sábado, 16 de outubro de 2010

Lamento e aplaudo

Com o ar entristecido pela morte de um grande amigo e conselheiro de muito saber, o Professor Alfredo Margarido, com quem tive o privilégio e prazer de trabalhar na Universidade Lusófona, de Lisboa, onde foi meu dedicado, aplicado e saudoso docente de Mestrado, este é um facto que lamento profundamente.
Ouvi-lo horas a fio custava pouco, melhor, era um excelente exercício de aprendizagem activa e abrangente, vendo circular os conhecimentos de uma forma profunda e duradoura. Descobrir em cada um de seus gestos que sofria fisicamente dores incalculáveis, naquela sua cadeira de rodas, era acrescentar valor ao seu papel de professor que nunca mais se esquece.
Saber que morreu é ferida que dói muito. Mas fica-me sempre a consolação de com o Professor Alfredo Margarido ter passado ricos instantes de minha vida. Deixo aqui o meu eterno abraço.
Uma outra lamentação tem a ver com um outro facto palpável e nada apetecível: mesmo com o protesto estampado no rosto, lá passei eu nas novas portagens do A25, ali pelos lados de Aveiro e, por sinal, no primeiro dos dias de um inegável agravamento da nossa vida económica, quando até deveria ter sido entregue um Orçamento draconiano, que só não apareceu a tempo por mais uma grave falha do nosso governo. A custo lá subiu à Assembleia, mas antes não tivesse sido capaz de trepar aqueles degraus, que é desgraça, pela certa, que ali se contém. Chumbá-lo? Isso é que não, porque seria pior a emenda que o soneto.
Quando nem tudo vai mal, o meu destaque cinco estrelas, mais uma e muitas outras, vai para a recente inauguração do novo Centro de Ciência da Fundação Champalimaud, uma iniciativa de excelência e muito adivinhável mérito que se construiu em Belém.
É assim que se anda para a frente. Se o governo puxa para trás, que a sociedade civil, neste e noutros casos, mostre que é capaz de fazer frente ao abismo que, se não arrepiarmos caminho, algum dia nos espera.
Contrariar esse fatal destino é a nossa obrigação.
Esperar por um Estado falido não convém: façamos nós o que nos compete, que essa gente pouco nos dá em atenção e carinho. Muito menos em nível de vida que tenderá para a lástima!...

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