terça-feira, 22 de outubro de 2019

Conferência de S. Vicente de Paulo em Oliveira de Frades....

O apoio social também na mão das Conferências de S. Vicente de Paulo Nascidas em França no ano de 1833, numa iniciativa de Antoine Fréderic Ozaman e Emmanuel Baily, as Conferências de S. Vicente de Paulo rapidamente se foram espalhando por muitos outros locais. Vouzela e Oliveira de Frades são disso dois bons exemplos. Ao vasculharmos, por exemplo, as páginas deste jornal, muitas referências encontraremos sobre uma boa parceria entre essas duas entidades, Vouzela e o seu NV, que deu fecundos frutos, sobretudo no campo da construção de habitações sociais. Por hoje, vamos, no entanto, focar-nos no seu papel e importância no concelho de Oliveira de Frades, para falarmos da sua Conferência, que viu a luz do dia (tendo em conta a informação a que tivemos acesso e que pode ainda vir a ser alterada) em Janeiro de 1939, tendo, portanto, a bonita idade de 80 anos. Constituída pelos Confrades subscritores e outros apoiantes, nos respectivos livros de actas, que nos aparecem em força a partir de 1941, em doloroso período da II Grande Guerra Mundial, se dá nota do seu modo de funcionamento e dos procedimentos seguidos. Assim, ficámos a saber que, em cada reunião regular semanal realizada na Residência Paroquial, se procedia a uma colecta entre todos os elementos presentes, de modo a fazerem frente às despesas que iam surgindo, prática que, ainda em 2019, às quintas-feiras, se mantém inalterável. No início, cada confrade cuidava do seu “pobrezinho”, em apoios diversos, desde roupa a alimentação. Numa lista que encontrámos, podemos referir algumas das pessoas que deram vida a esta instituição, nomeadamente, Diamantino Pires de Bastos, José Pinto Ferraz, Mário Henriques de Oliveira e Silva, José Alexandre M. Pereira, Amadeu da Costa Azevedo, José Luís Martins, Bernardino Rodrigues da Silva, Joaquim da Silva Moreira, Francisco da Silva Moreira, Fausto Pereira de Azevedo Laranjeira, Firmino Laranjeira (?), Augusto Fernandes Antunes, Aires Azevedo, António Rodrigues Almeida, João Pereira, acrescentando-se, em nomes manuscritos, ainda Armando Rodrigues Ferreira, Agostinho Tavares Pereira Gomes, Vasco Araújo, Manuel Rodrigues, Serafim Portugal, Américo Fernandes, Augusto Luís Rodrigues e Manuel Lopes Martinho (1952). Em linhas gerais, cada reunião começava sempre com as orações do costume e a leitura de textos diversos, em escolhas do Assistente Eclesiástico, o pároco local, sendo o primeiro o Padre José Tavares Baptista, que por ali se manteve durante cerca de duas décadas. Acompanhavam-no em posições de “chefia” um presidente, um secretário e, talvez, um tesoureiro, como acontece na actualidade. Entre as funções desempenhadas pelos elementos da Conferência, uma delas tinha a ver com a operação de levar aos “entrevados” (1942) o Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Um ano depois, em Novembro de 1943, apontavam-se estes artigos de vestuário: 7 calças, 3 vestidos, 2 saias, 3 camisas, 3 blusas, e lenço, 1 avental e 2 cobertores para distribuição pelos carenciados. Em 1946, fala-se na festa de S. Vicente de Paula no dia 19 de Julho, com missa solene cantada pelos confrades. Na angariação de fundos, em 1948, conseguem-se 500$00 vindos da Junta de Província da Beira, mais 300$00 da Associação Recreio e Instrução da vila de Oliveira de Frades, 100$00 do Grémio do Comércio de Viseu e da Comissão de Festas do Santíssimo uma outra verba. Também a JOCF contribuía a seu modo, assim como outras entidades, designadamente a Confraria de S. Miguel de Travanca, com 100$00 doados em 1946 e a Comissão Municipal de Assistência, em 1953, a fazer chegar um montante de 500$00. Com bens na Remolha e no Olheirão, em 1953, são pagos ao pedreiro que laborava na casa do Bairro Vicentino a quantia de 1998$00. Anos depois, em 1959, procede-se à liquidação de uma urna, no valor de 295$40, destinada ao pai de um pobre. Em 1960, aparece uma listagem referente à distribuição de broa, ano em que se agradecem 100 malgas com vista ao programa da Sopa dos Pobres, obra acabada de criar. Ainda por esta altura, se pede apoio para a compra de uma cinta medicinal. Num papel avulso, fala-se na casa da Remolha e na custo de materiais e trabalho a subirem aos 8350$00. Nos anos que correm, sendo seu Assistente Eclesiástico o Padre Manuel Fernandes e Presidente o Dr. José Figueirinhas, opera-se na área do apoio em material médico, cadeiras e camas, a partir de uma boa cooperação tida com Fernando Almeida, Alemanha, e em parcerias estabelecidas localmente, assim como se colabora, entre outras missões, com o Banco Alimentar. Com a questão da Remolha solucionada, tendo sido alienado o património ali existente, pensa-se em prosseguir a potenciação do espaço do Olheirão, que até já tem sido objecto de negociações, de modo a ter um aproveitamento condigno. Na calha e já com projecto, tem-se em vista dotar a Conferência de S. Vicente de Paulo de uma sede própria num edifício em construção na área do Complexo Paroquial, depois do compromisso estabelecido com os Escuteiros. Com 80 anos de vida, esta Instituição continua a realizar os objectivos e missões para que foi pensada e criada, ainda que nem sempre sejam muito visíveis... Carlos Rodrigues, in Notícias de Vouzela, Out19

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