiro certo e sonhado

Agora que as questões económicas andam mais nas bocas do povo, por razões que não são as melhores - muito pelo contrário! - acabamos de aprofundar os nossos conhecimentos em matéria de dinheiro e do seu aparecimento nos nossos bolsos. Numa teoria de trazer por casa, vemos que há dinheiro com suporte real e um outro que nasce do sonho dos seus mentores, que o inventam a torto e a direito.
No primeiro caso, a moeda tem valor por si mesma, estando coberta por bens seguros. No segundo, não passa de uma miragem, suportada por " produtos " que voam à velocidade da luz: hoje podem ser apetecíveis e com força capaz de se segurarem, enquanto amanhã desaparecem sem deixar rasto.
Ou seja, quando se avalia a economia em função daquilo que não tem existência física, mais cedo ou mais tarde, o desastre virá a acontecer. Faz-nos lembrar uma espécie de conto do vigário em que se propõe a venda de prédios em papel, não correspondendo estes a qualquer realidade.
Ao que parece foi isto que aconteceu por esta altura, negra, quase trágica: sem alicerces, sem pedras, sem casas, sem licenças, sem saber de onde viria a contrapartida, engendraram-se miragens financeiras, alienaram-se bolas de sabão, negociou-se o visível e o invisível e o dinheiro, estendido por elásticos bem frágeis, não pôde aparecer, na altura em que dele se precisou, a sério.
Sem capacidade de mostrar aquilo que foi " oferecido" como o futuro dos futuros, nem este se conseguiu, nem o presente deu as uvas que era suposto ver nas videiras. Sem matéria-prima, agarrou-se em água e esperou-se pelo milagre, mas, desta vez, este ficou pelo caminho.
Agora, sem moeda e sem bens, todos gritam e ninguém tem razão, dando-se lugar às falências em cadeia, como se o mundo, todo ele, nesta globalização de dois bicos, fosse um imenso castelo de cartas, que se desmorona com um pequeno sopro. Para tentar impedir esta derrocada, eis que, no local da origem de toda esta borrasca, surge o programa " salvador". Oxalá, então, que da América venham as uvas, que a água, que se pretendia apresentar como vinho, até existe, mas, neste caso, é moeda falsa, é fumo sem fogo, é casa de cartão, que o vento leva para longe, de onde nunca mais voltará.
Talvez seja o tempo ideal para se repensar todo o sistema financeiro, dando-lhe solidez, credibilidade e segurança. Isto está mau demais para se continuar na mesma cepa torta.

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