sexta-feira, 27 de junho de 2008

Pão ou obra

Estamos todos entretidos com a discussão acerca da polémica entre construir e construir obras públicas ou deixá-las de lado e começar a distribuir pão a quem dele precisa, como, infelizmente, é o caso de muitos portugueses. Mas isto é sério e não pode ser visto como um devaneio. Efectivamente, é chegada a hora de nos sentarmos à mesa e repensar tudo aquilo que há a fazer.
Pensamos nós que não se deve colocar aqui uma espécie de alternativa, porque uma e outra destas funções têm de ser levadas a cabo. Atender à emergência social é um imperativo de consciência e um dever de solidariedade e ainda bem que este assunto - que se impunha - veio à tona de água.
Mas descurar o equilíbrio a atingir em matéria de investimento público será grossa asneira e um desperdício que não ajuda a ninguém. Ouçamos : até os financiamentos obrigam a que assim seja. As verbas que, por hipótese, nos chegam para o aeroporto são alocadas dessa forma. Não há meio de as desviarmos e, se as não utilizarmos, ei-las que partem num sonoro adeus...
Assim sendo, temos de combinar o apoio aos carenciados e os trabalhos a fazer. Estes, se bem organizados, podem ser a cana que se põe na mão de quem dela carece, em vez de se lhe dar o peixe, que só se come uma vez.
Nem todos os projectos serão prioritários. Em tese é sempre assim. Mas, quando se desce ao pormenor, abundam os problemas e as queixas de quem se vê posto à margem desses processos. Falemos por nós mesmos: hoje, temos o A25 à porta. Ontem, assim não acontecia. Se, por acaso, este estivesse em perigo, não deixaríamos de berrar por todo o lado, atitude que tomaremos se nos tirarem a Barragem de Ribeiradio.
Desta forma, obra a obra, vamos apreciá-las, elencá-las e passar às decisões. Umas merecem uma resposta imediata, outras, eventualmente, podem esperar e há mesmo algumas que devem ser anuladas. Quais? Talvez parte do TGV e um ou outro troço de auto-estrada, menos o nosso, claro ...
Agora é tempo de dar pão. Urgentemente, que a crise está instalada. Mas é também hora de Portugal não perder a oportunidade de agarrar os meios que, por exemplo, ainda vêm de Bruxelas e com eles partir para os investimentos que se mostram necessários.
Pão ou obra? Não. Pão e obra, sim. Um "e" e um "ou" fazem toda a diferença. Mas temos obrigação, todos, de saber aquilo que é um bom português.
Esperamos que este seja o raciocínio a seguir, para bem daqueles que, neste momento, têm fome e de um país, que ainda se não pode dar ao luxo de atirar aviões pela janela fora, ou outros equipamentos também de primeira necessidade.

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