domingo, 3 de julho de 2011

Alerta, meus senhores!

Sei que há Governo novo, que a Presidência da AR tem uma ilustre Presidente, a Dra. Assunção Esteves, que o programa passou no escrutínio dos nossos deputados, que a minha amiga Ester Vargas, de S. Pedo do Sul, paredes meias com Oliveira de Frades, ali entrou e sei que vai dignificar o cargo, sei tudo isso e até que já levámos outro rombo no nosso bolso, com efeitos no mês de Dezembro, aquele do santo e doce Natal (que contraste!), mas o que mais me doi é ver que a minha gente se vai embora: o Censos de 2011, para o Interior, é arrasador, sugando tudo quanto era esperança de futuro.
Em Lafões, nem a grande diva do desenvolvimento, Oliveira de Frades, escapou a esta avalanche de sinal negativo: assim, de uma rajada de dez anos, perde assustadoramente S. Pedro do Sul, sofre um forte abanão Vouzela e até, já o dissemos, Oliveira de Frades não foi capaz de resistir.
Aqui che(a)gados, só há uma conclusão: esta dramática questão é sistémica e envergonha todo o tecido decisório que tem tido mãos, em termos de planeamento, os desígnios deste cada vez mais assimétrico País.
Por mim, sinto-me mal, com o desamparo de uma região que assim se despovoa. Se posso ter tido culpas no cartório - crendo que tudo tenho feito para o evitar -, peço desculpa, mil desculpas, mesmo.
Tal como, no reino da canela, toda a gente caminhava para Lisboa, agora o caso é bem mais complicado: tudo foge para algures e a minha terra deixa de poder sentir a vida de quem a sustenta.
Alerta geral, eis o que quero dizer.
Só isso: é doloroso o plano inclinado em que colocamos este nosso Portugal.
Qualquer dia, o afundamento não deixa de nos bater à porta.
Muito pior que a Troika, muito mais mortífera que o Imposto Extraordinário de Dezembro deste ano da graça de 2011, daqui a uns dias, esta perda de população deve fazer-nos reflectir, politicamente e, sobretudo, filosoficamente.
Em 2011, soa a campainha de um coração que está prestes a deixar de bater.
Daqui a gerações, é isso que vai acontecer.
Se não pararmos, esta marcha destruidora e assasssina dará cabo de nós, aqueles que gostamos deste Portugal inteiro, unido, diferente e complementar.
E que detestamos uma terra de gente e outra de urtigas, tojos e cobras.
E os culpados têm rosto e contexto: os planeadores das últimas décadas, em dois regimes, o do Estado Novo e este, o da Democracia.
Se todos podem escapar aos tribunais da justiça, aos da consciência, talvez não....

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