sábado, 4 de março de 2017

Mudanças em S. Pedro do Sul

15 anos de mudanças Depois do ano 2000 – e parece que foi há dois dias –, já se passou mais de 15 % do tempo deste terceiro milénio. E, no entanto, muita coisa mudou. Quase tudo, mesmo. Temos uma outra moeda, o euro. Vivemos, infelizmente, uma época em que o trauma da insegurança, sobretudo após o 11 de Setembro de 2001, invade o nosso quotidiano. Andar de avião, por exemplo, é uma complicação danada. Vaguear pelas ruas de muitas cidades do nosso mundo é saber-se que a vigilância controla cada um de nossos passos e movimentos. Mas ir para além da Espanha não implica que corramos ao banco para trocar a moeda em grande parte desta nossa Europa. Temos, assim, aspectos positivos e negativos a colocar na balança da nossa vida pessoal e social. Também por aqui nada está como dantes. Temos o A25 e o A24. Em S. Pedro do Sul, o Campo da Pedreira vestiu roupa nova. Há um Cemitério moderno, um novo Centro de Saúde, mas persiste uma “velha” Escola Secundária, quando, noutros locais, as há com cinco estrelas (algumas apagadas) nos seus historiais. O antigo/moderno Hospital da Misericórdia está às moscas. Médias superfícies invadiram os nossos costumes em compras, mas a Rua Direita e outras artérias estão vazias e com os espaços comerciais em baixo, ou encerrados de todo. Santa Cruz tem uma Escola nova. Mas Sul perdeu centenas de pessoas, assim como em todo o concelho, de 2001 a 2011, “ fugiram” mais de 2000 pessoas, ao todo. Por duas vezes, o fogo varreu todas as nossas serras de uma forma dramática. A Adega Cooperativa de Lafões deixou de exercer a sua nobre missão de dar vida às nossas vinhas e dinheiro aos nossos agricultores. A Quinta da Comenda também deixou de engarrafar. Nasceram produtores novos, é verdade, mas essa mística perdeu-se. Vivemos tempos novos, mas continuamos de bolsos quase vazios. As Termas continuam em grande, mas o fim, por exemplo, da comparticipação de tratamentos por parte da ADSE deixou marcas negativas que importa inverter. As gorjetas passaram de cerca de 20 a 50 escudos para cerca de 50 cêntimos, isto é, a rondar os cem escudos de então. O jornal Expresso deixou de custar 480$ para, hoje, nos fazer desembolsar 3.20 euros (mais ou menos 640 escudos). O vício do tabaco, em SG ventil, mais do que duplicou: cerca de 1.85 euros, ao câmbio de então, para os actuais 3.90 euros, sem os aumentos dos últimos tempos. Temos uma sociedade diferente com novos valores e outros bons direitos sociais. Mas vemos definhar a nossa agricultura. Temos a ASAE, mas desperdiçamos iguarias tradicionais que são uma saudade. Há mais Escola e mais Educação, mas ainda estamos a milhas do conhecimento de outros países nossos parceiros de caminhada europeia. Perdemos a velha linha do caminho de ferro do Vale do Vouga e ainda não fomos capazes de a revalorizar por mais discursos que haja. Temos mais estradas, mas continuamos ainda longe uns dos outros. Falamos mais ao telemóvel, mas muito menos em família e isso é dramático. Estamos diferentes ao entrar no ano de 2017. Nuns casos, muito melhores. Noutros, nem por isso. E, agora, que esperar? Num ano de eleições autárquicas, que a democracia se consolide e a vida de nossas gentes, por essas políticas de proximidade, se continue a aprofundar. Desiludidos? NUNCA. Esperançados em tempos melhores, SEMPRE. Com o ânimo em alta, prossigamos a boa viagem que o terceiro milénio nos trouxe com a moeda comum. Mas façamos dela um instrumento de criação de riqueza, equilíbrio e bem-estar e não um peso carregado sobre os ombros dos países do sul europeu. Vamos em frente. Com força e determinação. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Lafões”, inícios de 2017

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