quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Voltas por S. Vicente de Lafões

Pelas nossas terras - S. Vicente de Lafões, a dois passos da sede do concelho Com cerca de 751 hectares, a freguesia de S. Vicente de Lafões ocupa uma zona planáltica de média altitude, situando-se em posição contígua à sede do concelho, Oliveira de Frades, tocando, curiosamente, no município de Vouzela nas freguesias de Paços de Vilharigues e Cambra. Com uma posição privilegiada e a rondar os setecentos e cinquenta habitantes, espraia-se pelos lugares de Água Levada, Bandonagens, Cajadães, Corredoura, Postasneiros, Santiaguinho, S. VICENTE, Sernada e Sernadinha. Tem na agricultura e na avicultura os seus principais polos de vivência económica, mas é nos sectores secundário e terciário que se emprega a maior parte de sua população. Local escolhido por diversos povos para ali se instalarem, assistiu a importantes obras pré-históricas, de que há vestígios de uma anta, com pinturas, situada na coordenada Gauss W978145, bem perto da EN 333, que liga Caveirós a Vilharigues, e que já tive o prazer de visitar com meu Amigo e Colega António Nabais, sendo, porém, a marca romana aquela que mais se evidencia, na estrada que passa por Cajadães, Postasneiros, onde há um dos mais afamados troços de toda a região de Lafões, Santiaguinho, limites da Sernadinha, prosseguindo por esse mundo além. Também os árabes, por via de Aben Donages, aqui estiveram presentes, deixando-nos Bandonagens, como prova toponímica. Com localização na Corredoura, a Igreja Paroquial pode ter existido noutros pontos, havendo algumas referências que indiciam essas mudanças, quer em “Terras de Santa Maria”, quer nas “Igrejas Velhas”, sítios que se podem ver nesta mesma freguesia e que a podem ter acolhido noutros tempos. Em nomes mais duros, o “Campo da Forca” e o “Homicidia” remetem-nos para tristes acontecimentos, que aqui, porventura, tiveram lugar. Deixando de lado esses aspectos menos recomendáveis, voltando à História, são vários os documentos que atestam a longevidade destas paragens: 1086, 1092, 1100, 1258, 1527 e aí por diante, sempre S. Vicente de Lafões teve honras de registos imortais. Um deles fala-nos da Irmandade de Nossa Senhora da Assunção de Cajadães, fundada no ano de 1687, com aprovação em 1688 pelo Dr. Cristóvão de Quintanilha, provisor do Bispo de Viseu, de que era prelado o bispo inglês, D. Richard Russel, como se lê no Santuário Mariano, transcrito no livro “Oliveira de Frades”, da autoria de António Nabais, natural desta mesma paróquia, de mim próprio e de Manuel Martinho, um bom Homem desta Casa durante muitas décadas, com edição da CM de Oliveira de Frades, em 1991. Em termos de dados notórios, em 1795, a Companhia Geral do Alto Douro explorava aqui um destilador de aguardente, enquanto que, em 1910, era constituída uma Comissão Paroquial Republicana pelos Padres António Dias D’Almeida, Joaquim Pereira dos Santos Aragão e ainda Bernardino Pereira, sendo substitutos Joaquim Pereira dos Santos e José Francisco Mariano. Escolarmente, a Corredoura e Cajadães foram os locais fortes da freguesia, havendo também um Jardim de Infância no edifício da Junta de Freguesia, este imóvel inaugurado em 1993. Com uma antiga Estação do Caminho de Ferro do Vale do Vouga, ainda de pé, e um Apeadeiro no Fojo, em Ferreiros, eis outro bom testemunho da importância que sempre demonstraram estas localidades. A zelar por estas terras, lá temos o S. Vicente, a Santa Eufêmia, o S. Tiago, a Nossa Senhora da Assunção, a Nossa Senhora do Rosário em festas anuais. Recorda-se ainda a extinta Filarmónica que deixou de actuar em 1883. Com várias unidades comerciais, sobretudo em Cajadães, na Corredoura e S. Vicente, é de destacar-se a sua componente de restauração. Rica é também a sua floresta, parte dela a explorar pela Portucel. Passado há aqui e futuro também. E ainda bem que assim é.

Sem comentários: