quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Índices de desenvolvimento referentes a 2010 com o Interior na mó de baixo

Desenvolvimento com números na mesa Da Universidade da Beira Interior, Covilhã, tem-nos chegado, anualmente, uma tabela que pretende organizar, em lista ordenada, os ainda 308 concelhos do país. Seu autor e coordenador é o professor universitário José Pires Manso, que, assim, nos mostra como vamos nós em matéria de desenvolvimento. Sendo um estudo académico, é isso mesmo. Mas não pode deixar de ser instrumento de meticuloso trabalho para a comunicação social e para quem se interesse, ou venha a fazer parte dele, por este mundo maravilhoso de fazer alguma coisa, cada um a seu jeito, pelas nossas terras. Como elas precisam de todos e muito mais as nossas, estas do interior, o nosso jornal de 10 de Janeiro de 2013 dedica-lhe uma especial atenção. Fazendo-o de propósito, para melhor pôr em evidência forças e fraquezas dos territórios em que habitamos, aqui teremos este modesto contributo, uma outra referência em rubricas semanais e uma detalhada exposição da Salete Costa. Não se aplicando aqui o velho ditado de “o que é demais, é moléstia”, muito pelo contrário, convém que todos reflictamos sobre estes mesmos dados. E deles retiremos o sumo que ali há, para cada um dos gostos e comentários que venham a suscitar. Começamos por aclarar a base que preside a esta pesquisa e sua divulgação: a) – Condições materiais: equipamentos de comunicação, de saúde, culturais e educativos; b) – Condições sociais: ambiente, cultura, desporto, saúde e respectivas despesas, mais população, natalidade, mortalidade, envelhecimento e outros diversos índices ; c) – Condições económicas: dinamismo económico, mercado de trabalho, de habitação, rendimento e consumo, turismo, etc. Ponderados estes factores, tendo como suporte as referências obtidas no INE, ano de 2010, e seu carácter de credibilidade nacional e internacional, distribuem-se esses valores por cada concelho e os resultados aparecem depois: aqueles que nos chegam às mãos. Analisados com rigor, podem servir como bons suportes para os fundamentais mecanismos de planeamento e, mais do que isso, para ponderar medidas a tomar, correcções ou reforços a fazer e outras operações do mesmo género. Se nos debruçarmos sobre as suas linhas gerais – e os detalhes não deixam de ser importantes e decisivos – e se os pusermos em confronto, a realidade comparativa, não dizendo tudo, traz-nos à baila um diálogo e uma introspecção que não podem deixar de ser feitos: se estamos desta ou daquela maneira, isso a que se deve/eu? Quando o distrito de Viseu, em 308 municípios, tem quatro nos trinta piores classificados, depois de vistos os 48 ítens deste estudo, é impossível ficarmos calados perante este quadro. O meio e os pontos abaixo desses patamares de posições também nos não agradam: o 159º lugar de Vouzela e o 249º de S. Pedro do Sul são murros no nosso estômago que não deixam de doer. Assim como Cinfães em 293º, Penalva em 293º e Sátão em 302. Mas já nos dá um certo prazer vermos Oliveira de Frades nos 76 primeiros, à frente dos concelhos do distrito, e isso tem, para nós em especial, um significado extraordinário. O mesmo se diga de Mortágua em 79º lugar e Viseu em 90º. Lisboa, Porto e Albufeira lideram e Coimbra aparece em 5º lugar. Nos trinta primeiros, o Algarve entra com 11 municípios e, seu azar, Câmara de Lobos, na Madeira, é o último. Assim sendo, dizer que o turismo é a chave da nossa salvação também não se afigura conclusão a tirar, de ânimo leve. Aliás, a melhor via passa por uma miscelânea de bons índices, fonte praticamente de sucesso presente e futuro assegurado. Numa outra linha de raciocínio mais aprofundada e com uma maior carga política, vamos dar sempre ao mesmo: quem mais sofre é, regra geral, o interior, que surge, muitas vezes, cá em baixo, onde ninguém quer ficar. Nem que seja por um bocadinho. Com mais este ponto de partida, em ano de eleições, os futuros autarcas terão aqui muito a aprender. E os actuais, com um pé noutro eventual mandato, também… Carlos Rodrigues, in “ Notícias de Vouzela”, Janeiro de 2013

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