quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Ver fugir o sol na Vagueira

Olhar o sol a fugir de nós, escapando-se por entre as ondas do mar da Vagueira, que ora são brancas quase como a neve aos trambolhões, ora não passam de água agitada e a mexer, é um exercício de agarrar e não deixar perder: assistir a uma nesga de sol a sair, na linha do horizonte, das janelas que as núvens abrem, é algo que, entrando pelos olhos dentro, nos aquece a alma. Foi isso que me aconteceu neste final de tarde. Um espanto!
Mas um dia completo, nesta praia, tem ingredientes que não podem ser desconhecidos. Ei-los: caminhar, no Inverno, sobre o paredão, incrível e doridamente despido de visão turística; sentar-se nas esplanadas do Neptuno, arreliadoramente fechado demais, ou do Canto da Sereia; almoçar no KIKITO novo, que herdou do velho a boa cozinha e simpatia; ir, à tarde e/ou à noite, ao Perlimpimpim e saborear os calores de um chá quente, com algo a acompanhar, sem esquecer as muitas pitadas de cultura que por ali há e a arte de acolher bem, que ali se vê a rodos.
Com estas humildes dicas, vai um pouco de crítica: esta terra precisa de abanões, de muitas sacudidelas, de modo a, sem deixar de ser o que é, dar um outro salto - aliar este sossego e paz de espírito àquelas valências que mostram atenção e projectos com ar de futuro, que fidelizam os amigos de sempre e atraem quem vem de novo. É este arrojo que ali se não sente, digo eu.
Mas esta Vagueira bem merece que a ela se regresse sempre. Até para lhe dar esperança em dias ainda melhores. Venham eles!

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