sexta-feira, 13 de março de 2020

Centro de Apoio Social no Luxemburgo com 40 anos e ao leme um cidadão lafonense

Centro de Apoio Social no Luxemburgo com 40 anos Ao seu leme, desde o início, está o nosso conterrâneo José Ferreira Trindade Em inícios dos anos setenta do século XX, um jovem de Levides, Cambra, José Ferreira Trindade, chegou ao Luxemburgo para iniciar mais uma etapa da sua vida, como consequência de um alto fenómeno migratório que esvaziou meio Portugal. Antes desses tempos, passara ainda por Águeda onde mostrou ser capaz de trilhar caminhos de futuro. Recordado positivamente por muitos amigos de então, jamais os desiludiu. Em 1980, no meio de uma intensa actividade profissional e de outras lides no seio da comunidade, fundou o C.A.S.A – Centro de Apoio Social e Associativo, na capital daquele país do centro da Europa. Começava assim uma Instituição que haveria de fazer história, muita e boa história. Instalada no número 15 do Montée de Clausen, onde ainda hoje permanece, ali se concretizou um ponto de encontro e de auxílio a tantos nossos compatriotas que buscavam informação, acompanhamento, conforto, um ombro e uma palavra amiga. Oriundo do mundo do futebol associativo, quando as equipas portuguesas se tentavam afirmar e impôr, o actual Comendador José Ferreira Trindade entendeu que estava na hora de dar um novo salto, aquele que lhe permitisse ainda ser mais útil a quem tanto precisava desses novos serviços e missões. Com o objectivo de encontrar traços de união e ligação entre as muitas colectividades emergentes, avançou ainda uns passos em frente: vir a conseguir a integração necessária dos nossos emigrantes que, chegados àquele Grão-Ducado, ficavam como que de olhos postos no vazio e à mercê de uma sorte que nem sempre lhes era favorável. Embora a terra oferecesse oportunidades de trabalho e emprego (que não são a mesma coisa), importava não deixar ninguém ao Deus-dará. Subindo na vida profissional e social, José Ferreira Trindade, que subiu ao alto posto de Chefe do Centro de Segurança do Aeroporto, não quis ficar com esses louros só para si, mas antes decidiu colocar ao dispôr dos seus conterrâneos o seu saber e a sua imensa sensibilidade comunitária. Criando uma extraordinária rede de contactos com as gentes luxemburguesas e seus dirigentes, apostou tudo numa integração partilhada e activa de quem procurava o seu apoio, amalgamando a nossa cultura com a vida e o sentimento dos próprios habitantes naturais daquele pequeno território europeu, mas fortíssimo nos planos político e económico e nas altas esferas financeiras, qual praça forte do dinheiro mundial. Deste modo, o C.A.S.A, a par de tentar encontrar respostas imediatas de natureza laboral, habitacional, foi capaz de gerar outros aspectos bem dignos de nota: levou ali as nossas tradições, mostrou-as à cidade e aos governantes desde o Grão-Duque ao Governo, passando pelos poderes locais e outras entidades. No entanto, nunca quis que as nossas gentes se fechassem no seu cantinho, nada disso. Ao mesmo tempo que davam, recebiam também, integrando-se nas actividades e eventos locais. Desta forma, vemos luxemburgueses a festejar o Dia de Portugal e compatriotas nossos a participarem no Dia do Luxemburgo. Foi tal a evolução havida, muito por obra e graça da acção deste nosso Comendador, que hoje é normal depararmo-nos com cidadãos lusos em tudo quanto seja posto de trabalho classificado e mesmo na vida política. No dia 27 de Março, festejam-se os 40 anos Criada no âmbito deste Centro de Apoio uma Fundação, uma e outra destas entidades tudo fazem para que a comunidade portuguesa possa singrar na vida e na sociedade que a acolheu. Hoje, além da busca de emprego e de casa, passou-se também a ajudar quem mais necessita porque aquela zona do globo já não é o mundo dourado de outrora, havendo ali miséria, fome a até instabilidade social e a nossa gente constitui a maior das fatias dos migrantes ali instalados, sendo cerca de 1/5 da sua população total. Assim sendo, oferece-se ainda formação, cursos diversos, desde as línguas às artes, a que se acrescenta apoio jurídico e psicológico e aos grupos mais vulneráveis, como idosos, doentes e reclusos. Para dar relevo a tudo isto, no próximo dia 27 de Março o Luxemburgo vai estar em festa, porque 40 anos duma Instituição deste género são obra e bem merecem uma boa taça de champanhe e muita animação, onde não faltarão, por certo, os Cantares de Lafões. Com cerca de dez mil pessoas apoiadas por ano, no C.A.S.A, a co-responsabilidade, a partilha, a cooperação, a proximidade, o humanismo, a participação cívica são valores nunca esquecidos. Em matéria de divulgação, também esta Instituição está particularmente activa, tendo editado, por exemplo, uma revista e fornecendo dados com grande frequência. Com casa na Borralha, onde a família Trindade passa alguns tempos por ano, ali temos visto a esposa Rosa Maria, os filhos Lúcia e Paulo, genro, nora e netos. Sempre rodeado de amigos, lá e cá, na festa do aniversário espera-se uma enchente de gente em quantidade e qualidade, dentro e fora das instalações e entidades oficiais não faltarão, por certo. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, 12 Março 2020

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