quarta-feira, 28 de julho de 2010

Escolas a encerrar

Que as escolas encerram, disso não tenho dúvidas. Algumas delas, sejamos claros, o fruto desta época, a demografia negativa, a desertificação irritante e evitável, o desmando em planear correcto e com uma visão de futuro, tudo isso fez descambar o mundo em que vivemos décadas e décadas, num processo que não é assim tão velho como parece, levando ao fecho de muitos estabelecimentos escolares.
Se a educação obrigatória é um fenómeno novo, se o Plano dos Centenários nasceu na década de quarenta do século passado- o que mostra mais uma das características efémeras das nossas políticas - e se, ainda há pouco tempo, andámos para aí a erguer bandeiras de escolas em cada canto, agora estamos a pagar a factura dessas ideias e sonhos: ter as nossas crianças a aprender à beira do borralho é chão que deu uvas. Mas tudo pode ter uma segunda oportunidade e, um dia, talvez se volte à primeira forma...
Agora é a maré de se avançar para os mega agrupamentos, para a escola sem rosto, para a educação deslavada, para o primado do autocarro e o fim dos professores, educadores, agentes sociais, dinamizadores das comunidades, pensadores, ensaiadores, autarcas, amantes das culturas locais, enfim, gente de corpo inteiro que, a par do seu local de trabalho, dava muitos outros ares de sua graça.
Tudo isto está a fugir.
Até em Oliveira de Frades.
Se o " Expresso " pede um ponto para assinalar mais uma escola que tranca as portas, este ano, em Oliveira de Frades, tal não se não vai fazer. Felizmente. Mas a ESCOLA GRANDE está a caminho, mais ano menos ano e o MEGA AGRUPAMENTO, esse, até já nasceu de parto doloroso e com pais duvidosos. Mas viu a luz do dia, infelizmente.
Se não defendo as escolinhas de bolso e de lareira, a média de 70/100 alunos no primeiro ciclo, a interligação com os Jardins de Infância que se ergueram e agora estão mal aproveitados, antes que se pense nas creches locais, seria uma bitola a considerar, numa dinâmica que fizesse instalar comunidades escolares e sociais integradas, de modo a valorizar as valências desportivas, as bibliotecas, os centros diversos.
Ao Ramiro Marques, que tanto se debruça sobre estes temas, um abraço, oferecendo-lhe esta reflexão.
A quem decide, que pense bem antes de dar machadadas sem retorno.
A educação é valiosa demais para andar sempre em experiências.
Disso está o mundo cheio e a formação vazia...

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