quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Luto por um amigo

Conheci o Eng. Falcão e Cunha em caminhadas jornalísticas e autárquicas. Habituei-me a estimá-lo e a admirá-lo, até por ser natural do meu distrito, ele de Mangualde, eu de Oliveira de Frades, duas terras unidas por outro traço comum: a industrialização a tempo e horas, ou quando tal foi possível e desejável.
Percorremos vários trajectos na companhia de outro amigo, infelizmente também já desaparecido: João Maia. Juntos, orgulhamo-nos daquilo que fizemos. Mas, no meu caso especial, em relação ao Eng. Falcão e Cunha, que agora nos deixou - o que lastimo e muito me dói - tenho de confessar que lhe devo um nó do então IP 5, hoje A25. Passo a relatar: essa via, em Reigoso, teimosamente, não previa qualquer ligação directa. Face ao descontentamento geral, estes três e muitos outros juntaram-se e o nó nasceu e cá está, forte, sólido, útil e importante, a servir duas zonas industriais e um montão de gente que muito agradece este melhoramento.
Mas, agora, depois de a notícia ter corrido mundo, via comunicação social, é a tristeza que me invade: o Eng. Falcão e Cunha morreu. Paz à sua alma e sentidos pêsames a toda a sua família.
Portugal está mais pobre. Mas a minha sede do concelho já o perpetuou para sempre, em rotunda que ostenta o seu nome, porque aqui a gratidão tem raízes e sabe honrar quem desta terra se não esquece.
Por estar de luto, eis aqui este desabafo. Dedico-o ao Eng. Falcão e Cunha, um amigo que perdi, um exemplo de homem que recordarei eternamente.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Belém: fumo houve, fogo não sei...

De vez em quando, nisto de eleições, saem umas pedradas, a meio do caminho, que podem ferir muitas e boas cabeças. Foi assim no passado, aconteceu agora e tal não deixará de suceder no futuro, citando La Palisse. A edição deste ano teve o seu epicentro em Belém e os estragos recaíram sobre um assessor (o fumo), não se sabendo a dimensão do fogo que por ali anda a corroer a mobília e a, talvez, abeirar-se, perigosamente, das pessoas.
Dissemos há dias que os tempos não iam bons. Descobre-se, com esta demissão, que o nosso medo tinha(tem) toda a razão de ser. Afinal, esse fogo, de que se não conhecem os contornos, nem está circunscrito, existe mesmo. Só que o Comandante-Mor das operações - por quem nutrimos uma enorme simpatia e nos inspira toda a confiança - não há maneira de desfiar a meada em que tudo sito se tornou. Diz querer fazê-lo depois das eleições, quando os cacos e os destroços já andarem por aí a carpir mágoas de todo o tamanho. Nessa altura, para uns será tarde demais, para outros, a saber a doce mel, teremos o tempo das palmas talvez não merecidas. Isto é, para sermos assim-assim, nem claros, nem obscuros: nesta contenda toda, há forças políticas que já esfregam as mãos e outras que começam de torcer as orelhas, mas é pouco o sangue vital que por ali corre...
Tal como outrora, por força de destinos que se escrevem sempre com vítimas e vitoriosos, desta feita também do agora Inquilino de Belém nasceu a sina já conhecida - a influência, quer queiramos, quer não, nos resultados eleitorais, prevendo-se, salvo algum forte vento contrariador, as mesmas tendências...
Esperando ainda algum esclarecimento adicional e tranquilizador, a minha esperança ainda não morreu, apesar de estar agonizante, entre a vida e a morte.
Mas, em tempo de vindimas, até ao lavar dos cestos temos safra.
A ver vamos...

sábado, 19 de setembro de 2009

Razões do meu descontentamento

Há trinta e cinco anos, em Moçambique, mais propriamente no M'Cito, acordei um dia, já depois de tal acontecimento, com um novo ar: ouvi falar de um país novo, senti-o pela Rádio, contactei com ele nos abraços de meus amigos. Adivinhava-o, desejava-o, mas ele teimava em não aparecer. Por isso, nesse já longínquo mês de Abril outras ondas me molharam os pés. Acima de tudo, passei a sentir-me um homem, um rapaz, até um militar, mais livre, mais cidadão. Descobri que a vida começava a valer a pena.
Sucederam-se os tempos, aos trambolhões, das escolhas, da caminhada até ao cimo das opções a tomar. Tudo aconteceu como que em catadupa, vindos de todos os lados os mais diversos contributos. Aceites uns, rejeitados outros, mais cedo ou mais tarde, tudo começou a encaixar-se.
Então, acreditei que o meu Portugal entrara definitivamente na modernidade política, que as disputas eleitorais eram razão de ser, que a luta pelo poder era necessária e séria, que a democracia, sim, a democracia chegara total, inteira, serena, exigente, indestrutível, participada de corpo e alma.
Ingenuidade minha: os contornos que hoje vejo a nascer de todos os lados estão a levar-me para o descontentamento, para o descrédito, inclusivamente. Isto de se falar em devassar poderes alheios, em minar os alicerces das instituições é mau demais para ser verdade.
Quero acreditar que nada do que se diz e se escreve tem correspondência com a realidade.
Quero. Mas tenho medo, muito medo que de que o meu querer de nada nos possa valer.
E, se assim for, não se calem as vozes, não. FALEM, FALEM, enquanto se está a tempo, porque daqui ao abismo, às vezes, bem pode ser curto o percurso a percorrer.
É mau demais o quadro que nos pintam.
Pede-se um esclarecimento calmo, mas seguro.
Pede-se, não, exige-se.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Duas ideias de grande agrado

Nestes meados do mês de Setembro, caíram-me do céu dos homens e das mulheres, neste que construímos na terra, duas ideias que muito me entusiasmaram: o início do ano lectivo alargado, que fez entrar nas salas de aulas meninos, crianças e jovens, dos 3 aos 23 anos, ou bem mais - e ainda bem , porque nunca é tarde para aprender - ao mesmo tempo que vi ser eleito para o mais alto cargo europeu um amigo pessoal, um cidadão de dimensão mundial, um português que muito honra o país que o viu nascer e crescer, em todos os aspectos: DURÃO BARROSO.
Parabéns, meu caro amigo!
Quando alguém ousa subir, pela segunda vez consecutiva, a tão alto posto, logo me lembro de Jacques Delors, alguém que um dia tive o prazer de ver junto de mim, e que tão excelente serviço prestou à causa europeia. Meu caro Durão, se essa prerrogativa lhe veio parar às mãos, creia que Portugal não pode deixar de estar em pulgas - um feito destes obriga a que estejamos todos, todos, todos de alma e coração com alguém que é um de nossos mais dignos exemplos. Por mim, digo-lhe que a satisfação como cidadão me enche a alma, me alegra de uma maneira ímpar, me diz que vale a pena lutar pela excelência, pelo saber ser e pelo saber estar.
Recordo ainda, comparando-os, o seu trajecto e o de Barack Obama: há tempos, ninguém diria que um português, chamado Zé Manel Durão Barroso, chegaria a "comandar a Europa" e muito menos que um Obama treparia ao mais alto pódio dos EUA. Todos se enganaram. Todos.
Felizmente para a Europa e para o mundo, por estas duas vias, é esta a gente que tem estes cordelinhos, um deles tecido e torcido em solo português: um abraço, Durão Barroso!
Por outro lado, a todos aqueles que ultrapassaram os portões da escola, vencendo medos e desafios, quero felicitar e desejar que tenham o melhor dos percursos: força, Carolinita!
Já agora, para quem anda na estrada a vender sonhos e ilusões, verdades e afins, que a vida lhes corra bem e que vença quem melhor souber cativar a vontade dos portugueses, sabendo eu que o meu voto tem cara de mulher, de esperança, de mudança serena, muito embora queira um Portugal com a velocidade a nunca, nunca fugir da Europa e do mundo!...

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Um contabilista p'ra Selecção, já!

Anda equivocado o meu quase-vizinho, Dr. Gilberto Madaíl, porque, ao contratar Carlos Queiroz, descurou uma preciosa operação de rectaguarda: a escolha de um bom contabilista, que, munido de uma poderosa máquina de calcular, soubesse fazer, sobretudo, contas intermédias. É esse o grande problema do momento. `A míngua de resultados credíveis, resta-nos agora fazer contas de somar, para nós e de subtrair, para terceiros. O pior é se suecos e dinamarqueses preferem as da igualdade, o que vem baralhar tudo e todos, quaisquer que sejam os desfechos futuros.
No campo, jogamos, jogamos, mas não marcamos: em vitórias morais, somos campeões, de certeza. Em matéria de tabela classificativa, os empates, os remates para tudo quanto é sítio, menos para o local certo - a baliza - só nos dão a anterior "satisfação", que nunca nos leva à África do Sul.
Um contabilista p'ra Selecção, já, é o que se reclama.
Esqueçam-se os losangos e o papel dos matemáticos, a geometria dos desenhos lindos, em teoria, porque a hora é de quem saiba fazer, digo, fazer contas e mais contas. Jogar, isso, não é uma questão que agora se ponha, porque os remates nunca levam a direcção e a força necessárias. Nos próximos jogos, sendo que só o próximo pode arrumar todas as botas, use-se outra estratégia, esta da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas.
Mas nada de sondagens, que esse é chão que já deu uvas. Apenas as contas em cima do óbvio, do acontecimento em si mesmo. É que, dizia alguém, prognósticos só depois de se ir para as cabines...
Com mais este sonho a quase ver navios, para animar a malta, aí temos as quase-campanhas políticas, que só Manuela Moura Guedes, sem mais ninguém, conseguiu, um tanto, ofuscar.
Mas esse é um rosário que tem contas (talvez portuguesas e espanholas) e não é para aqui chamado.
Cuidemos apenas da Selecção, que ela bem precisa de todos nós!...

sábado, 29 de agosto de 2009

Agora, é de começar

Quase sem desculpas, estão os motores partidários oleados para se porem em marcha acelerada. Acabadas as férias, retemperados os ânimos, espionadas as propostas dos adversários, só falta dar o apito final para o arranque das festas-comícios.
Portugal está em leilão. Tudo serve de montra de venda, tudo se entrega por dez réis de mel coado. Quase tudo, melhor dito. A dignidade, essa, bolas, não pode entrar nesta roda da fortuna e do azar. Há valores que nunca se alienam, nunca se põem em causa: de tão firmes que são, não admitem controvérsia, não servem para estas questões de entrega por dá cá aquela palha. Ou valem e são pagos por isso, ou, no entender de quem isto não entende, não podem entrar nestas jogadas e, então, para quem pensa por si, mais vale dizer que se parte para outros caminhos.
Os programas partidários, rebuscados e nebulosos, uns, frios e secos, outros, não nos cativam assim por aí adiante. Mas importa caminhar, que ficar parado é entregar a tarefa de decidir a outrem - e isso é procuração em branco -, pelo que admitimos dar o benefício da dúvida a alguém que, sendo bitolada pelo aço, nos parece mais coerente e mais assertiva, isto em termos de projecto para a nação perdida(?) que parecemos ser.

( ... )

A um mês das eleições, continuamos em dúvidas, mas uma certeza temos: é preciso abanar a árvore para outros frutos caírem, que as enxertias, dizem os meus amigos de Oliveira de Frades, sabedores da poda, às vezes, dão bons sinais. Mas acrescentam que não há regra sem excepção e, em matéria de vinha local, há sinais de uma boa colheita à temperatura média dos últimos anos, mesmo que nem tudo tenha corrido às mil maravilhas...
Com a sabedoria popular como boa conselheira, aceitemo-la.
Se nos enganarmos agora, repensemos o futuro.
Mas não deixemos que outros falem por nós: com o microfone na mão, façamos ouvir-nos e, para esse efeito, o voto é sempre a melhor das armas.
Boa noite!

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Em vez de emprego, a fuga dos empregadores

Há anos, poucos, acenaram-nos com cerca de 150000 novos postos de trabalho. A crise global, erros nossos e má fortuna, fizeram esfumar este sonho e desígnio nacional. Nem este objectivo se cumpriu, nem os sorrisos apareceram. Ao contário, muitas são as lágrimas de quem se viu sem sustento familiar e pessoal, angustiando neste mar de incertezas e outras tantas desgraças.
Agora, para maior desassossego e aumento da dor, já não são os trabalhadores que se vêem na rua. Chegou a hora de sabermos que aqueles mesmos números, mas em matéria de empresários, se viram obrigados a fechar portas, deixando morrer a capacidade empreendedora que, um dia, os levou a abrir portas.
Se multiplicarmos estes dados por todos quantos deles dependiam - porque é bom saber-se que um agente empresarial cria riqueza, valor e recebe mão-de-obra, a quem paga em pão -, tudo se agrava, tudo nos faz pensar que o mal é muito maior que aquilo que esperávamos.
Já não é só o governo a falhar, é todo o edifício da economia que está a ruir. Ao estarmos muito mais descontentes e apreensivos, erguendo as mãos ao céu, esperamos que outros dias, mais soalheiros, nos batam à porta.
Se não for agora, porque ninguém anda preocupado com a dureza da vida, para se centrar mais na questiúncula política, que, ao menos, seja depois de Setembro e Outubro.
Se a esperança é a última a morrer, cá estamos para ver.