quarta-feira, 7 de junho de 2017

Recuperar a confiança perdida. Assim falava eu em 2013, em Setembro, no jornal "Notícias de Vouzela".....

A morte da confiança, o fim dos valores Uma sociedade minada nos seus princípios essenciais é sempre um péssimo sinal dos tempos. Um país que alardeia, na governação, fases de um visível desprezo pela dimensão da confiança, que rasga compromissos de estado com os cidadãos de uma forma tão leviana e ultrajosa, não pode esperar que a felicidade se estampe nos seus concidadãos. Contrariamente a isso, dá azo a que o desencanto, o desânimo e a descrença se apoderem de suas gentes, o que traz consigo sementes de um futuro nada promissor. Sabemos que as finanças continuam pelas ruas da desgraça, que os juros da nossa dívida disparam nos mercados mundiais, mas, temos de o confessar, a culpa do regresso dessa peste deve-se aos políticos que temos, à estúpida crise que alimentaram, à criancice dos seus comportamentos, aos desvarios de suas atitudes de sai-entra, de cai-não-cai, para depois, roendo as unhas, tudo ficar como dantes. Ou pior. Porque sem a credibilidade que, pouca que fosse, ainda ia tendo. Agora, o que é preciso é saber reconquistá-la. Só não sabemos é como. Ainda que falemos em causa própria, o que está a ser feito, em termos de cortes nas pensões do estado, é de uma injustiça a toda a prova, por ser um saque aos bolsos de quem julgava estar perante gente e entidade de bem, o Estado que fizera com os seus funcionários um acordo selado. Nada disso. Agora, com uma argumentação que prima pela demagogia, porque não diz que o mesmo Estado não cumpriu a sua parte, durante anos e anos, gastando o dinheiro de seus funcionários a seu gosto (sendo que, na iniciativa privada, esse desbaratar de verbas que pertenciam à Segurança Social, pelo patronato, era punido criminalmente), logo trata de ir buscar, com efeitos rectroactivos, aquilo que a outros pertence. Triste exemplo. Péssima prática. Para alicerçar a linha de nosso raciocínio, nem sequer nos serviremos de nossas palavras. Aquelas que Ana Sá Lopes escreveu no “I”, no passado dia 16, segunda-feira, falam por nós e dizem muito daquilo que nós quereríamos aqui registar. Fiquemos com ela: “ … Estes reformados nunca viveram acima das suas possibilidades, porque, quando nasceram, não havia «possibilidades». Nasceram num país miserável, onde quase ninguém estudava e os serviços de saúde metiam medo. Foram eles que ajudaram a construir o país mais ou menos decente que ainda temos, enquanto não rebentarem com ele de vez. Solidariedade intergeracional é ter consciência do que lhes devemos e não os tratar como carne para canhão… “. Assinamos por baixo. E estamos em crer que Manuela Ferreira Leite também o faria… Se muitos mais argumentos poderíamos ir buscar, estes chegam, por agora. Contrariando o que dissemos há dias, que estas são horas dos futuros autarcas, não resistimos, porém, (nós que nos revemos, até em matéria de estudos, naquilo que Ana Sá Lopes tão bem escalpelizou, que aproveitamos a vida que Deus nos vai dando para sermos solidários com as instituições e com as pessoas, que não deixámos de erguer, activamente, bandeiras de trabalho em prol dos outros), a alinhavar estes lamentáveis desabafos. Basta de desconsideração. Chega de ofensas à nossa dignidade. Por tudo isto, esperando que os candidatos a autarcas sejam vistos em si mesmos e não como peças de uma qualquer máquina partidária, que nos apetece castigar, forte e feio, neles confiamos a vontade de vermos que os compromissos com o seu povo nunca serão rasgados. Um a um, são pessoas que se apresentam ao eleitorado. Ou, pelo menos, assim pensamos. E é assim que, no dia 29, entendemos as decisões a tomar. Para as “europeias” e para as “legislativas” ficam as amarguras que nos vão na alma, se continuarmos a ver que os valores de nada valem… Não pode o justo pagar pelo pecador…

Sem comentários: