terça-feira, 30 de julho de 2013

O tempo e a velocidade num comboio falecido...

Há dias, por acaso, dei de caras com um velho horário dos comboios que faziam a ligação entre Espinho e Viseu e vice-versa, aí pelos anos cinquenta do século XX, não AC, mas DC. Em termos ascendentes, tínhamos estas circulações: nºs 841, 823, 801, 829 e 803. Para a distância entre estas duas cidades, que não andará muito longe dos cento e tal quilómetros, mais dezena (s), talvez, pisavam-se os carris durante mais de cinco horas, como se vê pelo horário do nº 823, que saía de Espinho às 7.05 horas e chegava a Viseu às 12.55 h. No sentido inverso (Viseu-Espinho), havia os nºs 824, 802, 832, 804, 844 e praticamente o mesmo tempo de viagem, avaliando-se isto, por exemplo, através do nº 824, que partia de Viseu às 6.35 horas e parava em Espinho às 11.55 h. Diga-se que havia uns mais rapidinhos, na ordem das quatro horas (802) e outros mais ronceiros que faziam consumir a paciência dos passageiros aí umas sete horitas (832). Convém que se diga que havia um ponto intermédio de envergadura, que fazia e derivação para Aveiro: a Estação da Sernada, esse mundo ferroviário, que hoje definha a olhos vistos e onde tudo morre aos bocadinhos, de uma forma profundamente desumana e de lesa-património. Quando hoje tudo se mede ao minuto e ao segundo, quando de Aveiro a Lisboa, no Alfa ainda muito preguiçoso, se gastam pouco mais de duas horas, estes números aqui ficam para medirmos distâncias temporais e, mais do que isso, sociológicas. A este nível, deve afirmar-se que a Praia da elite viseense, de S. Pedro do Sul, Vouzela, Oliveira de Frades e por aí abaixo, era, nessas épocas, a bela Espinho, onde se chegava cansado e chateado de tanta pouca-terra, pouca-terra, pouca-terra e muito carvão e fumo engolidos. Mas havia uma imensa alegria, de um lado ao outro: as paisagens eram (são) de sonho!...

1 comentário:

F. J. Branquinho de Almeida disse...

Levavam-se os calções de banho até ao joelho, a toalha e, quantas vezes, um cesto com a merenda e um garrafão de morangueiro, rsrsrsr... Espinho era, nesse tempo, como bem diz o "frei", a praia do Vouga!