quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Europa e Copenhaga

O meu Rio, o do Eirô, pertinho do A25, meio caminho entre Aveiro e Viseu - 40/40 Km - já mostrou que a tradição de haver cheias antes do Natal ainda anda a razar parte dos tempos de antigamente: dizia, no passado, que, para bem ser, tinha este de rebentar pelas costuras três vezes e trepar o Cortelho, galgar as duas pequenas pontes, fazendo-se ver e ouvir, como convém.
Este ano, já ameaçou uma só vez, mas, mesmo assim, muito longe dessas suas épocas douradas. Se assim é, anda mouro pela costa. É por este e outros motivos que estou a olhar para Copenhaga com esperança e sabida apreensão: se, por um lado, penso que dali, daquela Conferência, podem sair sinais que salvem, enquanto é tempo, o nosso planeta, por outro, receio bem que outros interesses mais imediatos, mais mesquinhos se sobreponham ao bom senso.
Dividido entre estes dois mundos antagónicos, o da crença no futuro e o da entrega ao abismo, por teimosia e descaramento, por desprezo para com os nossos vindouros, continuo vivamente expectante. Mas sinceramente céptico, tenho de o confessar.
Aqui, neste concelho de Oliveira de Frades, onde as energias alternativas têm campo largo e onde a Martifer diz como se devem escrever essas páginas, até já tive o imenso prazer de ver renascer, aí pela terceira vez, a Barragem de Ribeiradio, a que se acrescenta a da Ermida. Estes dois investimentos ficam a dever-se à acção da citada Martifer, de mãos dadas com a EDP.
Se assim acontecesse por todo o mundo, talvez este quadro negro de um ambiente desconjuntado e em farrapos nunca tivesse ido tão longe. É para travar este panorama que está a decorrer, em Copenhaga, este encontro mundial.
Com um novo Tratado de Lisboa já em vigor, com outras alavancas mais, bem pode ser que dali saia fum0 branco. Mas só se os homens assim o quiserem e, sem esse passo, nada feito.
Se ali persistir a cegueira, o meu Rio do Eirõ pode não encher pelo Natal.
Nem outros. Nem outros. Nem outros. Nem outros e muitos mais.

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