terça-feira, 17 de abril de 2018

Aos nossos Pais, sempre...

Pais a pensarem o futuro desde o passado Ano após ano, há datas repetíveis que devem ser sempre refrescadas e refrescantes. Temos de lhes tirar o mofo e dar-lhes cheiros e cores agradáveis, atraentes, modernas, mas sem perderem o toque de tradição que em si contêm e não podem perder. Falar do Dia do Pai, em cada ano, é este exercício de memória, gratidão, de vazio, em muitos casos, de um exemplo a seguir em cada momento de nossas vidas. É este olhar para o passado e logo pensarmos no futuro. Ou chorar lágrimas pesadas, porque já cá não está quem tanto amamos, sempre. Na presença, ou na ausência. Um Pai é alguém especialíssimo, insubstituível, que só o é porque também existe uma Mãe, a quem tudo devemos, até o sacrfício de ter andado connosco cerca de nove meses na sua quente e aconhegante barriga, um sítio onde, talvez, apetecesse ficar tempos sem fim. Porque não há melhor lugar que o ventre materno para cada um de nós. Só sabemos falar dos Pais se a eles associarmos as nossas Mães. Essa é a melhor das duplas que conhecemos, a completarem-se um à outra. Nesta data de 19 de Março, Dia do Pai, para além das considerações anteriores, importa que digamos mais umas curtas palavras. Desde o acto de se pensar em ter um(a) filho(a) até ao momento de vermos nascer quem tanto desejamos, logo se notam preocupações, ora de uma natureza, ora de outra. Quem vem lá? Como serei eu capaz de ser bom Pai? Que futuro lhe está reservado? Perante um infinito leque de interrogações, sempre o coração de um Pai bate forte, fortemente. É enorme a responsabilidade que, desde a decisão até à sua concretização, pesa sobre os nossos ombros. Com a sociedade a não ser muito colaborante, em muitas situações, estamos frequentemente face a um velho ditado em que se fala em “filhos criados, cuidados redobrados”. E assim é, na actualidade, como deve ter sido no tempo dos Pais dos nossos Pais, a ponto de nos legarem este provérbio como parte do nosso património e da nossa identidade. Em pequeninos, queremos dar-lhe todo o conforto e qualidade de vida, munindo os nossos filhos com as ferramentas que, eles e nós, Pais, pensamos ser as melhores para enfrentarem a vida. Por uma série de azares, nem sempre esses nossos cuidados vêm a dar certo. Começam os problemas: sem emprego, sem grandes perspectivas de vida, os filhos entram em pânico e nós, Pais, em dor aguda por lhes não podermos ser úteis, como queríamos e eles merecem. Entra-se num velho dilema: o passado não foi o suporte para um futuro seguro. Perguntamos: quem falhou, os Pais, ou a sociedade, ou todos ao mesmo tempo? Sem respostas, passamos a viver em ansiedade permanente, em angústias dilacerantes. Ainda que assim seja, não há nada melhor que ser-se Pai, ou Mãe, ou Pai e Mãe. Essa é a maior prenda que um Pai pode receber. Muito melhor que qualquer objecto que para aí ande nestes tempos em que tudo se comercializa. Mas ser-se Pai não tem preço. Nenhum. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Lafões”, Março, 2018

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