segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Ler na toponímia as nossas marcas: Oliveira de Frades confirma-o

Uma volta pela toponínia de Oliveira de Frades Das rainhas aos cientistas passando por tantas outras vivências CR Acabámos de dizer, há dias, que a toponímia é uma espécie de livro aberto sobre a vida de cada uma de nossas terras. Nessa altura, falávamos de Vouzela. Hoje vamos até ao concelho vizinho, Oliveira de Frades, agora, por triste sina, em maré vazia, porque integra a lista dos municípios (121) afectados pelas novas medidas de combate à Covid e esta é uma posição que ninguém gosta de ter ao seu alcance, mas acreditamos que isto vai passar. Infelizmente, nem para todos os desfecho é o melhor, longe disso. Para esses amigos que nos deixaram, que descansem em paz. Para seus familiares e amigos, sentidas condolências. Se esta é uma página negra do nosso presente, a da leitura da toponímia leva-nos para outros lugares e outras vivências, muito embora nem todas com sinal positivo, porque a tristeza é uma constante de nossas vidas. Mas aqui há muitas manifestações de alegria e de percursos de sucesso, como se poderá ver a seguir. Em diferentes capítulos, a mais recente das revisões e complementos levados a cabo, acrescentou novas designações e avançou para os espaços que entretanto se foram urbanizando, que este é um processo dinâmico e acompanha a força das mudanças que se vão verificando ao longo dos tempos. Porque são muitas as artérias, largos e outros recantos a classificar, optamos por agrupar muitos dos nomes sob a capa dos temas que retratam. Comecemos pela história mais geral, na Zona Industrial e noutros lugares: Rua do Mosteiro de Santa Cruz (Coimbra), entidade a quem, durante séculos, esta vila esteve tanto ligada e essa memória não se perde; Avenida Universidade de Coimbra, idem; Caminho da Roda, uma prática social de há séculos relacionada com a entrega das crianças à guarda de quem se sabia que ia tratar bem delas; Caminho de Santiago, o apóstolo; Caminho de Santo António, o nosso Santo; Rotunda do Couto de Ulveira, em referência ao estatuto especial e autonómico que o Rei D. Afonso Henriques concedeu à vila; Rua Albergaria de Reigoso, entidade criada nesses nossos primeiros tempos e a perdurar pelos séculos fora; Rua do Mosteiro de S. Cristóvão de Lafões, monumento e espaço localizado a curta distância da sede deste concelho; Travessa Senhora dos Milagres, etc. Num outro domínio, o da literatura e das artes, também são múltiplas e diversificadas as referências de âmbito nacional e internacional, mas com toques locais. Vejamos alguns casos: Rua António Gedeão (Rómulo de Carvalho), poeta, professor e cientista, que com sua esposa, Natália Nunes, também escritora, passou muitos tempos em Oliveira de Frades; Rua dos Escritores Lafonenses; Rua Jornal “ O Lafões”; Rua Professor António Figueirinhas, pedagogo e livreiro; Rua Professor Egas Moniz, Prémio Nobel da Medicina... Com as Ruas 7 de Outubro e Rainha D. Maria II, evoca-se a constituição definitiva do concelho de Oliveira de Frades, registando-o para sempre, deste o ano de 1837, depois de vários avanços e recuos. Curiosa é a Rua da Liberdade, que não precisou do 25 de Abril para assim se designar, que este seu nome já vinha de tempos anteriores. Com muita gente da terra a merecer ser destacada, apresentamos, por razões de espaço, apenas alguns nomes, a título de exemplo, neles homenageando também todos aqueles que aqui se não citam por agora. Ei-los: Avenida Dr. Armênio Maia e Avenida Eng. João Maia; Rotunda Dr. Diamantino Pires de Basto; Rua Dr. António Lopes Ferreira; Rua Dr. Manuel Ferreira Diogo; Rua Dr. Luís Faria, todos ex-presidentes de Câmara Municipal; Rua Adamastor Augusto Ferreira; Rua Fernando Escada, autarcas... No campo das empresas, aparece-nos logo a Rotunda dos Empresários; a Rotunda da Agricultura; o Beco dos Artesãos; a Rotunda das Artes e Ofícios; a Rotunda do Comércio; a do Turismo; a dos Peixeiros; referindo-se ainda várias figuras nas Rua Carlos Alberto Pereira da Silva, para, nele, destacar uma das actividades mais notáveis deste município, a avicultura; Rua Celestino Ferreira Martins, grande investidor e homem das Casas do Povo... Nas Avenidas Casa de Lafões, Comunidades Europeias, Migrações, dos Descobrimentos, alude-se à dimensão associativa que aqui tanto se preza. Uma a uma, na Zona Industrial, todas as doze antigas freguesias ali são lembradas. Também as tradicionais nomenclaturas, como o Beco do Mareco, a Rotunda da Tojeira, a das Chãs, o Beco da Remolha, a Rua Chão do Rio, a da Geriça, a da Moagem, a da Várzea, a da Seara, a da Passagem de Nível (...) mereceram menções especiais. Sem serem esquecidas todas as outras, estas notas servem apenas como forma de mostrarmos que a toponímia tem acrescida importância em cada uma de nossas localidades. Por isso, esta é uma prática que está a ser generalizada, e ainda bem, dentro e fora do espaço urbano da vila, espalhando-se por todo o concelho... Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Nov 2020

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