quinta-feira, 26 de abril de 2018

Pensar Lafões desde sempre e, neste caso, em 1969...

Padre Alberto Poças de Figueiredo e o seu contributo para o património Para se conhecer um pouco da história da Serra de S. Macário e arredores, temos à mão umas folhas policopiadas da autoria do Padre Alberto Poças de Figueiredo, que nos servem de bom guia, sabendo, de acordo com a sua chamada de atenção, que este seu trabalho se debruça, essencialmente, sobre as freguesias de Covas do Rio, S. Martinho das Moitas e Sul, na sua delimitação inicial, bem antes das fusões recentes. Um outra nota tem a ver com o facto de este texto ser o reflexo da Comunicação que fez no I Colóquio Regional de Turismo e Termalismo de Lafões, em Julho de 1969, evento que muito se deveu ao empenho e ao labor do Dr. Carlos Matias, então já com altas funções no sector, e ao trabalho organizativo do Dr. Ricardo Vale de Andrade, numa Comissão presidida pelo Dr. João Casimiro de Almeida Dias. Ligando este Colóquio às comemorações do oitavo centenário de uma das passagens do Rei D. Afonso Henriques por estas nossas terras (1169), meteram-se num só envelope duas mensagens, a do passado e a do presente desta estância termal e seu papel no desenvolvimento local e regional. Num tempo, o de hoje, em que acabou de ser eleito Presidente da Associação das Termas de Portugal o Dr. Víctor Leal, que lidera a Termalistur, tudo se conjuga para que não deixemos passar em claro a figura do Padre Alberto, que nos parece andar um pouco arredado das lides das divulgações do nosso património. No entanto, a sua pesquisa, em muitos casos com alguma especulação, talvez, à mistura, leva-nos à descoberta das magias do passado desta imponente Serra. Em sete páginas, alude-se a vinte e cinco pontos de interesse, devidamente assinalados no texto em causa. À guisa de dicas, eis esses pontos, apenas em indicação sintéctica: Cheia do Castêlo e Lamigueiro, Vale da Erva e Vale da Lança, Fraga dos Mouros, Castro e Santuário, o Cavado, a Pena, Mamoa Grande, Três Mamoas no Espraiado, Castro do Monte Redondo, o Castelo dos Moiros, o Castelo dos Súmios ou Castro do Mau Vizinho, a Fraga Casamenteira, o Rancho de S. Macário, o Nascer do Sol, as Ladainhas, o Alto de S. Macário, Capela de Cima, Capela de Baixo, Romaria de S. Macário, Tentação de S. Macário, o Ermitão, a Cova da Serpe, a Ribeira da Pena, o Portal do Inferno e a Linha das Alturas. Em cada um destes ítens, há umas curtas referências explicativas, facto que pode ser ( e é de certeza) muito útil para um maior aprofundamento e uma investigação mais rigorosa, Em resumo, remata: “ A Serra de S. Macário e suas dependências, fazendo parte do Maciço Montanhoso da Gralheira ou Monte Fuste, é digna do maior interesse para o turismo lafonente do qual constitui um belo cartaz”. Isto foi dito e escrito em 1969, já lá vão quase cinquenta anos. Acontece que esta afirmação não perdeu pitada do seu valor e pertinência. Nem caiu, cremos nós, pelo que temos visto, em saco roto. A propósito desse Colóquio, o vizinho jornal “Notícias de Vouzela”, no citado ano de 1969, bastante se referiu a este acontecimento, realizado nos dias 24, 25, 26 e 27 de Julho, nas Termas, contando com a presença activa dos municípios de Oliveira de Frades, Vouzela e o anfitrião, S. Pedro do Sul. Foi encerrado, então, pelo Secretário de Estado da Informação e do Turismo. Do seu regulamento se extraem alguns aspectos de relevante valor e até actualidade, quase cinquenta anos depois. Aí se afirma que se irão “... 1 - Discutir os problemas relacionados com o turismo e termalismo da região, apresentando as sugestões, recomendações ou medidas que se considerem mais adequadas à sua resolução; 2 – Estimular e articular a colaboração mútua dos três concelhos que compôem a região; 3 – Alertar as entidades públicas e privadas (... ) para as realidades e potencialidades da região neste sector, tendo em vista o seu melhor aproveitamento e valorização; 4 – Consciencializar os interesses locais sobre o valor da actividade turística e do termalismo na promoção económica regional; 5 – Contribuir para um trabalho de inventariação sistemática do património cultural e económico (... ). Paralelamente aos trabalhos que se desenrolaram nas Termas de S. Pedro do Sul, as actividades e iniciativas diversas circularam pelos três municípios, o que mostra o cuidado que houve em envolver todos os participantes. Interessantes e valiosas são as conclusões, falando-se, entre vários outros aspectos, na exigência de uma acção conjunta, na necessidade da intensificação do turismo social, na adopção de medidas tendentes a atrair e a reter os turistas na região, propondo-se até, por o considerarem obsoleto, que se encerrasse o caminho de ferro do Vale do Vouga, para dar lugar à concessão de carreiras de camionagem, “corrigindo o traçado da rodovia fundamental, a EN 16”. Insiste-se na urgência de haver manifestações culturais, artísticas e desportivas com carácter periódico, de se aproveitar a caça, a pesca e o património florestal que “ são factores de atracção e fixação de turistas de valor considerável”, pedindo-se também a criação de adequadas infraestruturas e que haja formação para todos os profissinais que operam nestas áreas. Remata-se com o pedido de construção de uma Pousada no Convento de S. Cristóvão de Lafões. Dito isto há cerca de cinquenta anos, muitas destas ideias bem poderiam, ainda hoje, fazer parte dos planos locais e regionais, quase letra por letra. Nele se integrou ainda a 1ª Exposição de Arte e Artesanato da Região de Lafões, que se localizou em Vouzela. Tendo-se começado este trabalho com a figura do Padre Alberto Poças de Figueiredo, deambulámos por este Colóquio do ano de 1969. E tudo isto porque a dissertação sobre o património da Serra de S. Macário ali foi apresentada e com toda a propriedade, assim como muitas outras intervenções, permitindo-se-nos que aqui digamos que um nosso Tio, Aires Alves Lopes, da Casa de Lafões, em Lisboa, teve ali uma exposição de fundo sobre toda a nossa Região, vista à luz de quem, um dia, a deixou para se fixar e radicar na capital, onde desenvolveu uma relevante acção social sobretudo na Casa que acabámos de citar, em diferentes papéis e funções, mas sobretudo como seu dinâmico e activo Presidente. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Lafões”, 26 Abril 2018

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