quinta-feira, 22 de julho de 2010

Férias: amanhã poderemos tê-las?

Às vezes, sinto que esta página fica em branco, porque pouco, de monta, tenho a dizer. É a velha teoria do jornalismo que nos mostra a angústia da folha de papel sem nada escrito, tempos sem fim, porque o autor bloqueou. Não é bem o caso, mas para lá caminha: olho para Lisboa e só vejo água do Tejo e um deserto de ideias políticas daquelas que nos possam interessar; viro-me para Bruxelas e também se descortina apenas um leve ar de quem ainda não sabe o que fazer com esta crise prolongada e, cada vez mais, imprevisível. Voltar-me para os EUA, por estranho que pareça, em matéria de políticas sociais, é uma espécie de salvação para as minhas angústias.

A pátria do liberalismo dos olhos fechados, a terra que foi mãe da crise de 1929 e cavou fundo os alicerces da hecatombe de 2008 em diante, foi capaz, por obra de Obama, de criar uma lei-tampão do mundo das finanças.

A minha Europa, mergulhada em crises de identidade, ainda não se (re)encontrou. O meu pais, carrregado de problemas, atira-a à Constituição como num grito de alerta para a saída da crise.
Compreendo esta fuga para a frente: quem vem de novo, busca um palco onde possa gritar alto o que pretende para a sua nação.
Mas esquece-se de um pormenor: o que nos falta, agora, é pão, não palavras.
Sabes, Pedro, a pedra de que precisamos é outra. A revisão constitucional é necessária, mas só lá mais para diante.
No entanto, compreendo tuas ideias e intenções. Mas há um ponto que não podes esquecer: a carga de política social é um dado que dificilmente se pode mexer.
Nesta minha terra, Oliveira de Frades, ainda sentimos o chapéu de uma Zona Industrial que dá algum conforto. Mas tememos algumas sombras que andam pelo ar.
Peço-te um outro cuidado: não deixes morrer a Barragem de Ribeiradio/Ermida, não a abandones, agora que, dizem, a Martifer vai sair desse comboio.
Mas faz tudo para termos uma Barragem com água, muita água e, por via disso, muito turismo.
Não deixes que essa "coisa" das reversíveis aqui se instale.
A energia eléctrica é um bem, mas a terra seca e ressequida de um rio estragado, se o não deixarmos armazenar a água que gera, é medida bem pior que o soneto.
Vês, com estas considerações, Pedro, que a minha Constituição - se bem que te compreendo! - se escreve com pontos mais práticos.
Este e outros: a manutenção da SCUT em zona que não tem alternativas credíveis, neste meu A25, a defesa das escolas, duas ou três, no meu concelho e não uma apenas, com muito autocarro e pouca vida local, a continuação dos apoios às IPSS, etc. etc...
Deixa, Pedro, que mais gente sonhe e possa ter férias, sinal de que o mundo estará bem melhor.

Sem comentários: