terça-feira, 19 de abril de 2011

Tempos difíceis

Acordar hoje com uns pingos de chuva é uma forma de se cumprir um velho ditado popular, que diz que, em Abril, águas mil. Seja.
Só que este inverno deslocado, aqui, neste meu concelho de Oliveira de Frades, vem acompanhado de fortes incertezas quanto ao nosso futuro. Se esta é uma terra onde o trabalho de casa é feito continuamente com gosto e com sucesso - o que parecia um seguro de vida contra todas as crises -, agora sente-se que, apesar das dinâmicas de empreeendedorismo, não se está imune a esse terrível vírus, que, em Lisboa, tem o laboratório principal.
As gentes da troika, uma combinação pesada de técnicos e políticos de tesoura em punho e de coração vazio, podem trazer-nos carradas de desânimo, de turbulência e outras coisas negras demais, se não houver o cuidado e o bom senso de dotar o programa de austeridade de medidas de incentivo à criação de emprego e riqueza.
Sabemos que esta é uma equação difícil de acertar. Mas tudo tem de ser feito nesse sentido.
Cortar nas despesas certas e sabidas, levar a contabilidade negativa só para o sector do trabalho e das pensões, ou para a diminuição do consumo pela via do aumento dos impostos é caminho fácil de descrever. O importante é caldear isso com incentivos que contrariem os efeitos desse pacote forçado e desastroso.
Em Oliveira de Frades, quando o pais correu para todo este desvario, criaram-se postos de trabalho, inovou-se, dotou-se Portugal e o mundo de energias renováveis, fez-se crescer o mercado das exportações com produtos de topo e empresas de vistas largas, pelo que não é justo que, neste momento, se questione tudo quanto foi feito.
Solidários somos nós. Muito mais que a UE que nos acolhe, se aproveita de nós, vendendo-nos tudo o que quer, inventando esquemas de crédito para se adquirir até a lua e, agora, mostra-se mesmo mais dura e inflexível que o próprio papão do FMI. Esta não é a minha UE, sendo que sou um europeísta convicto. Esperava mais humanismo e muito mais justiça equitativa do que aquilo que nos estão a dar.
Cometemos erros de grandezas desmedidas, disso não duvidamos. Mas, com isso, ajudámos a crescer economias como a da Alemanha e outras.
Nestes tempos difíceis, esperamos vozes amigas.
Dispensamos quem venha para nos enterrar ainda mais.

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