quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Maior conhecimento do passado aconteceu em Vouzela....

Conhecimento histórico de Lafões revalorizado Jornadas Arqueológicas realizadas em Vouzela mostraram novos mundos Com uma forte componente teórica de muito bom nível, completada com a prática das visitas ao terreno, as Jornadas Arqueológicas de Vouzela-Lafões, que aconteceram nos passados dias 14, 15 e 16, revelaram-se um evento pleno de oportunidade e de transmissão de conhecimentos que, de certa maneira, vieram mesmo alterar muito daquilo que se conhecia até há bem pouco tempo. Fazendo-nos recuar milénios, o nosso passado apareceu assim muito mais distante para trás, como se mostrou, por exemplo, com os achados encontrados em Bispeira, S. João da Serra, Oliveira de Frades, a propósito das escavações feitas em virtude da construção da Barragem de Ribeiradio-Ermida, que nos atiram para o Paleolítico, quando temos andado a falar, até agora, quase só no Neolítico. Foi-se então dos cerca de 10000 anos antes de Cristo até muitos milénios anteriores. Sem que tudo esteja desvendado, por haver datações e outros estudos a fazerem-se, o certo é que temos muito mais idade do que aquela que pensávamos ter. Também a matéria do culto dos mortos, que se associava muito às antas, às sepulturas existentes e a necrópoles já desvendadas, vê-se agora como ponto a rever, porque surgiram novas realidades, como a mamoa do Monte Cavalo, Vouzela, no Alto da Carqueja e outras sítios onde se faziam recordar aqueles que partiram. Por outro lado, numa perspectiva intermunicipal, à nossa escala regional, se trouxeram ali mais luzes sobre o recém inaugurado Balneário Romano das Termas de S. Pedro do Sul, após as obras de restauro e beneficiação. Os intervenientes Numa variedade alargada de temas apresentados, é justo referenciar-se aqui o que ali foi tratado e mostrado, tudo isto inserido no “ Estudo do Património Arqueológico de Vouzela”, 2016/2019, com a direcção de Manuel Luís Real, António Faustino de Carvalho e Catarina Tente. Desta forma, esquematizou-se o trabalho em redor dos Monumentos Funerários Neolíticos e Proto-Históricos, Castros e Romanização, Um Castelo e um Espaço Rural com mais de mil anos, Talhado na Pedra – Minas, Sepulturas e Lagaretas, Tempos Medieviais, Torres e Marcos. Como resultado destas investigações, as Jornadas Arqueológicas espalharam o seu conhecimento pelos Monumentos Dolménicos, a cargo de António Faustino de Carvalho, Pedro Sobral de Carvalho e José Pedro Anastácio; Crónicas de um monumento doente – Primeiros contributos para um diagnóstico de conservação do dólmen de Antelas, Oliveira de Frades – Teresa Rivas Brea, Lara Bacelar Alves, Fernando Carrera Ramirez, Vera Caetano, Massimo Lazzari e Pedro Sobral de Carvalho; As Estruturas tumulares proto-históricas de Vouzela – Pedro Sobral de Carvaho e Autónio Faustino Carvalho; A Mamoa proto-histórica do Monte Cavalo, Vouzela, Telmo Pereira, Alexandre Payá, Joaquim Maçãs e António Faustino Carvalho; O Castro de Baiões e a organização gentílica na Beira Interior – Armando Coelho Ferreira da Silva; Os Povoados do 1º milénio a. C. do concelho de Vouzela – Alexandre Canha; Os Bronzes de Figueiredo das Donas no contexto da metalurgia do bronze final – Elin Figueiredo; O Povoado e fortificação da Senhora do Castelo – Manuel Luís Real, Catarina Tente, Tiago Ramos, Daniel de Melo Branco e Luís André Pereira; O Património arqueológico de Oliveira de Frades – Filipe Soares; Os Banhos romanos de S. Pedro do Sul – Marcelo Mendes Pinto e Pilar Reis; Epigrafia romana no concelho de Vouzela – Armando Redentor. Continuou-se ainda com Arqueologia funerária romana e medieval no concelho de Vouzela – Catarina Tente, Daniel Melo Branco e Ana Beatriz Ferreira; Introdução à arqueologia mineira no concelho de Vouzela – Daniel de Melo Branco, Manuel Luís Real, Luís Andre Pereira e João Rocha; A Organização militar do território de Lafões durante a Alta Idade Média – António Lima, Manuel Luís Real, Daniel de Melo Branco e Alexandre Canha; A Densidade de Templos em Lafões durante os séculos X-XI – Manuel Luís Real e Daniel de Melo Branco; As Escavações no sítio medieval de Lameiros Tapados, Ventosa – Catarina Tente, Tiago Ramos, Catarina Meira, João Veloso, Rita Castro e Gonçalo Jacinto; Os Paços medievais e as casas-torre do concelho de Vouzela – Manuel Luís Real e Daniel de Melo Branco; Os contextos arqueológicos identificados nas escavações do Castêlo e Torres de Alcofra e Cambra – Jorge Adolfo M. Marques; Lagaretas escavadas na rocha de Vouzela – Sílvia Ricardo, Tiago Ramos, Luís André Pereira e João Rocha. Depois desta exaustiva listagem de autores e temáticas, que se justifica pelo mérito que tiveram, digamos ainda que as Jornadas contaram na sua apresentação inicial com a presença do Presidente da Câmara, Rui Ladeira, e da Directora Regional de Cultura do Centro, Suzana Menezes. Houve ainda tempo para a inauguração do núcleo museológico da Torre de Alcofra e da Exposição “ Lafões – Estudo do Património Histórico e Arquelógico de Vouzela”, no Museu Municipal. E para uma outra abertura, no terreno, a da Rota Cultural do Megalitismo de Vouzela e uma visita ao restaurado Balneário Romano das Termas de S. Pedro do Sul. Numa louvável iniciativa, muito se aprendeu e se vivenciou. Honrando-se o admirável contributo de Amorim Girão, Fataunços, que no século XX muito mostrou daquilo que temos, valeu bem a pena ali termos estado. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Lafões”, 21 Nov 19

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