quarta-feira, 10 de julho de 2013

Grande festa, a da Nossa Senhora Dolorosa, em Ribeiradio

Nossa Senhora Dolorosa em Ribeiradio, 330 anos de festas Para a grande romaria de Lafões, que é a festa de Nossa Senhora Dolorosa, em Ribeiradio, um evento religioso e profano que assenta numa longa tradição, muito contam as razões que, no entendimento daquele seu laborioso povo, são o suporte e origem destas comemorações: estamos a lembrar-nos dos «milagres» que levaram à extinção duma perigosa praga de gafanhotos e lagartos, em 1681 e à ultrapassagem das dificuldades de um duro inverno de 1706. A partir destas duas vitórias, a festa cresceu a olhos vistos, dizendo-se no Santuário Mariano, obra do século XVIII, que ali afluíam multidões das redondezas e de muitos lugares distantes, incluindo o Porto. Eram enchentes atrás de enchentes, tal como acontece na actualidade. Nesta terra, que serve de fronteira entre Aveiro e Viseu, entre Oliveira de Frades e Sever do Vouga, que teve vias de inegável sucesso, a ER 41/EN16 e a via férrea, e que hoje são uma saudade e uma dor, por terem desaparecido, ou perdido valor e importância, contam-se cerca de seis dezenas de povoados e nenhum se conhece pelo nome de Ribeiradio, pois que é aquele «todo» que assim se chama, em homenagem a um velho ídolo que por ali se fez notar. Dizem. Mas, mais do que estas lendas, esse documento religioso, o aludido Santuário Mariano, reza assim: “… Aquele grande distrito da ribeira (no meio do qual) se vê o Santuário de Nossa Senhora de Lourosa (era deste modo que se designava)… foi antigamente a matriz de todas as freguesias vizinhas – Igreja de Santo Estêvão na vila de Couto de Esteves, de S. João Baptista de Cedrim e da de S. Miguel, aonde hoje pertence e é matriz…” Mais adiante, acrescenta-se: “… As ofertas da casa da Senhora são do pároco, que é vigário porque os dízimos pertencem a uma Comenda… (Por ser) a melhor do bispado, a provêm os senhores bispos em pessoas nobres … Parece ao longe uma cidade, ou fortaleza inexpugnável… Na fábrica da Igreja se reconhece a sua muita antiguidade … (com) reparações em 1685/1688… “ Recua-se ainda bem mais no tempo quando se afirma que a Quinta de Lourosa foi doada a Pedro Forjás, em 1154, o que pode fazer supor um templo a remontar a esse período da Idade Média. Sem provas, para já, ficam estas referências como pistas ou suposições, mas não nos custa aceitar que assim tenha acontecido. Como quer que seja, 330 anos são passados sobre a tal praga de gafanhotos, talvez este um facto histórico e a raiz da imponente Festa de nossa Senhora Dolorosa, a maior de todas nestas redondezas. No início do século anterior, em 1903, constitui-se a Associação de Piedade e Beneficência com o nome de Confraria de Nossa Senhora Dolorosa, aprovada pelo Governo Civil e Governo Eclesiástico nesse mesmo ano. Até o Sumo Pontífice, o papa Pio X, em 15 de Dezembro a vem consagrar. No campo de tudo quanto representa para Ribeiradio a sua Festa, por excelência, que mobiliza todos os anos, dedicadas Comissões, entronca ainda a lenda da Pia Baptismal que, retirada dali, ali teve de voltar, sossegando-se depois. Lá em baixo, na Igreja de S. Miguel, não se dava bem. Dizem. Com um Santuário, que foi objecto de grandes obras de ampliação e restauro há curtos anos, de inegável imponência, não podem esquecer-se a beleza da imagem de NS Dolorosa, em pedra de Ançã, os riquíssimos quadros, que, segundo consta, estão relacionados com o próprio Vasco Fernandes, o espaço e adro envolventes, o cemitério, a feira dos oito, hoje, um pouco mais longe e nos segundos domingos, o coreto, a Casa dos Arcos, etc. Nem a Banda Marcial Ribeiradiense nascida em 1890/1891. Sendo esta freguesia conhecida pela sua dinâmica social e associativa (ver NV de há tempos), no plano religioso, temos a destacar estas capelas: S. Domingos, Cancela; Santa Ana, Souto Maior; Santo Afonso, Paredes; Santo António, Galegas; Santa Susana, Alagoa; S. Brás, Espindelo; Gruta do Anjo, Campanário. Como é lógico, não podem esquecer-se a Igreja Paroquial de S. Miguel e ainda um significativo Calvário, no lugar do mesmo nome, o Monte Cadafaz, as alminhas e tantas outras formas de religiosidade popular. Com tantos motivos de interesse, o maior de todos está na Festa. Ir é preciso. E regalar-se com tamanho encanto de um vasto programa que a Salete Costa vai explanar. Carlos Rodrigues

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