quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Desigualdades por todo o lado....

Um Portugal continuadamente desigual Somos um país que, infelizmente, ainda não encontrou o caminho da justiça, do equilíbrio social e territorial e de um desenvolvimento à altura dos valores humanos que devem presidir a este nosso destino comum. Com muito caminho feito, é ainda dura e penosa a estrada que temos de percorrer. Não temos apenas a clássica diferença entre o litoral e o interior, o norte e o sul. Em cada local, há sempre dolorosas ilhas que continuam a atormentar-nos, como aquela a que assistimos, há dias, em Lisboa, quando uma jovem mãe, sem-abrigo, se desfez de seu filho, colocando-o num caixote do lixo, mal acabou de nascer. Notícia arrepiante, não nos pode deixar indiferentes. Ao prolongar-se a vida sem vida pelas ruas das nossas cidades, ao deus-dará, sem chão e sem carinho, atiramos gente da nossa gente para estes actos tão trágicos e tão dramáticos, que, aliás, temos de o confessar, nada justifica, nada mesmo. Mas que acontecem, isso acontecem, como se viu. Uma sociedade que não é capaz de responder positivamente a estes dramas não pode, jamais, dizer-se que está de saúde. Está, pelo contrário, doente e bem doente. Quando se atingem estes e outros lamentáveis limites, mais ao fundo se não pode ir. Importa, por isso, que nos mobilizemos todos no sentido de fazer evitar estes desfechos. Na desigualdade das desigualdades, cair-se na rua é o fim de linha. Às entidades com responsabilidades políticas e sociais, pede-se que olhem para estas situações com a urgência e cuidados que merecem. Aos legisladores, solicita-se, fortemente, que se deixem de “casinhos” e “causinhas” e ponham os olhos nestas chagas sociais. Comparado com os atrasos nas obras de pouco mais de um quilómetro de estrada entre as Termas de S. Pedro do Sul e Vouzela, agora em fase de trabalhos, depois de bem mais do que um ano de demoras, omissões e adiamento, o que acabámos de relatar na capital quase que nos faz calar as nossas mágoas por estes “esquecimentos” de um Interior que morre aos bocadinhos. Aquelas ilhas da desgraça interpelam-nos a cada momento e fazem pular de tristeza os nossos corações. Com muitas queixas a fazer, calemo-nos para já e façamos votos para que aquela criança consiga o colo familiar a que tem direito. E mais não dizemos. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Lafões”, 21 Nov 19

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