quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Morais Carvalho, um grande Homem de Vouzela

Conselheiro Morais (Moraes) de Carvalho Em rescaldo eleitoral, falemos de um parlamentar vouzelense Ainda estamos em maré de apreciação dos resultados das útimas eleições legislativas, realizadas no passado dia 6, domingo. Não é, porém, desse acto que vamos falar, preferindo recuar no tempo, mais de um século, para encontrarmos o fio condutor destas linhas: tentaremos retratar uma ilustre figura de Vouzela, o Conselheiro Morais Carvalho, antigo deputado, par do reino (1862, por carta régia), ministro e muitas outras coisas mais. Foi tão impactante a sua acção, que, tendo morrido em 1878, quatro anos depois já tinha erguida a sua estátua à beira da Capela de S. Frei Gil, onde ainda hoje se encontra, imponente, a marcar a sua presença. É alargadíssima a sua biografia, que tem páginas de ouro inscritas em Vouzela, na Galiza, na Inglaterra, no Brasil, em Lisboa e muitas outras partes do nosso mundo de então. De seu nome completo, Alberto António de Moraes Carvalho, nasceu nesta vila em 22 de Novembro de 1801 e faleceu em Lisboa no dia 15 de Abril de 1878, sendo filho de Luís de Moraes Carvalho e de D. Joaquina Rosa de Moraes Torres. Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, começou por ser advogado na sua terra natal, mas não por muito tempo. Decorria o ano de 1828 quando aderiu à causa liberal, que lhe trouxe alguns dissabores, como o facto de ter emigrado para a Galiza e daqui para Inglaterra (Palmouth). Não satisfeito com o rumo da sua vida, atravessou o Atlântico e fixou-se no Brasil. Dotado de bons conhecimento jurídicos e boa postura social, aí continuou a exercer a sua profissão e fácil lhe foi singrar naquelas terras. Logo, em 1830, se aventurou, com sucesso, a escrever o “Índice Alfabético das leis do Brasil ( que se tornara independente, note-se, em 1822) em continuação do repositório geral de Manuel Fernandes Tomás”, entre outras obras que se tornaram ali verdadeiros compêndios de direito. Homem de sonhos e de mil projectos, em 1848, regressa a Portugal, descansa algum tempo em Vouzela, partindo, depois, para Lisboa. Recomeça ali uma carreira meteórica ao mais alto nível. Vereador eleito da Câmara Municipal da capital, em 1852/1853, foi escolhido por seus pares para seu Presidente. Fez ainda parte da Junta Geral do Distrito, tendo sido também Governador Civi e Conselheiro do Tribunal de Contas. Nas Cortes, exerce, em várias legislaturas (eis a razão destas notas nesta altura de 2019...) o cargo de deputado. Sempre a subir, nos governos do Duque de Loulé e do Marquês de Sá da Bandeira, torna-se ministro do Negócios Eclesiásticos. Casado com D. Maria Soares de Moraes, foram seus filhos: Adriano Alberto de Moraes Carvalho, Alberto António (também advogado e figura grada das lides políticas, incluindo o facto de ter sido deputado, ministro e par do reino...), Leopoldo Augusto, Amélia Elvira, Maria Georgina e Amélia Eugénia. No vasto rol de suas obras, vêem-se ainda o “Aforismo e pensamentos morais, religiosos, políticos e filosóficos”, de 1850, a “Observação sobre a primeira parte do Código Civil Português na legislação”, 1853 e “ Expropriação por utilidade pública”, 1878. Foi sócio honorário do Instituto da Ordem dos Advogados Brasileiros, sócio correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa, do Instituto Histórico de França, depositário da Ordem da Rosa, Brasil, e Comendador da Ordem de Cristo. Recebeu a Grande Cruz de Leopoldo da Bélgica. A sua estátua, na vila de Vouzela, foi inaugurada em 1882, sendo seus autores (como se relata no NV de 1/1/96, de Miguel Coutinho), Fernando Correia da Silva e Francisco António Raposo. Em Outubro de 2019, trazer aqui este exemplo faz-nos crescer água na boca e mostrar o nosso reconhecimento e gratidão por quem tão bem soube prestigiar as nossas terras.... Carlos Rodrigues, in Notícias de Vouzela, Out19

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