sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Maravilhas nos Arquivos Municipais tais como em Oliveira de Frades

Arquivos municipais em tesouros sem fim Do ano de 1915, descobrimos, no Arquivo Municipal de Oliveira de Frades, uma série de notas que nos enchem a alma de conforto e conhecimento. É para isso que servem estes departamentos do poder local, que ainda não estão suficientemente valorizados, nem estimados, em incúria que se repete, infelizmente, um pouco por todo o lado. - Num dos documentos encontrados, uma simples arreamatação de bens traz-nos carradas de informação. Vejamos o caso em apreço: tratava-se da venda de um prédio urbano, então só com paredes, sem armação nem telhado, localizado no Fundo da Aldeia, limites de Nespereira, a confrontar de nascente com herdeiros de José Lopes da Costa, de norte com Bernardino Ribeiro de Almeida, de poente com o Caminho e do sul com Emília Ludovina da Silva. O estranho desta notícia é que se acrescenta que ali tinham vivido as Freiras do suprimido Convento Nossa Senhora de Campos de Sendelgas, algo que parece um tanto descabido, por serem grande parte destas terras de Santa Cruz de Coimbra, mas que as excepções parecem confirmar. No entanto, uma dúvida ainda a não conseguimos desfazer, porque Nespereiras há bastantes e esta aparece nos Arquivos do concelho de Oliveira de Frades, tudo fazendo crer que essa posse deve ter sido uma realidade. A ver vamos. Decorria esta operação de uma correspondência do Ministério das Finanças – Direcção Geral da Fazenda Pública, no seguimento das Leis da Desarmotização. Inseria-se esta aviso na lista nº 9908. Se for verdade, confirma-se que, já nesses tempos, se assistia a uma espécie de globalização e que não havia limites para as aquisições e respectivas posses e que a Igreja tinha domínios por toda a parte. - Andamos hoje todos preocupados com as dívidas do estado (e, consequentemente, dos municípios) aos cidadãos. Mas em 2015 uma entidade empresarial, a Moagem, Serração e Carpintaria Mecânica – Estância de Madeiras do Bairro do Massorim, Viseu, perguntava à Câmara Municipal de Oliveira de Frades quando é que queria liquidar as contas da obra, presumindo nós, que se referia ao edifício dos Paços do Concelho que tantas dores de cabeça trouxe aos seus promotores. Pedia ainda a entrega do resto da tinta. - A Comissão Concelhia dos Bens Eclesiásticos, em ofício de 30 de Janeiro de 1915, solicita ao Administrador do Concelho cópia dos termos da expropriação dos terrenos dos passais de S. Vicente e de Pinheiro, destinados à construção da linha do Vale do Vouga, por ter de os enviar para a Ex.ma Comissão Central. - Através de um edital da Direcção Geral de Estatística procura-se saber quais os produtores detentores de milho, arroz, feijão, grão de bico, que quantidades produzidas, disponíveis e para venda. - Entretanto, já em 1916, é aprovado um voto de pesar pelo falecimento do ex-Ministro da Justiça, Conselheiro Dr. José Maria Alpoim Cerqueira Borges de Cabral, “ a quem este concelho deve a sua elevação a Comarca, facto que jamais pode ser olvidado”. Que o seu retrato seja colocado no Salão Nobre da Câmara Municipal. Por sua vez, foi decidido autorizar o pagamento aos professores, as rendas de escolas e habitações, o expediente e limpeza, os subsídios à renda das habitações dos docentes, a iluminação nocturna e os seguros dos edifícios escolares. Assim se vê que a matéria das transferências da educação para os municípios não é tema novo, porque, nesses anos, já assim se procedia em níveis até mais fundos, incluindo questões disciplinares e de controle do sistema. Numa variedade bastante dilatada, estas fontes são um manacial de informação de muito interesse e que importa acautelar, de modo o preservarem-se pelos tempos fora. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, 5 Dez 19

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