domingo, 19 de julho de 2009

Espanha, aqui tão perto

Saio de casa, meia distância entre Aveiro e Viseu, para, passado pouco mais de hora e meia andar, regalado, por terras de Espanha, tudo isto porque o A25 nos traz o mundo às mãos, por dá cá aquela palha.
É, por isto, que dou comigo a pensar: as grandes obras só estão a mais se tivermos a vantagem de as possuirmos. No meu caso, sou um felizardo, quanto a este aspecto das acessibilidades, que faltas há-as por aqui até dar com um pau...
Mas voltemos ao tema deste momento - a ida a Espanha. Foi um mimo ver aquela Cidade Rodrigo com o património elevado a prioridade absoluta em termos de recuperação, imagem e cartaz turístico. A zona nobre em redor da Praça Maior é toda ela uma evocação extrema da arte e engenho dos nossos antepassados ibéricos, colocando a pedra no topo dos materiais.
Com um Centro assim, apetece ali viver e olhar sempre para trás antes de fazer subir mais um qualquer prédio novo, daqueles que são iguais em todo o lado, com cimento, paredes direitas, varandas a metro, sem sabor, nem cheiro.
Ali, em Cidade Rodrigo, é obrigatório olhar para o céu, que cada esquina, cada arcada, cada janela, cada portada, cada palmo, em suma, merece uma atenção especial. Quando, nas nossas urbes, os Centros Históricos são, em geral, uma lástima de abandono, desassossego, sujidade e um desperdício dos nossos valores, aquela lição ficou-me na retina e na memória. Para que conste, aqui a conto tal como a senti.
Por outro lado, foi com prazer que vi, numa montra, uma alusão turística à nossa Costa Nova, com preços de fazer inveja aos da " casa " - 38 euros por um dia de estadia, 90 por um fim de semana inteirinho. Eles lá sabem as linhas com que se cosem, mesmo quanto a preços...
Esta referência pôs-me ainda esta questão: o seu mar é o nosso oceano e ponto final. Porque têm de passar por estas bandas de Lafões, saibamos apanhá-los, em vez de os vermos viajar apenas, olhando para as nossas placas. Precisamos, para esse efeito, de uma outra estratégia e de outras políticas em favor de um turismo de captação e permanência...
Com as horas a fugir, venho por aí fora e dou com as Torres de Pinhel também bem preservadas, mas ainda longe do esforço conjunto que vi em Espanha. Há por ali uns atropelos, uns " modernismos " incrustados que bem se dispensavam. Mas aceitam-se razoavelmente.
Como começo de reanimação desses pedaços de história, ali em Pinhel já vi algo que me agradou. O mesmo poderei dizer de Marialva, de Sortelha, de Monsanto e um pouco ainda por mais um punhado de sítios apetitosos e de boa figura. Mas Cidade Rodrigo a todos esses aglomerados leva a palma... Importa agora é sabermos colher informação para a aplicarmos depois, que copiar os bons exemplos não é nada que se possa levar a mal.
Em caminho para a Guarda, dei de caras, à beira de uma via bem rasgada, com uma anta, mesmo à mão de semear: a da Pêra do Moço, que nos entra pelos olhos dentro. Bem conservada, bem estimada, é um bom modelo de trabalho e esforço colectivo no sentido de salvarmos o muito que nos resta de um passado que não podemos perder.
Mas, por mais que diga, nenhuma das antas que conheço - e são muitas - ultrapassa em arte e beleza a minha - a de Antelas, aqui no concelho de Oliveira de Frades. Essa, sim, essa é de se lhe tirar o chapéu e chorar por mais. Sempre.

Sem comentários: