quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Notas (3) sobre o território de Lafões

NLafões18jan18 História de Lafões Conhecer o solo que pisamos Para levarmos por diante um estudo mais ou menos organizado que nos dê uma ideia do que é a história da região em que vivemos, temos andado a debruçar-nos sobre as características físicas do espaço em que nos situamos. Sem pretendermos ir ao fundo das questões (nem isso seria possível num trabalho desta índole), contentamo-nos por aflorar alguns tópicos um tanto pela rama, mais como pistas para novas investigações do que temas completos. É esta a nossa intenção, nada mais do que isso. Para nos permitir desfiar os argumentos que entendemos ser mais relevantes, percorremos uma série de fontes, sempre com base no princípio de que são seguras, fidedignas e credíveis. Com esta norma a guiar-nos, hoje vamos basear-nos num excelente estudo, com 647 páginas, em aspectos globais e muitos detalhes, que nos surge num trabalho algo recente, que tem como título “Aproveitamento hidroeléctrico de Ribeiradio-Ermida, EDP/Martifer, Estudo de impacte ambiental, volume 1, Relatório síntese, COBA, 2008”. Impossível ficar indiferente à riqueza e variedade de dados que aqui existem sobre uma enorme camada de aspectos, que julgamos altamente pertinentes para olharmos para este nosso espaço em busca das raízes que o enformam. Muito embora se circunscreva à zona da Bacia do Vouga onde se implantaram estas duas barragens, deambula, no entanto, por outros territórios que nos ajudam a compreendermos melhor todas estas matérias. Por outro lado, ao tocar-se nas coordenadas balizadas pelas respectivas albufeiras, está-se, afinal, a entrar-se pela zona de Lafões numa boa medida. Solos, rochas, clima, fauna e flora, de tudo aqui se fala com um cuidado e um saber muito assinalados. Metidas estas nossas terras “ num relevo vigoroso, vales encaixados e alguns escarpados significativos”(3.35), acrescenta-se que “ A área em estudo é pobre em solos de elevada aptidão agrícola” (3.46”, mas com excepções junto às principais linhas de água. Se já aqui trouxemos alguns indicadores importantes, tirados de outras obras, na altura devidamente assinaladas, desta colhemos mais alguns dados que servem para complementar a análise que estamos a fazer. Pode acontecer, porém, que possam existir alguns aspectos aparentemente contraditórios, ou mesmo diferentes daqueles que então registámos. Tem tudo muito a ver com os métodos e os locais de captação dessas informações. Desta forma, nada se opõe, antes se acrescentam novas visões. Assim na obra em apreço, a precipitação média anual nesta bacia hidrográfica, zona das barragens, com base numa análise feita entre os anos de 1954/55 e 2003/04, é da ordem dos 1330 mm. Para caracterizarem o clima, foram apoiar-se nos anos de 1951 a 1980, informando, a partir dessa via, que a evaporação média anual ronda os 1200 mm, com valores máximos em Agosto (170mm) e mínimos em Dezembro/Janeiro, com 40 mm. Já as temperaturas médias do ar atingem um máximo de 21º em Julho e mínimo em Janeiro (7,7). Concluem que há um período dito quente entre Maio e Outubro e um frio de Novembro a Abril, pelo que vivemos numa zona de clima temperado. Com um nível de insolação de 2500 horas no total anual de sol a descoberto, parte-se de um mínimo de 1800 horas e de um máximo de 3100. Por sua vez, os ventos sopram de noroeste de Janeiro a Abril e de sudoeste em Outubro, isto em termos muito gerais. Para terminarmos, por hoje, peguemos na sua definição de paisagem, assim descrita: “… A resultante paisagística de um local é, em cada momento, o reflexo da interacção de vários factores, quer de ordem biofísica (entre os quais se salienta o relevo/geomorfologia, a geologia/litologia, as características da rede hidrográfica e o coberto vegetal), quer de ordem sócio-cultural (relacionando-se estes últimos com as acções de natureza antrópica – dizemos nós, mão humana), que têm manifestações diferentes na construção do território… “ (3.10) Encaixando tudo isto em unidades de paisagem, a nossa é a MUP 1 – “Montes Ocidentais da Beira Alta”, um espaço de transição entre esta Beira Alta e a Beira Litoral. Mais para o interior, há a MUP 2 – “Alto Paiva e Vouga”. Ponto por ponto, em próxima oportunidade e continuando com este mesmo Estudo, veremos estes temas, desde as 22 espécies de mamíferos em zonas ribeirinhas às raras ou ameaçadas, estas no foro vegetal, tais como o feto-do-botão e o feto-dos-carvalhos. Pelo meio, meteremos o Cinclus cinclus, o melro-de-água, que motiva umas grandes jornadas de fotografia da natureza que se realizam em Vouzela por estas alturas de Janeiro. (Continua) Carlos Rodrigues

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