sexta-feira, 2 de maio de 2008

A fome

São de arrepiar os sinais que, um pouco por todo o lado, nos mostram evidentes marcas de fome, uma chaga de contornos imprevistos e incalculáveis. Quando escasseiam os produtos básicos e se escondem os cereais, para mais tarde os rentabilizar, é uma espécie de bomba com retardador que se tem entre mãos.
A alastrar como óleo derramado e com efeitos de perigosa e preocupante bola de neve, este pesadelo deve pôr-nos a pensar, seriamente.
Com a busca de novas formas de energias alternativas, a hipótese dos biocombustíveis não parece ser um caminho inócuo, por poder implicar desvios de monta, de que a falta de alimentos ou a escalada de preços dos cereais são uma eventual consequência, brutal e perigosa.
Esse é então um caminho a repensar, mas outras vias não podem ser descuradas, desde a água ao vento, passando pelas ondas do mar e pelo sol. Sem provocarem efeitos colaterais, a elas não se vai assacar a responsabilidade pelo crescente fenómeno da fome em larga escala, antes pelo contrário.
Deixemos, por outro lado, a terra para quem dela precisa, dinamizando bons cultivos e excelentes práticas, que o mal endémico está na deficiente afectação de recursos e nos desperdícios: uma outra política e uma outra ética são mais precisas que, propriamente, o pão para a boca. Mas, acrescente-se, sem este nada feito, como é evidente.

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