segunda-feira, 30 de junho de 2008

Os meus incómodos

Neste mundo, parece que todos nascemos para carregar com pesadelos e incómodos, aqueles mais pesados que estes, como se tivéssemos de sofrer em cada minuto que passa. De momento, a natureza social e os poderes públicos, de dentro e de fora de portas, teimam em não nos deixar sossegar. A eles, junta-se toda a categoria de especuladores, de criadores de riqueza fácil e desconchavada, nada e criada em reinos fora-de-lei, como acontece com os "off-shores", ou lá que é, de modo a tornar doloroso o nosso dia a dia.
Isto já não andava nada bem com os combustíveis e não há meio de estancar o apetite pelo adivinhado descalabro. Agora até a EDP, a santa de um altar só, chega com uma ideia que nem ao diabo lembra, que isto de fazer pagar aos consumidores, sérios, honestos, cumpridores, o gosto pela calotice de quem esquece os seus deveres é matéria de nos deixar sem fôlego, uma vergonha de todo o tamanho. Como é que alguém deste calibre se atreve a atirar para o ar tanto despudor? Quem, meu Deus?
Só um ser sem escrúpulos, que agora nos faz desconfiar do facto de já podermos estar, pela calada, a suportar tais custos - longe vá o agoiro! - seria capaz de alvitrar tão monstruosa leviandade. Se isto acontecer, aqui vai o antídoto necessário: se cada um deixar de pagar, alguém tem de fechar a porta e já estamos a adivinhar quem vai ser. Perante o incumprimento generalizado, só uma entidade terá força para o fazer: o Estado, como é óbvio, isto é, cada um e todos nós, para mal geral e incontrolável.
Para evitar a bancarrota, ponha-se de lado esta calinada, que, ao falarmos dela, até nos dá vontade de sermos os primeiros a pôr em prática o preceito do mau pagador, que queremos evitar a todo o custo.
Avançando um pouco mais, também é incómodo o sentimento de sabermos que os exames pouco avaliam, de verdade, que os juízes não estão a salvo de ofensas físicas, que os juros vão dar mais um salto, que o investimento pouco ou nada cresce, que o clima caminha para tempos difíceis, também ele, que o Ministro da Agricultura não vê a razão dos agricultores, que o pavilhão do comício do PS, no Algarve, sofreu a investida de alguns energúmenos, aos tiros, que a UE está sem respostas para o problema nascido na Irlanda.
Bom, muito bom mesmo,é sabermos que ainda há quem possa passar férias, até em Nova Iorque. Que, aí e noutros lados todos, sejam felizes, porque, por aqui, isto também vai ter de mudar, um dia ....

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