terça-feira, 20 de outubro de 2015

OLiveira de Frades e seus fluxos populacionais

Dinâmicas populacionais em Oliveira de Frades Esta é uma terra, que estando situada em zona de charneira, entre o litoral e o interior (sendo que, por exemplo, no A25, nó de Reigoso, a distância quilométrica entre Aveiro e Viseu é precisamente a mesma), não sofre tão corrosivamente os efeitos do despovoamento e da desertificação característicos do interior, puro e duro. Se as coordenadas geográficas ditaram esta boa localização, se o vale dos rios adoça o clima, se a floresta ajuda a que chova, tudo isto, naquele prisma, seria em vão se os homens não tivessem cuidado deste chão com o carinho e a dedicação que ele merece. Com a sua acção, olhando para uma agricultura a esvaziar-se ao longo dos tempos e desde há décadas, a busca de outros meios e vias de subsistência levou a que se acautelasse, na medida do possível, o futuro. Devido a essa pró-actividade, que teve nos peixeiros e nos avicultores, antes da fase da industrialização, o vento benfeitor que empurrou o progresso, as populações não debandaram em grau idêntico ao que aconteceu noutras paragens. Mesmo assim, nem tudo foram rosas por aqui. Em termos de habitantes com menos de quinze anos, notou-se uma diminuição significativa entre os censos de 1960 e 1991, que é o espaço temporal que estamos a analisar, com base em “ A situação social em Portugal, 1960-1999, volume II, Indicadores sociais em Portugal e na União Europeia, António Barreto (Org), Imprensa de Ciências Sociais, Lisboa, 2002”. São estas as percentagens, em decrescendo de 10 em 10 anos: 1960 – 29.1%; 1970 – 27.9; 1981 – 24.9% e 1991 – 22.2%, com a média do Continente a mostrar estes números: 28.8%; 28.1%; 25.3% e 19.7%. Ficando Oliveira de Frades a ganhar em 1991, no geral nunca se distanciou muito daquele padrão mais geral. Mas há uma dedução óbvia: é flagrante a perda de importância da população infantil e juvenil de ano para ano, o que faz tilintar todas as campainhas demográficas, não apenas por aqui, mas em muitos outros locais por esta Europa fora. Dos 15 aos 64 anos, nos mesmos intervalos temporais, seguiu-se uma linha praticamente inversa, muito embora com variações não muito acentuadas, como se pode ver: 1960 – 59.1%; 1970 – 57.8%; 1981 – 59.2 e 1991 – 60.5%. Analisando o Continente, é este o panorama. Vejamos: 63.1%; 62.2%; 63.3% e 66.6 %. Ou seja: Oliveira de Frades, neste ítem, fica bastante abaixo destes valores. Razões: talvez a fuga de pessoas em idade activa para outras paragens, o que revela uma situação algo preocupante. Mais idosos por aqui Avançando para outros patamares, o de mais ou igual a 65 anos, aqui os sinais vermelhos, quanto a novas necessidades, são bastantes e de fácil, mas dramática leitura. Há mais população idosa nesta terra, se vista à luz do restante país. Com 11.5%, 14.2%, 15.9% e 17.3, opomo-nos a um Continente com 8.1%, 9.7%, 11.5% e 13.7%. Sem acreditarmos que a esperança de vida é em Oliveira de Frades muito superior às outras terras, temos aqui um sinal de que há uma fuga de habitantes em outras idades e uma atracção, ou uma não saída, nestes escalões etários. Associando os índices de envelhecimento, 40.5%, 51%, 63.6% e 77.9%, neste concelho, contra os 28%, 34,7%, 45.4% e 69.5%, a nível continental, constata-se que há um pendor para as pessoas em idades mais adiantadas aqui do que noutras paragens. Importa, por isso, que se proporcione bem-estar e qualidade de vida a estes idosos, o que apela a correctas políticas públicas de índole social. Com10858, 10080, 10391 e 10584 habitantes, desde 1960 a 1991, prova-se então que Oliveira de Frades teve a virtude de prender a sua densidade demográfica. Mas, com tanta indústria, esperava-se bem mais. Sem aqui aludirmos aos censos de 2001 e 2011, podemos acrescentar que a população não variou muito, nem para melhor. Se virmos que houve concelhos e perderem 1000, 2000 e mais habitantes, este feito já merece a nossa consideração. Agora, importa fazer com que a situação se altere para outros valores bem mais agradáveis e era dessa revitalização destas zonas de baixa densidade que gostaríamos de ouvir os nossos políticos em campanha a esfarraparem-se, em esforços, nesse mesmo sentido. Infelizmente, as suas atenções continuam demasiado presas no litoral cheio de gente e nós por aqui com tão pouca. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Setembro, 2015

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