terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Em tempo de chuva, falar de floresta é exercício preventivo...

A floresta em Oliveira de Frades, uma pequena visão Em tempo de incêndios, que são o nosso pavor de todos os verões, ao olharmos para a floresta do concelho de Oliveira de Frades, não obtemos um quadro que seja muito diferente dos municípios vizinhos, da região em que se integra e do interior nacional em geral. A haver especificidades, que as há, são mais do domínio dos pormenores que de leitura global. Numa viagem breve e não muito aprofundada, são visíveis alguns aspectos que resultam de acções de ontem e de hoje, com infraestruturas construídas ao longo dos tempos, umas em bom aproveitamento, sempre que necessário, outras nem por isso, ou pior, não passam de esqueletos mortos que os homens foram continuamente esquecendo. Neste último caso, temos o Aeródromo da Pedra da Broa, que nasceu sob um espírito de visão de futuro, ligado ao combate a fogos florestais, em apoio aéreo, campo em que foi muito útil, mas que a incúria de alguns responsáveis do sector, para não falarmos em outro tipo de atitudes, se encarregou de ir apagando do mapa. Por ali vegeta em triste e lamentável abandono. Contrariamente a esta área, a dos pontos de água, recordando de cor alguns deles, continua de pedra e cal ao serviço dessas causas: referimos a Vessada do Salgueiro, o Rio Águeda, em Paranho, o Rio do Carregal, a Barragem das Cainhas ( em emergência, por se destinarem as suas águas a consumo público), a de Pereiras (de rega), o Rio Vouga, o Teixeira e o Alfusqueiro, como reservas naturais, entre outros. Também em matéria de aceiros e caminhos, há obra a registar e que ainda hoje é bom suporte em travão ao avanço das chamas e em acessibilidades, podendo dizer-se, como se lê em “ O risco de incêndio no distrito de Viseu – uma visão integrada das estruturas existentes, Helder Viana, Nuno Amaral e Rui Ladeira, Governo Civil de Viseu, 2005”, que há “… uma boa densidade de estradas e caminhos florestais”, até porque, de 1997 a 2003, ano da extinção das CNEFF, este concelho viu serem aplicados nestas áreas de apoio à floresta322795,50 euros, um dos maiores investimentos a nível distrital. Há, ainda, dois equipamentos, que, sendo pertença da Direcção Geral das Florestas, são de um inestimável valor, falando nós aqui dos Postos de Vigia de Arca (Urgueira) e do Ladário (Cruzes), com os identificadores 150 e 151, respectivamente, e ambos na região da Beira Litoral, freguesias de Arca e Destriz, de acordo com as informações da página oficial. Ladeiam estes pontos, os de Sever do Vouga, Arestal e Doninhas, de S. Pedro do Sul, Gravia e S. Macário e de Vouzela, Penoita. Destinados a detectar focos de incêndio e a comunicá-los, logo de seguida, são peças essenciais e determinantes no campo do combate aos fogos que despontam, até porque estão alerta 24 horas por dia, nas épocas determinadas para esse efeito. Com uma Associação de Bombeiros com grande força de operacionalidade, a actuar nos 14535 hectares do concelho e nos seus 8847 ha de floresta, constituindo 60.9% daquele total, com dois grupos de Sapadores, em Oliveira de Frades, a Verde Lafões, e em Ribeiradio, a Biosfera, meios humanos, a esse nível, não escasseiam. Mas há condições e adversidades que têm de estar em linha de conta, desde o clima à falta de limpeza das matas, primeiro, em grossa omissão dos próprios Serviços Florestais e, depois, também dos particulares, estes a olharem para mais essa despesa, na ordem dos 350 euros por hectare, muitas vezes sem quaisquer resultados práticos, porque, se houver uma falha na vizinhança, é dinheiro deitado ao lixo, sem apelo nem agravo. Ao aludirmos aos Serviços Florestais, vejamos os respectivos Perímetros, partindo da fonte citada, em que se integra o município de Oliveira de Frades, o que dá uma ideia dos agentes que têm a direcção destas matas, com a inerente confusão que pode gerar: CARAMULO – Vouzela, Oliveira de Frades (OFR) e Tondela; LADÁRIO – OFR, Vouzela e Sever do Vouga; PRÉSTIMO – OFR e Águeda; VOUGA – OFR e S. Pedro do Sul; ARCA – OFR e Vouzela e S. PEDRO DO SUL – SPS, OFR e Castro Daire. Com uma taxa de arborização de 53.7% e uma média de 2.1 ha de superfície por unidade de exploração, em meia dúzia de parcelas, eis os ingredientes para as dificuldades que há em encontrar o bom ponto de equilíbrio e as melhores respostas preventivas, que passam muito pelo corte dos matos em tempo útil. Tendo como outra fonte a www.unimadeiras.pt, constata-se que, com enfoque na produção de eucaliptos, em áreas das explorações, temos estas percentagens, regra geral: até 1 ha – 55%; de ½ a 1 ha – 19.70%; de 1 a 2.5 – 17.60%; de 2.5 a 5 – 4.20%; de 5 a 10 – 2.20 e com mais de 10 ha apenas 1.30%. Isto diz tudo quanto a índices de dispersão e dificuldades de gestão e rentabilização. Operando nas freguesias de Pinheiro de Lafões, Arcozelo das Maias, Ribeiradio e Destriz, em 2011, a Unimadeiras levou a cabo operações de controle de vegetação, fertilização, selecção de rebentos, manutenção de caminhos, etc. Ali se cita uma ideia veiculada pelo então Secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e da Floresta, que, no ano de 2006, em pleno monumental incêndio que destruiu a Serra do Ladário, veio declarar que este mesmo Baldio seria um dos primeiros a ter um Plano de Gestão Florestal devidamente concluído. Temos de confessar que não sabemos se assim aconteceu. Entretanto, nesse mesmo ano de 2006, aprovara-se o Plano Regional de Ordenamento Florestal do Dão e Lafões, com o Decreto Regulamentar nº 7/2006, de 18 de Julho, publicado no DR nº 137. Se muito mais haveria a dizer sobre estas matérias, uma das outras condições de cuidados a ter com a floresta está na constituição, em 2005, do Gabinete Técnico Florestal, que tão boa conta de si tem dado, desde então até agora. Porém, sendo este sector um poderoso meio no xadrez das nossas economias locais, muito dele haveria a dizer. Mas hoje ficamo-nos por aqui, com votos de que seja e se mostre sempre muito próspero. Carlos Rodrigues, “Notícias de Vouzela”

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