sábado, 10 de outubro de 2015

Reflectir a sério sobre os cenários pós-eleitorais

Eu sei que a vitória da Coligação foi curta, mas corresponde a mais votos e ao primeiro lugar. Sei que o PS ficou em segundo, que o BE alcançou, com mérito, o terceiro lugar e a CDU, aumentando a sua votação, segurou o seu universo eleitoral. Sei que o PAN entrou no Parlamento. Sei tudo isto e muito mais: sei que o meu País está num tempo em que as decisões não são fáceis. Nem o PR pode agir. Sei que há possíveis cenários para encontrar um Governo. Sei que todas as soluções são periclitantes. Sei que o PS balança entre dois mundos. Sei que as suas gentes estão profundamente divididas. Sei que quem votou PS o fez por saber que é Partido pró-europeu. Sei que BE e PCP, a esse nível, nem por sombras. Também sei que dentro do PS há quem se incline para uma ligação a estes dois Partidos e que António Costa é, nestes momentos, um homem no meio de uma ponte que treme por todos os lados. Sei que, modestamente, lhe posso dar uma ajuda: se olhar maduramente sobre o território português, verá que o nosso espaço tem duas manchas distintas - até ao Tejo, cores quase só da Coligação, distrito a distrito. Daí para sul, na realidade o panorama muda de figura, com tons mais avermelhados. Só que a primeira coloração advém duma opção segura em propostas concretas, as do PàF, que disse ao que vinha. A sul, há três projectos bem distintos em cima da mesa. Quem votou em cada um destes Partidos olhou para cada um deles e não para o seu conjunto. Aliás, as diferenças e as oposições entre eles são óbvias. Logo, não é líquida a leitura que quer fazer crer que representam uma única alternativa. Se o quisessem fazer, fossem a jogo em conjunto. Assim, duvido que seja linear um certo raciocínio que para aí circula. Se é legítimo, em termos constitucionais, que sejam chamados a poderem entrar em acção, mesmo com essas visíveis diferenças (Ver a demissão de Sérgio Sousa Pinto, por exemplo) em segunda "convocatória", primeiro tem de ser seguida a postura mais correcta: dar voz a quem venceu. Claro que assim é. Com a vida que temos, pede-se aos Partidos que saibam ler bem o futuro. Este não dá para se brincar muito aos governinhos. Nada mesmo.

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