quinta-feira, 11 de maio de 2017

EDUCAÇÃO sempre....

A educação num mundo conflituante Este é um tempo em que a educação, enquanto instituição organizada, mais provas tem que dar quanto à sua própria existência. Parecendo que é desnecessária num mundo cada vez mais agitado, em que cada pessoa quer seguir o seu caminho, esquecendo, por vezes, o sentido de comunidade que não pode ser posto de lado, estamos convencidos que o seu lugar se torna mais urgente e mais preciso. No meio de todo este esquema e processo social, a escola de hoje, quando as famílias são atiradas para outras exigências inerentes aos deveres profissionais, impõe-se de uma forma ainda mais marcante. Como assim é, em vez de se enveredar por políticas públicas que chegam a cheirar a esturro, no que se refere ao tratamento oficial dado a uma classe que tem, a este propósito, uma acrescida importância, e que é a dos docentes, afigura-se-nos ser único caminho o retorno à sua valorização, que tarda em reaparecer. Os últimos tempos são a prova insofismável de tomadas de posição que muito prejudicam o correcto e eficaz funcionamento de todo o edifício escolar. A agitação vivida, o desassossego permanente, as mudanças quase em cima do joelho que surgem de todo o lado, em leis e normas que se contradizem, ou queimam etapas demasiado depressa, a um ritmo alucinante, as negociações que são mais uma conversa de quem não quer dizer nada à outra parte do que reais encontros para encontrar soluções credíveis e de alto nível, as ameaças à estabilidade das carreiras, as longas esperas por um lugar ao sol, que não seja o de andar sempre com o credo na boca, põem em causa o futuro, que o presente não é, de forma alguma, nada recomendável. O que se está a passar com os actuais exames nacionais, no ensino secundário e terceiro ciclo, diz-nos tudo acerca da bagunça que para aí reina. Ainda há dias mostrámos a nossa opinião no que se refere a esse tema: entendendo que a greve é um direito e que, no caso dos professores, há razões de sobra para esse tipo de atitudes, custa-nos ver envolvidos nestas agitadas águas aqueles que são, sem sombra de dúvida, o centro de todo o processo educativo: os alunos. Mantemos essa mesma ideia. Pedíamos, nesse mesmo dia, que o tempo fosse bom conselheiro e que se aprendesse com os erros passados. Humildemente, temos quase a convicção de que fomos ouvidos, na medida em que estamos perante a mudança de provas que estavam previstas para o dia 27, data em que está agendada uma greve geral. Dentro de algum tempo, fecha-se um ano e outro se começa, já em Setembro, mas a ter de ser preparado com a devida antecedência e o maior dos cuidados. Pede-se por isso a necessária serenidade, ainda que saibamos que não é fácil esquecer tanta ferida aberta. Do lado do Ministério, há que olhar com perspicácia estratégica para esta realidade: não estragar, de uma só vez, dois anos de trabalho, este de 2012/2013 e o de 2013/2014. Em cima de uma aguda e gigantesca crise financeira, não se queira alimentar uma destrutiva crise escolar e educativa. Da parte dos Sindicatos, que haja também a dose de calma que, não perdendo a face, ajude a resolver problemas, levando água fria para a mesa dos encontros, de modo a não deixar tudo a escaldar. Sendo difíceis estes pontos de aproximação, é a educação do futuro que tal exige. Pensar o contrário e agir de outra forma pode ser até o meio de dar razão, por estranho que isto possa parecer, a quem só vê a iniciativa privada como porta para aquilo que é preciso construir: um ensino de qualidade para os alunos, com os alunos e pelos alunos. Por entendermos que o Estado, refundado ou como está, se não pode demitir deste seu decisivo papel de motor educativo, aqui deixamos estes recados. Só por isso. Carlos Rodrigues, algures no ano de 2013, in “Notícias de Vouzela

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