quarta-feira, 28 de junho de 2017

Depois da enorme onda de solidariedade nacional ontem vivida a partir do MEO Arena, mais umas palavras, de há dias, para reflectirmos sobre Pedrógão Grande

Meus amigos A tragédia maior em incêndios de que há memória É de dor, de muita dor, que hoje aqui se fala. Impossível seria que tratássemos de outro qualquer assunto, quando o nosso País acabou de viver uma das maiores tragédias da sua história contemporânea em matéria de incêndios e suas consequências. Sessenta e duas vítimas mortais, na altura em que escrevemos estas linhas, mais umas largas dezenas de feridos, fazem-nos pensar seriamente na descomunal dimensão desta tragédia. Não há memória recente de um acontecimento tão devastador como este na nossa sociedade nacional Com as palavras a serem sempre poucas para mostrarem o que nos vai nos corações e sentimentos, duas delas nos vêm à cabeça: PESAR e SOLIDARIEDADE. Curvando-nos perante a memória de quem partiu, enviamos dolorosas condolências aos seus familiares, amigos e respectivas comunidades. Solidarizando-nos com quem se encontra ferido, desejamos a sua rápida recuperação. Importa ainda que aqui registemos uma profunda gratidão a quem, no concelho de Pedrógão Grande e em vários outros dos distrtitos de Leiria, Coimbra e Castelo Branco, combate, tantas vezes com armas desiguais, a fúria dos incêndios, a força traiçoeira dos ventos e os raios fulminantes das trovoadas. Enfrentando ainda uma floresta desordenada, uns territórios fustigados por más políticas públicas de planeamento nacional, umas povoações despovoadas e envelhecidas, uns campos com verdura a menos e árvores a mais, esta gente dos bombeiros e da protecção civil, em geral, merece-nos todo o respeito, gratidão e um público reconhecimento. Outro tanto se diga das fantásticas ondas de solidariedade que nosso país e um pouco por todo o mundo para ali fizeram confluir mensagens e bens. Na tristeza, somos também enormes no apoio que somos capazes de dar a quem tanto sofre. Agora, perante tantos destroços, tanta vida derrubada, tanta desgraça, saibamos dar as mãos e passar à fase de recuperação que se impõe. Se pelos mortos já não podemos fazer mais nada a não ser recordá-los com choro e saudade, cuidemos dos vivos, confortando-os e dando-lhe possíveis novas esperanças, porque o futuro continua a esperar por eles. A noite e o escuro abateram-se sobre aquelas terras na fatídica noite do sábado passado. Que, agora, o sol possa, de novo, iluminar as vidas de quem, resistindo, tem de ir em frente. Força!... Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, 22 de Junho de 2017 NOTA – Depois de este texto ter sido escrito, o número de mortos subiu para 64, incluindo um Bombeiro de Castanheira de Pera e o de feridos passou a barreira dos 200. Feitas estas adendas, o essencial tinha sido dito.

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