terça-feira, 25 de novembro de 2008

Saco cheio

Com tanta questão a barrar o caminho aos verdadeiros problemas da nossa sociedade, já nos enjoa a invasão de temas que só atropelam e de tudo nos desviam: fala-se muito de nada e cala-se o que é determinante, inunda-se o céu e a terra de ruídos e não se atiram para a grelha dos dados decisivos aqueles que, verdadeiramente, são de analisar e tratar.
Do BPN, são-nos oferecidas cargas e cargas de confusões, todas elas do arco da velha, que mais confundem do que aclaram; dos professores, só ficamos a saber que é dura a luta e aguerrida a contenda, com as posições, por agora, um pouco no escuro; das negociações salariais, o governo enche, enche, baralha e tudo deixa na mesma - nem mais um cêntimo, que as finanças não permitem, dizem, qualquer esticadela, por mais justa que seja; das Forças Armadas - até aí se respira um ar pesado - é maior o segredo que a abertura; da União Europeia, prometem-se para amanhã o céu e as estrelas, mas adivinham-se tempestades e das grossas; dos EUA, o Obama puxa os galões e a equipa, alargada e renovada, parece que vai gerar obra, mas nada é certo; do mundo, em geral, pouco de bom se espera, que a globalização, por estes momentos, desfaz mais do que constrói.
Resta-nos, de África, uma visão desapaixonada - uma vez mais - de um Mia Couto, que leu Obama como deve ser: o homem certo para aquele lugar, naquele contexto, mas possível porque assim teve de acontecer, tal o passado a esconjurar e o futuro a construir.
Com este pano, onde caem todas as nódoas, vai o PS avançando o seu caminho. Quanto ao PSD, a luz não tem maneira de sair do fundo do túnel, bem maior do que todas as previsões, pelo que até o desgastado Paulo Portas parece poder esfregar mais as mãos, que o PCP e o BE não deixam de ser aquilo que os caracteriza - um olhar para uma sombra que nem cresce nem minga.
Amanhã, porém, pode haver novidades, mas não é de prever-se que cheguem boas notícias, porque a crise, essa, não nos desampara. Nem a pontapé.

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