quarta-feira, 18 de março de 2015

Imperfeitos somos todos

Vivemos o reino da imperfeição Para quem anda por este mundo e, no mínimo, passou pelos bancos da Catequese, mesmo daquela que privilegiava as orações aprendidas como a tabuada, um mais um dois, rogai por nós, pecadores, livrais-nos do mal, ámen, tem a clara noção de que a perfeição, total e absoluta, só Deus a tem. Agora, em 2015, neste seu primeiro trimestre, reforçou-se esta ideia, com as palavras de Pedro Passos Coelho, que assumiu essa frágil condição humana de não ser um cidadão perfeitinho como se pressupunha. Temos de confessar que tem toda a razão. Acompanhando-o nesta sincera e humilde confissão, mal de nós que assim somos também! Logo, vivemos todos essa tragédia de carregarmos o fardo pesado de quem não escapa a ser sempre assim, porque a divindade não está ao nosso alcance. Humanos, erramos e pecamos todos os dias e em toda a hora. Há, porém, um pormenor que distingue umas das outras pessoas: umas sabem que têm compromissos fiscais e de segurança social a cumprir, outras nem por isso. Com mais ou menos esforço, muita gente faz por se lembrar, sempre, que não pode deixar de lado essa obrigação. E, se o não fizer, implacáveis, torcionários e cegos, lá vêm os Serviços respectivos para tudo fazerem pagar com língua de palmo, ameaçando com juros especulativos e desumanas penhoras, desde as belgas ao berço. Essa é que é a diferença. Acrescenta-se ainda um novo pormenor: uns, 9999999 de pessoas, são cidadãos comuns. Pedro Passos Coelho é Primeiro-Ministro, o lugar dos lugares em termos de responsabilidade e visibilidade, mais até do que o do Presidente da República, que, às vezes, deveria era estar caladinho, do todo. Por esse facto e por todos os demais, não pode PPC invocar nem o esquecimento, nem a falta de dinheiro ( uma praga que nos esfola a todos), nem outras desculpas esfarrapadas de igual e má categoria. Sem sabermos o que vai dizer quarta-feira na Assembleia da República, estamos a escrever estas linhas com as fontes que temos e não essas que podem vir a surgir. Lamentamos ter de dizer que nos sentimos num País onde a confiança anda pelas ruas da amargura, onde o futuro tem manchas negras demais e onde vislumbramos imperfeições a mais, sendo que precisamos é de GENTE com outra marca e imagem. Pecadinhos todos os têm, mas saibam assumir-se essas fraquezas e não nos ponhamos todos a atirar areia para os olhos do povo, que sabe muito bem distinguir água de azeite. Vendo mais para o lado e para outras direcções, estes males são o pão nosso de cada dia e atingem muitas outras áreas, não sendo, sequer, necessário enumerá-las. Esse é que é o problema: está podre a nossa sociedade! Esse é o medo que nos assalta a cada momento. Se assim é e é, arrepiemos caminho, antes de perecermos no lodaçal em que estamos enterrados, apenas com o pescoço de fora, talvez por pouco tempo. Apre, isto é lepra a mais para corpos tão frágeis. Santo Deus!... Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Março, 2015

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