sexta-feira, 31 de agosto de 2018

A fusão dos Bombeiros em S. Pedro do Sul...

Fusão de Bombeiros brevemente em S. Pedro do Sul No recuado ano de 1885, nasceu no concelho de S. Pedro do Sul a primeira corporação de Bombeiros, os Voluntários. Começando por umas instalações provisórias, fixou-se posteriormente no actual local para nunca mais dali sair. Ao responder a um apelo do associativismo então em fase de crescimento, curiosamente tinha-se deixado ultrapassar pela Banda Filarmónica Harmonia, que vira a luz do dia vinte anos antes em 1865. Mas apareceu quando pôde e nada mais há a dizer. Durante anos, até 1925, viveu sozinha a Associação dos Bombeiros Voluntários de S. Pedro do Sul, convivendo, ao lado em termos de vizinhança com a de Vouzela, que em Oliveira de Frades este fenómeno só viria a despertar perto dos anos trinta do século passado. Um dia, sabe-se lá como, mas presume-se que por divergências internas, arrancou-se nesta terra sampedrense para mais uma entidade desta mesma natureza: assim, em 2 de Fevereiro de 1925, veio para a rua o Corpo Voluntário de Salvação Pública, instituindo-se como que os bombeiros de cima, mais antigos, e os de baixo, os novatos. Com vidas próprias, lá se foram organizando, como puderam e quiseram, ao longo destas dezenas de anos, muito embora nem sempre tenham sido muito pacíficas as relações entre as duas Corporações. Irmãs nas funções, mas nada de confusões. Pelo meio, despontou ainda, no concelho, uma nova Associação, a de Santa Cruz da Trapa, pelo que, depois desse facto, tudo foi disputado a três. Para o Município, se se vê enriquecido com mais um agente de prestação de serviços de apoio às populações, as dores de cabeça triplicaram: a partir desse momento o bolo tinha se ser repartido por três entidades da mesma área e esfera de actuação. Do mal, o menos. Quis a força do destino que, na sede do concelho, se começassem a esboçar esforços para a criação de um Agrupamento comum de Bombeiros, o que se concretizou, logo em 2010, com a criação dos respectivos estatutos. Agora, fala-se já no seu efectivo lançamento para o próximo mês de Setembro, quase como que uma experiência piloto a nível nacional. Não é virgem, porém, esta tipologia de organizações: temo-las, por exemplo, nas escolas e nos centros de saúde. Mas, diga-se, em abono da verdade, que, nestes casos, nem sempre com aplausos generalizados. Oxalá que, com os Bombeiros, tudo corra pelo melhor. No historial destas duas casas, a de cima e a de baixo, há muito que contar. Entre tantas notícias, reportagens, comentários e opiniões, uma boa fonte, a do cinema, traz-nos um magnífico relato da vida da Associação dos Bombeiros Voluntários de S. Pedro do Sul, relativa a uma festa do dia 1 de Janeiro de 1927. Foi realizador dessa película Artur Costa de Macedo (1894/1966), e, há uns anitos, um nosso conterrâneo de Fataunços, José Alexandre Cardoso Marques, um grande entusiasta e historiador destas artes cinematográficas, presenteou-nos com esta preciosidade, tendo-nos sido permitido ver uma cerimónia de distribuição de dinheiro aos pobres, uma corrida em simulacro de incêndio para acudir a uma casa em chamas, os bombeiros em azáfama pegada a empurrarem um velho carro e até a Banda a tocar pelas ruas da vila. Se estes são dados que enobrecem e enriquecem o nosso património, a verdade é que a história actual nos mostra que tudo isto está em grande aceleração para novas caminhadas como esta do Agrupamento que está prestes a nascer a sério. Oito anos depois de ter sido passado para o papel, agora já com Comandante nomeado, Carlos Matos, com o projecto do novo Quartel comum aprovado, sendo seu autor o Arquitecto Paulo Loureiro, tudo ponta para que este seja um processo irreversível. Num concelho com cerca de 350 quilómetros quadrados e com 16900 habitantes, o que denota uma penosa sangria populacional, ter uns Bombeiros operacionais em meios, em pessoal e em organização, é sempre uma boa aposta. Aponta nesse sentido a criação desta nova estrutura, o citado Agrupamento. Convém não perdermos de vista nem esquecermos que, por mais que, em Lisboa, às vezes assim se não pense nem actue, os Bombeiros foram, são e serão sempre a espinha dorsal de todos os esquemas de protecção civil que se pretendam lançar no terreno. Fugir desta regra é mesmo má política e um desconhecimento da força e dedicação que os nossos Voluntários têm neste mecanismo de apoio às nossas populações. Por tudo isto, este novo passo dado em S. Pedro do Sul pode vir a ser um bom caso de estudo e uma forma de ficarmos a saber que todas as divergências, mais tarde ou mais cedo, pode ser resolvidas a bem do interesse comum. A fusão da Associação dos Bombeiros Voluntários de S. Pedro do Sul com o Corpo Voluntário de Salvação Pública aí está a chegar, em casamento que se saúda e ao qual se deseja longa vida!. Dizem que a boda acontecerá em Setembro. Assim seja. Carlos Rodrigues, in “ Notícias de Lafões”, Agosto, 2018

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