domingo, 25 de junho de 2017

S. Félix, concelho de S. Pedro do Sul, à vista da cidade

S. Félix, uma freguesia de olho na cidade Qual porta de entrada (ou de saída) na Serra do S. Macário, a freguesia de S. Félix, por sinal bem pqeuenina em área, nasce e acorda sempre com a sede do concelho, a cidade de S. Pedro do Sul, ao alcance da vista e a meia dúzia de passos, para aí a uma boa légua de distância. Pelo meio, corre o Rio Sul que divide e une ao mesmo tempo. Ao ir-se na direcção de Castro Daire ou de Sul, conforme o destino que se pretenda, a estrada em causa quase não tem verdadeiras linhas de divisão entre as diversas localidades, aparecendo como que um povoado praticamente contínuo. Mas nada de confusões: S. Pedro é S. Pedro, S. Félix é S. Félix. Assim reza a história, assim o entendem os habitantes de um e outro destes locais. Sem sabermos bem como, esta freguesia espapou aos maremotos de 2012 e 2013 que inundaram uma boa série delas um pouco por todo o lado, fundindo-as com o nome pretensamente airoso de uma qualquer União. Mas do que se tratou, de facto, foi de um “roubo” feito ao nosso povo em termos de lhe subtraírem a verdadeira Junta de proximidade, com ganhos nulos, ou até com prejuízo para as finanças públicas. S. Félix salvou-se dessa peste maligna. E ainda bem. Aliás, a seu tempo, aquando da auscultação dos órgãos autárquicos, a Assembleia Municipal de S. Pedro do Sul foi categórica na rejeição da proposta apresentada em sede da Lei 22, de 12 de Maio de 2012 em que se fala nas possíveis fusões, entendendo que “... A identidade local existe, e é arreigada, especialmente nas comunidades de menor dimensão populacional, que de acordo com os princípios orientadores da reforma em estudo, serão o principal alvo... “. E ainda: “... A extinção de muitas destas freguesias seria uma rude e séria machadada na defesa dos interesses de suas populações, que por este caminho se tornarão cada vez mais periféricas. Esta é uma maneira errada de resolver o desenvolvimento autárquico... “ Aludindo-se também a séculos de vivências e a sentimentos de pertença, não obstante S. Félix não ter aparecido na lista negra, o certo é que ficou mesmo de fora de qualquer União. Desta forma, os lugares do Aido de Cima, Alvarinho, Casal, Casal Bom, Casal de Matos, Casal de Nespereira (sendo de realçar esta abundância de Casais!), Costa, Eiró, Entroncamento, Fontão, Igreja, Loureiro, Mondelos, Mouta, Regadas, Sacados, S. Félix e Vila Nova bem podem orgulhar-se de não dependerem de mais ninguém a não ser da sua velha ligação autárquica de tempos idos, de agora e, cremos, que de futuro. Pelo menos nas épocas mais próximas. Documentalmente, em 1258, nas Inquirições, já consta S. Félix e seu termo com individualidade própria. Constata-se, assim, a sua antiguidade histórica. No Arquivo Distrital de Viseu, há testemunhos que remontam ao ano de 1634 e se prolongam até 1898, com alguns bem mais recentes a poderem também ali ser consultados. E o presente como está? Pode dizer-se que mais ou menos bem, pelo que se augura uma futuro muito aceitável. Curioso é o facto de a sua heráldica ostentar dois ferrinhos musicais e, de imediato, compreendemos o seu alcance e importância: está é terra de muita e boa música, destacando-se o Grupo de Cantares de Lafões – ALAFUM, o Grupo de Cantares de S. Félix e respectiva Associação Cultural e Desportiva. Por isto, o registo destes elementos preponderantes da cultura local assentam que nem uma luva na classificação desta terra. Desportivamente e em equipamentos de lazer, podem referir-se um pequeno campo de futebol e um espaço de convívio, mas não constam equipas activas a assinalar em termos de qualquer prática regular. Com uma localização geográfica estratégica e de bom nível, é natural que por aqui existam diversas actividades económicas para além da tradicional agricultura, sendo de relevar as boas unidades de restauração, hotelaria, outro comércio e serviços e ainda alguma indústria ligeira. Espaço de tradição entre as zonas baixas e as alturas da Serra de S. Macário, as belezas naturais são por aqui uma constante. Com a sua ligação à concessão de pesca do Rio Sul ao Clube de Caça e Pesca de Lafões, desde 2006, esta é uma actividade que por estas bandas tem os seus fãs. Em matéria de festividades religiosas, S. Félix, no primeiro domingo de Agosto, e S. Sebastião, em Janeiro, são os momentos que mais se destacam. À sua escala e dimensão, esta freguesia faz o seu caminho. Pela via da música, tem ido mesmo muito longe. Pudera! Quem tem um ALAFUM tem tudo, ou quase tudo, porque o céu fica lá muito em cima e este Grupo, andando lá por perto, ainda lá não chegou. Mas tem arte e qualidade para continuar a subir bem alto e para distâncias ainda maiores. As suas gentes assim o têm demonstrado. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Lafões”, Junho, 2017

Sem comentários: