sexta-feira, 20 de julho de 2018

Boa comunicação é precisa e urgente....

Cada vez mais necessária uma boa comunicação social O ser humano andou milénios ao sabor dos sons e símbolos mais próximos, pouco ou nada sabendo do que acontecia além do seu círculo restrito de amigos e vizinhos. Prosseguiu a aventura da comunicação com o exterior mais distante por meio de sinais de fogo, por gritos nos cimos das montanhas, por tudo quanto fosse acessível ao ouvido e ao olhar de uma forma muito simples e rudimentar. Descoberta a escrita, os mensageiros começaram a correr pelos montes a transmitir novidades, mas a um conto acrescentavam sempre um ponto. Nós somos filhos desses estádios de civilização, que teve, nos últimos séculos, um papel activo nos almocreves e noutros agentes informais. Com a divulgação da era de Gutenberg (cerca de 1450) e sua prensa de tipos móveis, operou-se uma revolução e as alterações sucedem-se, em livros publicados e, no que à comunicação mais diz respeito, em jornais, alguns deles muito simplórios e pouco exigentes nas suas regras e métodos de informação, mas com títulos altamente pomposos, como este, o primeiro em Portugal no ano de 1641, “Gazeta em que se relatam as novas que houve nesta e que vieram de várias partes”, posto a circular, em doze páginas, no dia 3 de Dezembro. Cingindo-nos à nossa nação e a esta nossa região, até ao século XIX pouco se avançou neste campo da comunicação social. Com a revolução liberal, a partir de 1820, com a necessidade de as várias forças partidárias e ideológicas expandirem as suas opiniões, os jornais aparecem quase como cogumelos, com cores variadas e textos para todos os gostos. A imprensa, até então a caminhar muito devagarinho, começa a fazer corridas cada vez maiores. A sua força mede-se em termos políticos e é esta vertente que a bitola. Longe ainda estávamos da rádio, muito mais da televisão e a milhas dos actuais sistemas de comunicação em massa por via digital. Para se ter uma ideia do peso dos jornais e da sua proliferação a partir dos anos de 1800 em diante, anotem-se estes títulos que se localizaram nas nossas terras, numa distribuição por concelhos e com eventuais falhas: Oliveira de Frades – O Lafões(1892), Mocidade de Lafões, O Azorrague, Ecos de Lafões, O Lafonense, Jornal de Lafões, O Ribeiradiense, Oliverdade, Rádio de Oliveira de Frades (1986); S. Pedro do Sul – O Lafonense (1891), Jornal de Lafões, A Comarca, O Vouga, O Progresso, Voz da Beira, Ecos do Vouga, O Innonimado, Povo da Beira, A Democracia de Lafões, a Tribuna de Lafões, Gazeta da Beira (duas fases), Correio de S. Pedro do Sul, Ecos da Gravia, Notícias de Lafões, Rádio Valadares e Rádio Lafões; Vouzela – Aurora do Vouga (1887), A Democracia de Lafões, O Beirão, A Revista de Lafões, O Presente, O Echo de Lafões, Aurora de Lafões, O Vouzelense, Correio de Lafões, O Lafões, Alvorada, O Lafões, Correio de Vouzela, Notícias de Vouzela, Vouga Livre, Rádio Regional de Fataunços, Rádio Vouzela – VFM. Esta alinhavada lista bem acentua quanto a comunicação social tem sido importante ao longo dos tempos. E hoje muito mais do que nunca, por estranho que pareça. Como seres consumidores de informação, cada vez estamos mais ávidos de a ela termos acesso. Respondendo a este crescente apetite, os últimos tempos têm gerado carradas e carradas de uma dita comunicação, em blogues, em redes sociais, em novos meios de divulgação de notícias e opinião, falada, vista e mista. Mas tem-se perdido em matéria de conhecimento e em fontes seguras de informação. Nesta avalanche de dados que nos invadem o quotidiano e quase nos sufocam, tudo se confunde: verdade e mentira convivem à mesma mesa e isso é altamente perigoso. Para a verdadeira e real destrinça de tudo isto, separando o trigo do joio, cada vez mais é necessária uma imprensa, uma comunicação social de referência, com valores, com ética, com rigor, com verdade, com respeito pelo cidadão e seus direitos a uma correcta e credível comunicação. É aí que, no nosso caso, os jornais têm de se posicionarem para virem a ter futuro e a assegurarem o próprio futuro das nossas comunidades. Na bagunça em que vivemos, ninguém ficará a lucrar. Essa é que é a verdade. Por isso, impõe-se uma regra de ouro: que cada jornal, que cada rádio, que cada televisão se afirmem pela honra do trabalho que fazem. O resto é conversa da treta. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Lafões”, 19 Jul 18

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