quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Um país, dois sistemas

Ressalvada qualquer abusiva comparação com a longínqua China, este meu país anda sempre a fazer discriminações e a gerar disparidades, absolutamente desnecessárias e até provocatórias, criando dois sistemas para as mesmas questões. Desta feita e de uma só penada de mau gosto e de mau feitio, atirou-se, uma vez mais, aos seus aposentados e aos desgraçados que entrarem na função pública em 2009. Condenando-os a pagar 14 meses de descontos, contra os doze vigentes na generalidade dos casos, mostra este governo uma especial veia para colher tempestades.
Parece que não vale a pena vir a protestar, porque a regra é esta: quanto mais razão se puser em cima da mesa, mais teimosia se gera. Mas é triste e inqualificável, mesmo no panorama das igualdades cívicas e sociais, que se deveriam defender com unhas e dentes, este tratamento. Com esta atitude, lesam-se uns e deixam-se outros de lado, quando é nestes últimos que está todo o verdadeiro caminho - aquele que implica uma prática de gerações e que agora se põe em causa.
Se não é ir longe demais, apela-se ao Presidente da República, ao Provedor da Justiça, ao Tribunal Constitucional, aos Deputados, à Comunicação Social, às forças vivas em geral, ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem e do Cidadão no sentido de se não deixar avançar este atropelo à dignidade de quem se vê afectado desta forma e deste jeito sem graça nenhuma.
Em último caso, saia-se para a rua em marcha de protesto e de viva contestação.
Ficar assim é dizer que quem se não sente não é filho de boa gente. E este pessoal, que está a ver irem-lhe aos bolsos, é malta de primeira, igualzinha a toda a outra gente.

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