quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Adeus, dorido, meus Bombeiros

Sinto que o céu está demasiado escuro, mesmo que seja ainda dia e muito dia. Não é apenas o fumo intenso que o tolda. Não. Nele se pode ver que tombaram, em plenos incêndios, dois Bombeiros, um em S. Pedro do Sul, o fogo dos fogos deste ano de 2010, outra, em Gondomar.
Vê-los partir é uma dor-ferida que dificilmente deixa de sangrar. Cair em maré de dádiva total aos outros e seus bens é uma ida cheia de glória, mas é um sacrifício que nos esfrangalha o próprio ânimo.
Se este calor de Agosto se revela estranho, porque queima em Portugal e na Rússia e arrasa de água o centro desta nossa Europa, por aqui são demasiado fortes os seus sinais. A morte é, sem dúvida, o mais duro golpe deste Verão quente e cheio de fumo.
Se o calor mata por si mesmo, se este potencia outras causas de partida anunciada, o desenlace de gente que tudo dá sem nada querer em troca, os Bombeiros, torna-se um peso demasiado, um poço sem fundo de tristeza e desconsolo.
Mas este facto de saber que a morte os encontrou em actividade meritória e voluntária, em vinda sem regresso para ajudar os outros, mais nos faz sentir o apreço enorme - e sem medida que temos por estas pessoas de alma enorme! - que nos prende da cabeça aos pés.
Alcobaça e Lourosa estão de luto.
Mas eu também.
Dolorosamente, muito doridamente.
Obrigado, amigos que nos deixaram.
Saibam que nunca vos esquecemos, assim como recordamos Sintra, Águeda, Armamar, Oliveira de Frades, Ventosa-Vouzela e tantos outros locais onde um qualquer Bombeiro caiu, bem de pé, para sempre.

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