domingo, 15 de março de 2020

Marquês de Reriz reconhecido em Portugal e no Vaticano com palácio em S. Pedro do Sul

de Lafões Marquês de Reriz distinguido pela coroa e pelo papado Natural de S. Pedro do Sul e com bens na região Com uma marca muito vincada na cidade de S. Pedro do Sul temos o Palácio do Marquês de Reriz. Foi seu detentor o D. António Maria de Almeida de Azevedo da Cunha Pereira Coutinho de Vilhena Vasconcelos de Menezes. Nasceu nesta terra em 28.4 . 1831. Para nos ajudar a compreender melhor a sua pessoa e importância (ainda que dela tenhamos feito já alguns outros trabalhos), servimo-nos da obra “Ascendência e descendência dos 1ºs viscondes, condes e marqueses de Reriz, de Paulo Duarte de Ameida, Universidade Lusófona do Porto, 2006”. Percorrendo as suas folhas, nota-se que a região de Lafões aparece muito citada no seu historial, ora de uma forma directa, ora por ligações diversas. Tendo com padrinho seu tio, o Dr. Francisco Maria de Almeida Azevedo e Vasconcelos, andou por Coimbra enquanto estudante no Colégio de S. Bento e no curso de direito. Entretanto, a 18 de Dezembro de 1857, casou-se na Igreja de Santa Eulália, de Águeda, com D. Maria Margarida de Cabedo Henriques e Lencastre. Antes de o seu Palácio ter sido local escolhido pela Família Real de D. Carlos e de D. Amélia, já a corte para ele olhava com intenção de o distinguir como aconteceu com o Rei D. Pedro V que, por alvará de 22 de Novembro de 1858, o considerou Fidalgo da Casa Real, estabelecendo em seu favor uma moradia de 1$600 réis por mês mais um alqueire de cevada por dia. Com a morte de seu pai em 14 de Abril de 1861, torna-se senhor de sua casa, representante dos Almeidas Azevedo, estes, por sua vez, descendentes do Dr. Sebastião Rodrigues Azevedo, irmão do Padre Simão Rodrigues Azevedo, um dos fundadores da Companhia de Jesus,com Santo Inácio de Loyola,e expoente máximo dessa notável instituição religiosa. É de realçar-se que o Dr. Sebastião foi médico da Rainha D. Catarina, físico-mor dos Reis D. Sebastião, Cardeal D. Henrique e Filipe I, assim como Provedor e Administrador das Caldas de Lafões. Coube ainda em herança ao futuro Marquês de Reriz a administração da Quinta do Testamento em Reriz; o vìnculo de S. Pedro do Sul, como Senhor da Casa dos Cunha e Melo, ou das Paulas; também do vínculo de Santo António da Ponte de Vouzela, com bens nesta localidade e em Ventosa. Deve notar-se que este vínculo fora instituído por Gil Rebelo Cardoso, falecido a 18 de Agosto de 1660, e por sua mulher, D. Helena de Figueiredo e Almeida. Sempre a subir na escala social, o Marquês de Reriz, título que lhe foi concedido pelo Rei D. Carlos em 1894, por decreto de 12 de Julho e confirmado em 11 de Dezembro do mesmo ano, cedeu as instalações do seu Palácio para receber o Rei, a Rainha e os Príncipes nas visitas de 27 de Junho de 1894 e nas de 18 de Maio e 11 de Junho de 1895, aquando da sua vinda a S. Pedro do Sul, a Viseu e a toda a região de Lafões, incluindo Oliveira de Frades e Vouzela. Ficou bem assinalado o jantar de 20 de Maio de 1895, com uma ementa muito especial, de pendor francês, e o acompanhamento musical da Banda do Regimento de Infantaria 9. Célebres foram também as suas deslocações e festas oficiais e as recepções havidas. Com uma forte acção política e social, o Marquês de Reriz foi Conselheiro Municipal de S. Pedro do Sul nos anos 1862/63, 64/65, 66/67, 67/68 e 1874/75. Foi Presidente da Câmara Municipal entre 1871 e 1873. Foi Reitor da Irmandade do Santíssimo Sacramento de S. Pedro do Sul em 1888. A nível nacional, como elemento do Partido Regenerador, foi deputado eleito pelo círculo uninominal de S. Pedro do Sul em 1901; em 1902 a 1904, pelo círculo plurinominal de Viseu. Nas Cortes, pertenceu ainda à Comissão de Estatística. No ano de 1900, o Papa Leão XIII agracia-o com a Grã-Cruz da Ordem de S. Gregório Magno (21-08-1900). Acabou por falecer no seu palácio em 6 de Julho de 1927, vítima de uma embolia cerebral. Resistindo ao seu desaparecimento, o Palácio do Marquês de Reriz continua a impôr a sua traça, mas, por dentro, a doença do tempo mina-o a torto e a direito, o que pode ser fatal para tão importante património, se, entretanto, não lhe deitarem a mão, a sério e a valer... Carlos Rodrigues, in “Notícias”, Março 2020

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