sexta-feira, 26 de abril de 2019

Números das Termas de S. Pedro do Sul

Viagem pelos números nas Termas Falar da idade das Termas de S. Pedro do Sul é um exercício complicado, porque teríamos de recuar muitos, muitos anos, na ordem de milénios. No entanto, em época, não temos quaisquer dificuldades em as situar no período romano, tempos em que atingiram um notável fulgor. Dessa constatação é testemunho o Balneário agora em fase adiantada de reconstrução e recuperação, num empreendimento de vistas largas e que só pecou por tardio. A «villa» do Banho também, em toponímia, nos oferece uma boa prova da sua continuidade até aos tempos de D. Afonso Henriques, a iniciar a primiera dinastia, e da Rainha D. Amélia quase a finalizá-la. Não é, propriamente, hoje de história que vamos falar. O nosso foco vai mais para as estatísticas e para a evolução da sua frequência em aquistas de termalismo clássico e de bem-estar, este a ser uma conquista bem mais dos nossos dias. Sendo o turismo de uma enorme importância na nossa economia, e, naquele, as estâncias termais têm uma certa palavra a dizer, em média nacional cada frequentador destes locais deixa neles, de acordo com Joaquim Antunes ( Turismo de saúde e bem estar, Escola Superior de Tecnologia/Instituto Politécnico de Viseu), 236, 1 euros, em valores de 2007. Indo mais ao pormenor, temos: Moledo – 522 euros; Felgueira – 380; Curia – 324; Monchique – 320; Luso – 305 (... ); TERMAS de S. PEDRO do SUL – 296; mais abaixo, Fadagosa de Nisa – 144; Eirigo – 143; Carvalhal (Castro Daire) – 137; Unhais da Serra – 101; Vale da Mó – 56. Numa outra esfera de análise, em Portugal, 78.9% de quem procura estes sítios, para bem-estar, frequenta os hotéis, cerca de 9 dias, enquanto os aquistas em tratamento ficam na ordem dos 15 dias. Seguindo a mesma fonte, é esta a dimensão dos utentes das várias estância termais nacionais, desde 1998, com 87054 pessoas; 1999 – 83548; 2000 – 85226; 2001 – 91186; 2002 – 95586; 2003 – 91757; 2004 – 89827; 2005 – 85841; 2006 – 80508 e 2007 – 80018. Ao verificar-se uma tendência descrescente, sobretudo nestes dois últimos anos, esta mesma trajectória acentua-se em anos posteriores, tal como podemos ver mais adiante, por exemplo, em concreto no que às nossas Termas se refere. Antes, porém, anotemos alguns tópicos que nos ajudam, talvez, a compreender estas quedas. Sendo este sector, em tempos, apoiado pelo Estado em comparticipações aos tratamentos, mormente desde 1976 a 1982, era natural que essas ajudas contribuíssem para maiores frequências. Acontece que, neste último ano, apenas resistiu a ADSE aos cortes verificados e até este sistema veio também a desaparecer já nos últimos anos deste século XXI. Finalmente, neste mês de Abril de 2019, acabou por ser reposta essa prática até 90 euros por utente para um período mínimo de 12 dias. Se as quebras se não podem explicar tão linearmente, estas achegas são parte dos suportes argumentativos que se podem encontrar. Ainda assim, temos 41 locais com termas, sendo 18 no norte, 19 no centro e 4 mais a sul, incluindo a Grande Lisboa, como nos relata Ália Joana Ferreira Grácio, in “ Turismo termal em S. Pedro do Sul, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 2016”. Indicando que a sua atracção advém, num prisma global, para além dos tratamentos terapêuticos, das diversões, vida social, conforto hoteleiro, clubes e casinos e ainda das belezas naturais e dos equipamentos, constituem-se estes pontos em pólos de desenvolvimento local e regional. Falando das nossas Termas, eis a sua relevância hoteleira, a avaliar por estes números: ano de 2008 – 112 568 dormidas com 20707 hóspedes; 2009 – 124496/20663; 2010 – 117899/ 20414; 2011 – 135448/20832; 2012 – 123475/20206; 2013 – 120010/20323 e 2014 – 136630/20642. Para testemunharmos a referida diminuição do número de frequentadores nestas mesmas Termas, repare-se nestas valores: ano de 2004 – 25237 procuras de termalismo clássico; 2005 – 23375; 2006 – 19281; 2007 – 18135; 2008 – 17017; 2009 – 16650; 2010 – 19182; 2011 – 16345; 2012 – 13117 e 2013 – 12395. Entretanto, no Relatório de Gestão e Contas referente ao ano de 2014, apresentado pela Termalistur ( que foi constituída em 2004), alude-se a estes aquistas: ano de 2011 – 19078, com uma facturação média individual de 251, 88 euros, 2012 – 16567/256.26; 2013 – 14710/260.73; 2014 – 15541/243.66. As diferenças talvez se possam deduzir desta nossa leitura: acima, tínhamos em cima da mesa o “termalismo clássico” e aqui um nível mais geral. Como quer que seja, há um outro factor que nos faz pensar: a diminuição nos gastos por pessoa, como se nota na comparação entre o ano de 2014 e os anteriores. Dito isto tudo e muita mais matéria por aí se encontra onde vemos estampada a vida das Termas de S. Pedro do Sul, a quota de mercado nacional desta estância (Joaquim Antunes) situa-se nos 22.6% e, em número de inscrições, em 28.4%. Com as novas medidas que aí vêm, o futuro mostra um ar ainda mais risonho, mas não se pode dormir à sombra dos louros conquistados, por muito bons que eles sejam – e são-no, de certeza. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Lafões”, 1º trimestre, 2019

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