sábado, 8 de agosto de 2009

Meu caro Solnado

Vi, há momentos, uma notícia que me arrepiou: morreu Raúl Solnado. Desde há tempos tem este local estado calado, mudo e quedo. Ao regressar, gostaria de o fazer em tom de festa e alegria, espalhando entusiasmo a rodos. Não vim a terreiro porque motivos dessa ordem e com esse quilate não abundavam. Preferi, então, andar com a viola no saco.
Mas este choque de ver partir Raúl Solnado, a alegria por excelência, fez-me repensar o meu teimoso amuo, obrigando-me a vir aqui registar o meu profundo pesar por esta triste e inconsolável viagem deste amigo do riso, da boa disposição, da inteligência criativa e brincalhona.
Volto atrás e vejo-o no ZIP ZIP, com Carlos Cruz e Fialho Gouveia, ouço-o parodiar a guerra, assisto a inesquecíveis momentos de bom humor de alta qualidade, pouca ofensa e muita crítica envolvida em papel celofane, nunca mais esqueço o bom homem e o grande actor que ele foi.
Se pudesse, queria que voltasse a estar connosco, assim de carne e osso, mas, sendo isso impossível, vou recordá-lo para sempre como alguém que me ensinou a encarar a vida com um sorriso nos lábios.
Pela lição contínua que foste, por inteiro, recebe, Solnado, o meu sentido bem haja.
Espera por mim e, quando eu chegar à tua beira, volta a dizer-me tudo, quase sem falar, com os teus gestos e silêncios que eram também um encanto. Podes ficar calado, que eu me fartarei de rir. Porque tu nasceste com esse dom: transmitir alegria e, agora que te encontras desse lado, não vais perder, acredito, essas costela animada e bem festiva. É assim que te vou recordar sempre.
Um abraço.

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