terça-feira, 6 de abril de 2010

Estranhas dúvidas, desde o inquérito ao Leandro a outros mais

Por norma, por defeito de fabrico, por experiências pessoais e profissionais, tenho particular aversão a Comissões de Inquérito e quejandos. Cheira-me, antecipadamente, a um céu carregado de núvens, a um mar com ondas repletas de óleos e outros meios de poluição e, por esses factos, não estou com um pé atrás: ponho logo travão às quatro rodas, acciono todos os bloqueios e, tremendamente expectante, ponho-me à coca, olho de lado, ouvido desconfiado quanto aos resultados que, sei, me vêm ter às mãos.
Como historiador, uso então todos os crivos possíveis e imaginários, a que junto o mais requintado sistema de funis. Pouco daquilo que é produzido nesses cenários me entra pela cabeça dentro: de cem argumentos, talvez fiquem, aí, uma meia dúzia e das pequenas, porventura mesmo com menos de seis unidades, se este fenómeno da matemática alguma vez é possível... Nunca, creio eu, mas arrisquei esta ideia... Peço perdão por isso.
Aquilo que me fizeram chegar, pela Comunicação Social, de que o Leandro nunca foi vítima de agressões continuadas e sistemáticas, para me esquecer do inglesismo subjacente a estes comportamentos condenáveis, não me parece muito lógico. Desconfio, piamente, das conclusões tiradas pelas Instituições que pegaram nesse assunto. Oficiais, para melhor se entender o contexto em que proferiram tão doutas deduções.
Se o Leandro também podia ter alguns pecados em seu desabono, disso pouco duvido, que ninguém é santo de pau, quando o ambiente adverso, ao que dizem, turbilha de todos os lados.
Mas sair da Escola a correr para se atirar ao Tua, traz água demais no bico, muito antes das correntes assustadoras que o arrastaram consigo. Para sempre.
Este inquérito, que me desculpem os seus responsáveis, tem um odor agreste a esturro e a outros ingredientes muito duvidosos... Para mim, o Leandro morreu porque aquela Escola - e, com ela, um pouco todos nós - falhou. Redondamente.
Lavar as mãos à Pilatos, perdão, não me parece o melhor dos caminhos no campo da responsabilização educativa e social que se exige, que se exige, de uma Casa de Educação.
Se me engano, repetidamente, acreditem que o faço por convicção profunda: o Leandro não se foi embora por dá cá aquela palha.
Que deve ter tido as suas terríveis e inquietantes razões, disso pouco duvido. Ou nada, melhor dito.

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