quarta-feira, 28 de outubro de 2015

A importância das carnes e cautelas a ter, mas nada de pânico, cremos nós...

Agrupamentos de Defesa Sanitária (ADS) em dificuldades, a nível geral - Oliveira de Frades lá vai resistindo Tempos houve, não há muitas décadas, em que falar-se em Agrupamentos de Defesa Sanitária (ADS) era sinónimo de bem-estar e saúde de nossos animais, porque estes serviços, meio públicos, meio privados, estavam ao serviço dos agricultores e criadores de gado um pouco por todos os concelhos. Em Oliveira de Frades, isso era uma certeza e uma evidência. De momento, se o nível geral é de incertezas, localmente também o panorama não vai muito bem, mas francamente aceitável, para as limitações que tem vindo a sofrer. Constituídos para defesa da qualidade de saúde dos nossos gados, a Portaria 1088/97, de 30 de Outubro, DR nº 252/97, I Série B, que tem a ver com o Regulamento de Constituição e Funcionamento dos ADS, consagrava, nos seus objectivos, para as antigas e novas instituições desta natureza, a necessidade de se assegurar o controlo sanitário, prevenir e combater as doenças infecto-contagiosas, fazer a identificação dos efectivos pecuários, melhorar as suas condições higio-sanitárias nas explorações, dar formação aos criadores, entre muitas outras tarefas inerentes a este importante sector do nosso mundo rural. Durante anos, assim foi acontecendo, salvo um outro pormenor menos bem conseguido. Numa espécie de convicção, por sinais que recebemos de um lado e de outro, não nos parece que se navegue em condições muito saudáveis quanto a estes ADS e isso traz-nos algumas dores de cabeça e é mais uma machada na nossa já frágil agropecuária. Em busca de respostas, fomos bater a algumas portas, onde sabemos que há informação fidedigna, como exporemos, de seguida: Começámos por falar com o Dr, Manuel da Silva Florindo, um oliveirense, veterinário e muito ligado a estas andanças, até na sua qualidade de alto responsável distrital por esta área, que nos disse, logo, que, num problema que está na base da boa saúde pública e respectivos cuidados primários, que devem iniciar-se pela atenção dada aos animais, o Governo tem-se posto muito à margem daquilo que deveria fazer. Para além de ainda não ter pago as verbas referentes aos apoios de 2014 ( e já só comparticipa em 25%), no que se refere ao ano de 2015, tudo aponta para que empurre toda a responsabilidade para os criadores, pelo menos tem sido essa a intenção manifestada nas reuniões em que tem participado. Numa zona em que cada agricultor tem pouco mais de dois a três animais, quando o mínimo para alguma entrada de capitais europeus é de explorações com mais de dez reses, é fácil adivinhar os constrangimentos que estas restrições acarretam: sem meios para custear a ADS, opta-se por andar ao deus-dará e isso não é bom para ninguém. No entanto, como dissemos, no concelho de Oliveira de Frades, o ADS vai continuando o seu caminho, como nos informou Geraldo Almeida, seu funcionário, mas sem o vigor de outras épocas. Com cerca de 400 agricultores inscritos, no campo etário dos cinquenta anos para cima, em regra geral, nota-se uma certa diminuição, sobretudo para quem possui um ou dois animais, a partir do momento em que se começou a falar das inscrições nas Finanças e necessidade de se colectarem. Essa indicação funcionou como um perigoso travão. Apesar destas restrições, estão inscritos e a receber todos os cuidados sanitários cerca de 750 grandes ruminantes (bovinos) e 3500 bovinos e caprinos. Se este último número se destaca, comparando com 1988 ( ver Monografia, 1991), em que havia 1354 cabras e ovelhas, no que diz respeito aos bovinos há uma clara diminuição, passando-se de 3078 (1988) para os tais 750, em 2014. Nessa altura, o gado leiteiro estava na moda e hoje praticamente desapareceu. Com a responsabilidade do médico-veterinário, Dr. Luís Malafaia Novais, duas vezes por semana, vai-se para o campo fazer recolha de amostras e dar apoio aos produtores, atendendo-se ainda todas as solicitações que forem surgindo. A Direcção é constituída por Joaquim Gonçalves Fernandes, Presidente, José Manuel Vieira e Adriano Vicente Ferreira, que, no meio de tantas adversidades, têm conseguido manter vivo este organismo da nossa lavoura, que não pode cair nas ruas da amargura. Por aquilo que, aqui, viemos a descobrir, vá lá: a resistência e a vontade de seus dirigentes e funcionários são a prova de que, com esforço, mesmo num mar turbulento, é possível resistir. Mas as queixas apontadas pelo Dr. Manuel Florindo são, também em Oliveira de Frades, muito sentidas. No dia em que os apoios entrarem nos eixos e o Governo passe a olhar para a nossa agricultura com a atenção que deve ser exigida, tudo pode vir a melhorar. Os animais e a nossa saúde agradecem que assim venha a acontecer. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Agosto, 2014 NOTA – Quando agora se fala tanto em cuidados a ter com certas carnes e suas formas de tratamento, em virtude de um alerta da Organização Mundial da Saúde, temos de analisar estas dicas com o bom senso de sempre: qualquer alimento em doses industriais comido sofregamente é altamente perigoso. Agora, se houver contenção, não nos parece que possamos pensar que as carnes são a causa de tanto mal como se quer fazer crer. Cautelas, sim, pânico, nada disso, palavra de leigo…

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