terça-feira, 19 de março de 2019

CCAM de Lafões pode aliar-se a Lamego

Possível fusão com Lamego Associados da CCAM de Lafões com decisão difícil Dentro de dias, na próxima reunião da Assembleia-Geral da Caixa de Crédito Agrícola de Lafões, os seus asssociados são chamados a apreciar e votar uma decisão com fortes impactos no futuro desta Instituição: a eventualidade de uma fusão com a congènere Beira-Douro, de Lamego, tal como propõem as respectivas Administrações. Sabendo-se que não é fácil encarar este tema e problema de ânimo leve, devido aos impactos que tal tomada de posição vai provocar, quer siga num sentido, quer noutro. Ao que temos apurado, as opiniões divergem, havendo quem defenda essa fusão por pensar que a nova Caixa será muito mais forte em termos de capitais e capacidade de acorrer às solicitações diversas, alegando que essa é uma espécie de directriz que emana da propria Caixa Central que pretende que as suas Associadas sejam robustas e capazes de resistir a todas as movimentações, algumas delas perigosas, do mundo da banca; por outro lado, os opositores a esta medida contrapõem com o facto de entenderem que assim a nossa Caixa perde a sua própria decisão e o seu peso, até porque se vai juntar a uma outra instituição com mais poder e mais influência, o que pode fazer perigar a capacidade de Lafões se afirmar e ter a sua voz própria. No historial da CCAM de Lafões há já uma outra situação similar, a de uma proposta, feita há anos, para se juntar a Viseu, que não teve a aceitação dos associados. Desta vez, veremos qual será o veredicto final, o que só se saberá depois de quem de direito se ter pronunciado. Recordamos que, até se chegar a esta actual Caixa lafonense, existiram três instituições independentes, uma em cada concelho, Oliveira de Frades, Vouzela, que se uniram há uns bons tempos, e S. Pedro do Sul, que se veio a juntar em 2006, assim se criando a actual estrutura, que conta com estes três balcões e ainda os de Ribeiradio, Campia e Santa Cruz da Trapa, ao que tudo indica que vão continuar sem ser mexidos, assim como não haverá alterações no pessoal que lhes está afecto. Este é mais um argumento de quem está a favor da fusão. Mas para a outra parte, os perigos, a esse nível, podem vir a aparecer. Em Lafões, hoje o panorama é este: a discussão entre continuar-se sozinho ou dar os braços a Lamego num futuro casamento. Como até ao lavar dos cestos é sempre vindima, o futuro, neste caso, está nas mãos dos associados. Soberanos, cabe-lhes decidir. Entretanto, como complemento, falemos um pouco do Crédito Agrícola na sua vertente histórica: na sua origem, esteve sempre uma dimensão que nos é querida, a da proximidade total. Em Portugal, depois das leis de 1866/67, oriundas do então Ministro das Obras Públicas, Andrade Corvo, com vista a transformar as Confrarias e Misericórdias em instituições de crédito, tivemos o nascimento do verdadeiro crédito agrícola já depois da implantação da República, com a decisão do Ministro do Fomento, Brito Camacho, a 1 de Março de 1911. Com a Lei 215, de 1914, e posterior regulamentação de 1919, definem-se, em definitivo, as actividades inerentes às CCAM. Em 1978, dá-se um passo gigantesco em frente, criando a FENACAM – Federação Nacional das CCAM. Em 1982, nasce o Regime Específico para o Crédito Agrícola Mútuo, deixando estas Caixas de estar sob a alçada da CGD, avançando a Caixa Central, que surge em 1984. Três anos depois, em 1987, constitui-se o Fundo de Garantia. No ano de 1991, adaptam-se as regras em vigor ao Direito Comunitário. Nesta marcha com mais de 100 anos, a tendência veio sempre a caminhar no sentido do fortalecimento do Crédito Agrícola, que respira uma certa saúde, sendo até uma exemplo de boa sobrevivência no campo da nossa banca que está ainda carregada de problemas e a reflectir-se, infelizmente, no bolso de cada um de nós. Com a Caixa Central a ter cada vez maior liderança e sendo um factor de imposição das suas ideias nas próprias Associadas, sabe-se que estes processos de fusão têm bastante da sua mão. Bem ou mal, não sabemos. Mas, à primeira vista, perde-se a essência matriz destas nossas Instituições locais: a sua proximidade. É isso que se teme. E não é pouco. Com um território a esvaziar-se de equipamentos, perder mais esta sede de autonomia e voz própria não é assim muito agradável. Não sendo peritos na matéria, apenas queremos o bem de Lafões. Qual é ele neste campo? Fica no ar esta questão... Carlos Rodrigues, Notícias de Lafões, Mar 2019

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